sete

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um mês depois - Los Angeles

Yara Stoner agradecia imensamente a alguma força divina por ter conseguido atender o celular no exato momento em que ele estava tocando.

Tinha atendido animadamente a ligação, quando percebeu que tinha alguma coisa errada. Skye não estava na linha, mas ela conseguia ouvir tudo o que estava acontecendo e uma segunda voz de fundo.

Yara era inteligente o suficiente para ter conseguido juntar as peças rapidamente e correu até Bauer e Donner, colocando a ligação no viva voz.

Em seguida, todos eles se moveram com urgência, organizando uma equipe tática até o prédio de Skye White. Yara não saberia dizer o que teria acontecido se tivesse chegado um segundo mais tarde.

Agora, no hospital, com seus dois colegas de trabalho, esperava apreensiva por qualquer notícia da amiga.

Não suportaria qualquer perda, e mesmo que não fosse do tipo, rezava para que Sky sobrevivesse.

- Deveríamos avisar ao Morgan? - ela se viu perguntando, levantando a cabeça do ombro de Scott.

- Não - a resposta veio de Donner, séria o bastante para que ela não insistisse mais no assunto.

Estavam ali há quatro horas. Louis McLanner tinha sido capturado, mas não sem antes esfaquear Skye.

A morena ficou em silêncio, voltando a descansar a cabeça no ombro do parceiro, que por vezes, era extremamente irritante com a mesma, mas parecia ter dado uma trégua e estava tolerável.

Podiam até fingir que eram bons amigos, embora Stoner soubesse que eram mais do que isso e dariam a vida um pelo outro, se assim fosse preciso.

- Ela vai ficar bem - Bauer sussurrou, baixo o suficiente para que só ela escutasse. - Não conheço ninguém mais que lutaria contra a morte com tanto afinco e conseguisse mais uma chance.

Yara sorriu.

Ela tinha a mesma definição sobre a amiga, um exemplo de força que jamais pensara que fosse ser capaz de adquirir um dia.

Stoner pensou em responder o parceiro, mas se agitou, afastando-se dele quando o médico retornou. Os três se colocaram de pé imediatamente.

- A cirurgia correu bem - o médico informou, escutando três suspiros de alívio. - Ela acordou agora e chamou por Donner.

Yara e Scott olharam para o mais velho. Ele concordou com um aceno de cabeça e seguiu o médico até o quarto em que Skye estava internada. O Dr, abriu a porta, permitindo a entrada de Donner.

- Ei - White sussurrou, ao avistá-lo passando pela porta. - Você parece péssimo.

- Estou melhor do que você, tenho certeza disso - respondeu, parando ao lado da cama dela.

White deu um sorriso fraco. Não sentia dor, mas tinha plena consciência de que não podia fazer esforço.

- O médico diz que precisa me dar uma notícia, mas que eu preciso ter alguém comigo como apoio emocional ou algo do tipo, então… - ela conseguiu mexer os ombros, assentindo para o segundo presente no quarto. - Doutor?

O homem pareceu ficar sério de repente, como os médicos geralmente sempre ficavam quando precisavam dar uma notícia que eles não queriam, mas fazia parte do trabalho.

Ele aproximou-se o suficiente da cama, cruzando as mãos na frente do corpo.

- Srta. White, eu sinto muito - ele começou, como se fosse algo muito ruim. - Mas dada a gravidade do seu ferimento, nós não conseguimos salvar o bebê.

Skye franziu o cenho, confusa. Não tinha entendido exatamente nada do que o médico tinha informado, então só para esclarecer a mente dela, questionou.

- Desculpe - murmurou. - Bebê?

O médico - que Donner descobriu em uma leitura rápida no lado esquerdo do jaleco que se chamava Todd -, olhou de um para outro.

Quando pareceu que eles realmente estavam verdadeiramente confusos, continuou.

- Ah, você estava grávida - informou. - De oito semanas.

Skye pareceu esquecer como se respirava. Tudo em sua mente girou com a nova informação. Estava grávida e agora não estava mais.

Aparentemente, tinha perdido um bebê que nem sequer sabia que existia.

Ela pensou em Derek, dolorosamente pensou no seu ex, e em como desejou que ele estivesse ali com ela, ao seu lado, sofrendo a mesma perda. Um soluço escapou pelos lábios dela, depois do que pareceu ser um minuto eterno de silêncio.

Involuntariamente, tocou a barriga.
Não. Tudo parecia ser demais, demais, demais, e…

- Skye, por favor, respire.

Era a voz de Donner, mantendo-a no presente. Ele estava tão surpreso quanto ela, mas ainda mantinha a própria respiração e a agente não soube dizer qual tinha sido o momento em que ele tinha entrelaçado sua mão na dela, apertando forte agora, como se soubesse que ela precisava daquilo.

Um bebê.

Ela teria sido mãe, mas até aquilo aquele desgraçado do Louis McLanner tinha tirado dela.

Skye resmungou, soltando um grito em seguida. Não tinha sido um grito alto, apenas o suficiente para conter a sua pequena explosão de ódio contra o mais recente serial killer capturado.
Definitivamente, não graças a ela, tinha certeza disso.

- Pode nos dar licença? - Donner pediu ao médico, que assentiu prontamente, saindo do quarto em seguida.

O mais velho encarou a sua parceira, agora mais calma. Skye tinha um olhar perdido, mas sereno, e tinha soltado a mão dele, sem sentir a necessidade de apertar seus ossos mais.

- Sinto muito - ele começou a dizer, mas ela balançou a cabeça.

- Não, não faça isso - reclamou. - Não quero viver essa dor agora e certamente não quero que você sinta muito, Richie.

Pena era tudo o que ela não precisava naquele momento, mas ela sabia que, se tratando de Richard Donner, era mais solidariedade com o seu caso do que pena dela. Ele não era o tipo de pessoa que fazia aquilo.

- O que você quer fazer agora? - ele questionou, aceitando a condição dela.

Não tocaria no assunto, enquanto ela não estivesse preparada para encarar a situação. Tinha acontecido muita coisa em um curto espaço de tempo. Precisava deixar ela decidir quando sentir as próprias emoções.

- Quem está responsável pelos relatórios oficiais?

- Stoner - ele respondeu.

White assentiu, a pele um pouco pálida demais. Os bipes das máquinas começavam a irritá-la.

- Isso não sai daqui, Richie - disse, após um segundo. - Não quero que ninguém saiba que eu estava grávida e eu sei que você vai guardar esse segredo, não porque eu estou pedindo, mas porque estou te implorando.

Sem controlar as próprias emoções, Skye começou a chorar.

Lágrimas rolavam por seu rosto sem permissão, grossas e quentes, escorrendo por cada lado de suas bochechas. Ela se sentia tão vulnerável e impotente. E como não conseguia controlar o próprio choro, desistiu e chorou tudo o que deveria.

Donner, como se já esperasse por aquela reação, aproximou-se o suficiente para abraçar a mulher, como um pai abraça um filho pequeno, acariciando os fios do cabelo dela, entoando uma canção em uma língua que ela não reconheceu.

- Não direi uma palavra sobre isso - ele prometeu.

Ela achou ter dito “obrigada”, em algum momento, mas não teve certeza.
Devia estar se sentindo aliviada por finalmente ter encerrado o caso e prendido o assassino.

Mas não houve alívio.

Só uma grande sensação esmagadora contra o seu peito de que ela tinha perdido muito mais do que podia contar.

The Other // criminal minds [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora