Prólogo

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Era uma noite fria qualquer no pequeno vilarejo em Avargond, mas não para os ex amantes. O vento forte chocava contra a janela fazendo-a ranger, assustando ainda mais a bebezinha que berrava dentro do cesto de palha, encolhida pelos cobertores quentes.

- Não pode ser, não pode... -mumurou Charles para si mesmo.

Sentou-se na cadeira e esfregou o pescoço olhando para a cesta que guardava o pequeno ser em cima da mesa.

- Por que não acredita em mim? - Grita Eleonor chorando rios de lágrimas - Depois de tudo o que nós passamos... Como se atreve a pensar que eu mentiria?!

Os soluços a impedia de falar, ela caiu de joelhos chorando como uma criança - Talvez mais até que o próprio bebê, que cessou seus berros para observar os prantos de sua mãe.

- Eu... eu não posso ter uma filha. Não agora, não com você! - Seu tom de voz era trêmulo, tamboricava nervosamente os dedos na mesa.

A mulher direcionou os olhos verdes para o homem, levantou-se desajeitada e cambaleou até o seu amado.

- Por que não comigo? - perguntou aproximando-se mais de Charles, pondo a mão em seu rosto e o obrigando a encará-la. Ela Sorriu. - Você me ama e... eu também te amo! Sou a mulher que te fez feliz e olhe para ela...

Apontou para a criança.

- Ela é o fruto do nosso amor. - completou.

Charles desvincilhou-se das mãos de Eleonor e levantou da cadeira. Encarou-a e riu frívolamente. Todas as noites em que buscaram o calor um do outro, todos os beijos e palavras bonitas se foram como folhas ao vento.

- Amor, Eleonor? - Sorria amargamente. - Nunca existiu amor entre nós. Tudo o que fomos e viemos a ser é amantes. - ele suspirou. - Não somos mais que conhecidos agora.

Charles se aproximou de Eleonor e sussurou em seu ouvido:

- Eu nunca, nunca, nunca te amei. -fez questão de dar ênfase em casa palavra amarga dita.

Eleonor petrificou-se. Aquelas palavras doeram em seu mais interno âmago, ela mal pôde ter o singelo prazer de chorar. A mulher encarou Charles, pensava que a notícia de uma filha o faria correr de volta para os seus braços, mas estava errada.

Achou que pertenciam um ao outro, como nas vezes em que lhe dissera isso em seus mais obscenos atos de amor.

Amor.

Essa palavra a destruira.

Os olhos de Eleonor encheram de água, porém, ela não as deixou cair. Limpou o rosto com a palma da mão e jogou os cabelos castanhos que lhe incomodava para trás. Fungou e se recompôs. Pegou a cesta onde estava a criança e acariciou suas bochechas gordas e rosadas.

- Tudo bem.

Ela pegou a criança em seu colo, trazendo seu pequeno corpo para seu peito acolhedor.

- Claro que também não vai se importar quando sua família souber que tem uma filha, mesmo sendo comprometido com outra. - falava indiferente, tomando rumo à porta. Porém, foi detida com a mão desesperada de Charles pressionando seu ombro.

- Espere... Tenho uma proposta a fazer.

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