14. Escolhas do passado

421 71 110
                                    

TRINTA ANOS ATRÁS

- Ela não é linda?

- É o bebê mais lindo que eu já vi, e com certeza, será a rainha mais linda também.

- Isso não vai acontecer, você sabe que não pode acontecer.

- Lilith... - O senhor das trevas pegou a pequena criança de seu colo. - Eu quero que esse bebê governe o submundo.

- Caim está forte, se ele souber dessa criança, pode matá-la à qualquer momento.

- Chaeyoung crescerá e ficará forte também. - Ele brincava com o bebê que nem abria os olhos ainda.

- Você sabe muito bem que ele tem o poder de matar tanto eu quanto você, e tê-la aqui, significa colocar tudo em risco.

- Você abandonou ele, queria o que? Um muito obrigado? Se ele vier até aqui, estarei esperando com todas as minhas forças.

- Eu preciso proteger ela. - Lilith pegou de volta a criança.

- E o que você vai fazer? - Disse bravo.

- Vou levá-la até o mundo dos humanos, assim eles vão cuidar dela, e Caim nunca saberá que tem uma irmã.

- Mas assim ela não poderá governar o reino das trevas!

- Ela vai levar uma vida normal, Lúcifer. - A mulher embrulhou a pequena em um pano bordado com seu nome. - Ela vai crescer e ser uma mulher normal, e se um dia Caim descobrir a verdade, eu estarei lá para protegê-la.

- Se você fizer isso, não vai poder dizer à ela a verdade, a menos que ela descubra.

- Vou fazer o que for preciso, mudar o destino, matar pessoas, não importa o que seja, Caim não tocará um dedo na minha filha.

- Ela não vai te amar Lilith, e seu amor por ela vai ter acabado.

- Nada disso importa. - Semicerrou os olhos. - E você precisa me dar a sua palavra que não dirá nada à ela, nem que se meterá em sua vida.

- Se Caim for até ela, acha mesmo que não vou fazer nada?

- Eu não quero que ela saiba sobre nada disso, porque ela não poderá escolher.

- Você vai se arrepender dessa escolha, Lilith. - Ele dizia enquanto a mulher se afastava.

- Se ele me quer, que venha me pegar, mas não vai encostar um dedo na minha filha. - Sem olhar para trás, ela atravessou o portal entre dois mundos.

[...]

Agora andando em uma cidade desconhecida, com a única intenção de deixar aquela pequena criança em alguma casa em que ela poderia ser encontrada.

[...]

Enquanto caminhava rapidamente pela calçada, Lilith tomou forma do primeiro corpo que encontrou, e andando mais um pouco, se esbarrou em outra moça que passava ali com um carrinho de bebê, era tarde da noite, e os rostos eram difíceis de se enxergar, mas tudo o que Lilith pôde ver, era que assim como no bordado de sua pequena, havia uma inicial de um nome, na qual estava escrito a letra "M" junto ao bebê no carrinho.

Caminhando mais um pouco, ela viu uma casa, e que através da janela, uma mulher chorava nos braços do marido, Lilith então pensou que aquele seria o lugar perfeito, quando usou sua forte audição para ouvir a conversa dos dois, onde a mulher se lamentava por ter dado a luz à uma criança morta.

Se aproximou da porta, e com um beijo na testa da pequena, a abraçou pela última vez.

- Eu estarei sempre com você. - Ela sorriu. - Em cada pensamento, em cada escolha de decisão que tomar, em cada perigo, eu estarei sempre lá, desde o começo, até o fim. - Segurou sua tão pequena mãozinha. - Adeus, minha pequena Chaeyoung. - Deixou com cuidado o bebê no chão, e tocou a campainha, se afastando agora para olhar de longe.

Dessa forma, quando o senhor e a senhora Son apareceram na porta, Lilith viu a incompreensão dos dois naquele momento, mas viu também em seus olhares, que cuidariam bem da pequena.

Mas a maior certeza que Lilith tinha, era que todas as decisões que Chaeyoung tomasse durante toda a sua vida, levaria ela à esse momento de hoje.

ATUALMENTE

POV MINA

- Aonde eu estou? - Chaeyoung abria os olhos lentamente.

- Está no hospital. - Me levantei para deitar ao seu lado.

- Lilith, eu preciso vê-la! - Tentou se levantar, mas seu corpo estava mole.

- Ela está morta. - Toquei em seu rosto lentamente.

- E Sana? - Ela gelou por alguns segundos.

- Sana também. - Me contive para não derramar mais lágrimas.

- Há quanto tempo eu dormi, Mina?

- Um mês. - Acariciei seu rosto devagar. - Nós conseguimos. - Depositei um beijo em seus lábios. - Lilith cumpriu com sua parte, Irene confessou ter atropelado Jeongyeon, e nós estamos livres.

- O que? Isso é sério? - Ela me olhou espantada. - Eu não consigo acreditar!

- Falei com Irene, ela disse que iria cumprir a pena, era o que Jihyo iria querer se estivesse aqui.

- Eu não acredito que conseguimos. - Chaeyoung me abraçou com toda a sua força, e chorou tão baixinho, que só meus ouvidos poderiam ouvir.

- Todas essas pessoas... - Sequei suas lágrimas com minhas mãos. - Deram a vida por nós.

- Eu não queria que fosse assim, Mina.

- Eu sei. - Me levantei. - O que Lilith te mostrou, que te fez desmaiar?

- Ela me mostrou o passado. - Chaeyoung segurou minhas mãos.

- Eu sou realmente, a filha das trevas. - Me olhava séria. - E tudo o que eu fiz até hoje, foi por influência dela.

- O que isso quer dizer? - Me afastei.

- Quero dizer, Mina, que talvez, Lilith tenha forçado tudo isso, desde que nos conhecemos, para acabar com Caim.

- Então quer dizer que você não me ama? Que tudo isso foi uma farsa? Uma enganação?

- Ei! - Ela tentou se levantar com dificuldades. - O que eu sinto por você é verdadeiro, é o que eu nunca senti por ninguém.

- Isso explica o fato de você nunca ter ficado com outra pessoa além de mim, ela quis assim!

- Mina, me escuta! - Sua tentativa de me acalmar me deixava mais nervosa ainda. - Se tudo isso foi armação dela, então eu agradeço por ter me colocado na sua vida!

- Você agradece? - Já não estava mais acreditando naquilo tudo. - Eu perdi minha melhor amiga por sua causa! Chaeyoung! Por tudo o que aquela vagabunda fez, eu perdi quem eu amava! E você também perdeu!! Ela tirou isso de você, e de mim! Então não venha me falar que foi bom isso ter acontecido!

- Amor, não fala isso, por favor...

- Tudo faz sentido agora Chaeyoung, mas que caralhos! Não precisa ser inteligente pra entender que ela armou tudo, e sabe o mais estúpido? É eu achar que estamos juntas pelo destino, isso não é destino, aquele monstro colocou você no meu caminho, ela foi atrás da Sana pra me tirar da cadeia, e começar tudo, nada é por acaso, nada!! - Peguei meu casaco o vestindo, já estava esgotada e não aguentava mais ficar naquela sala com todos esses pensamentos.

- O que você quer dizer com isso?? - Ela me olhava com os olhos marejados. - Você vai me deixar?

- Olha... - Abaixei o tom de voz. - Eu sei que a culpa disso tudo não é sua, e que você não sabia de nada. - Coloquei a mão na maçaneta da porta. - Mas eu não consigo conviver com esse fato de que eu fui enganada, e que tudo o que aconteceu nesses últimos cinco anos, talvez não fosse escolha sua, e sim influência daquela maldita mulher. - Eu não conseguia nem olhar em seus olhos. - Eu sinto muito, Chaeyoung.

TRICK IT - 2ª Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora