Capítulo 07 - Maria Eduarda

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Essas últimas semanas têm sido incríveis. Eu e o Bruno nos vemos praticamente todos os dias. Nos fins de semana revezamos ou eu fico na casa dele ou ele vem para minha. Nossos amigos acharam completamente estranho o fato de que eu e ele tínhamos agora um relacionamento já que vivíamos nos alfinetando, a verdade é que ninguém sabia que ele e eu tínhamos feito um acordo que acabou resultando no nosso atual status de relacionamento. Foi tudo acontecendo tão rápido que as vezes até eu me perco nessa história.

— Amor, vem logo para cama. Você já não acha que trabalha demais não? – Bruno falava isso enquanto estava deitado só de cueca.

— Desculpa mais eu não sou rica que nem você. Eu preciso trabalhar – ele odiava quando eu brincava com ele sobre isso.

— Eu não sou rico. Eu trabalho também, mais não tanto quanto você.

— Bruno, deixa de ser chorão. É por isso que eu prefiro quando você vai para minha casa. Lá você não fica insistindo para eu faltar meu emprego.

— Lá tem o mala do seu irmão, nem podemos ficar a vontade, tipo andar nus pela casa – fico olhando para aquela cara de safado dele enquanto escovo meus cabelos e aplico uma maquiagem leve.

Vou até a cama e lhe dou um beijo rápido, eu sei que se não for logo vou acabar cedendo e passando a manhã com ele. O Bruno é um engenheiro de sucesso mais eu sei que a família dele nada em dinheiro, ele não gosta de ostentar, tem um apartamento na medida, um carro legal, uma moto e só. A única coisa que ele comprou com a ajuda dos pais foi esse apartamento logo que ele terminou a faculdade. Tudo isso eu descobri durante esse tempo que estamos juntos, na verdade eu nunca reparei nessas coisas, tudo que eu sabia era sobre a viagem da Austrália. Ultimamente ele tem insistido para que eu conheça a sua família. Fico nervosa só em pensar nisso. E se os pais deles não gostarem de mim? Me acharem uma pobretona sem classe que não merece namorar o filho deles? Eu sei, eu estou exagerando mais pelo amor de Deus, eu vi fotos dos pais dele nas colunas sociais, eles não importantes sim. Entrei em pânico quando descobri quem eram, nunca me liguei nesse lance de sobrenome mais depois que vi foi que a minha ficha caiu, Catarina e Carlos Alberto Gouveia faziam parte da nata da sociedade, sempre envolvidos em bailes beneficente, jantares de arrecadação de fundos, Lorenzo, meu chefe, sempre mandava um fotografo cobrir esses eventos. Apesar disso, Bruno é uma pessoa muito simples, então nunca desconfiei de nada.

Sendo assim, eu procuro adiar o máximo que posso esse momento. Ele vai acabar esquecendo e por hora isso é tudo que eu quero. Lorenzo, o editor-chefe da revista em que atualmente trabalho, solicitou uma reunião comigo hoje no período da tarde. Já fico nervosa, eu sempre fico, quando algo assim acontece. Já faz alguns anos que comecei a trabalhar na "Attitude", inicialmente como freelance cobrindo matérias na área da saúde e bem-estar. Acabei conquistando uma vaga quando uma das jornalistas mais antigas se aposentou, desde então acompanho esse mundo mesclando tanto na medicina tradicional passando pela medicina alternativa.

A manhã passa voando e depois do almoço já começo a me preparar psicologicamente para essa reunião, mesmo convivendo com o meu chefe por tanto tempo ainda me sinto intimidada quando preciso falar diretamente com ele. Por volta das 14:00 recebo uma ligação da sua secretaria informando que ele já me aguardava, sinto um aperto no peito mais me levanto para ir, um andar confiante mais por dentro me tremendo toda. Bato na sua porta e peço licença. Ele está sentado na sua mesa, com um olhar sério, mais sorri assim que me vê.

— Eduarda, vou direto ao ponto, tenho ótimas notícias para você.

— Tem? – Caramba nem deu tempo de me sentar direito.

— Tenho sim. É o seguinte, a revista irá cobrir um festival de vinhos, artes e música que vai acontecer em Florianópolis e eu quero que você vá. Eu sei que a sua área não é essa, aliás, as suas matérias hoje são totalmente o oposto disso mais estamos entrando em uma nova fase aqui na Attitude, a revista precisa se reinventar de alguma forma, então precisamos ver outros nichos e outras formas de conteúdo, sendo assim, quero começar com alguém que é experiente como jornalista mais ao mesmo tempo vai poder se redescobrir dentro da sua profissão. E então o que você acha?

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