21. Uma nova mulher

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DEZ ANOS DEPOIS

POV MINA

- Me deixa ver. - Bati no vidro esperando que ela mostrasse.

- Aqui. - Irene virou sua mão, e em seu dedo, carregava um anel de papal.

- Vai me dizer que foi você quem fez? - Nos comunicávamos através de um telefone.

- Foi a Seulgi. - Ela estava mais feliz do que eu poderia imaginar. - Nos casamos ontem... Bem... Não é legalizado como queríamos, mas é uma prova viva do nosso amor.

- Isso é lindo. - Estava feliz por ela. - Kang vai sair amanhã?

- Sim, a pena dela acabou, e eu estou um pouco inquieta, acho que vou me sentir sozinha aqui pinguim.

- Não precisa se sentir sozinha, você sabe que pode me ligar todos os dias.

- Você é muito ocupada, e agora, vai ser mais ainda.

- Ei! - Coloquei minha mão no vidro. - Eu não vou te abandonar nunca!

- Eu sei que não. - Sorriu fazendo o mesmo gesto com a mão, e mesmo que houvesse um vidro separando elas, sabíamos que podíamos confiar uma na outra. - Seulgi disse que vai esperar por mim, o que fez eu me sentir péssima, porque eu não esperei por ela quando eu saí.

- Você viveu a sua vida, não tem nada de errado nisso.

- Tem razão Pinguim. - Confirmou com a cabeça. - Você vai lá hoje?

- Sim. - Assenti. - Quer que eu leve pra você?

- Quero sim. - Irene abaixou a cabeça, parecia reflexiva. - Jihyo vai gostar.

- Pode deixar. - Olhei para o relógio ao lado. - Nosso tempo está acabando.

- Obrigada por ter vindo Mina. - Por mais que Irene estivesse feliz em me ver, eu conseguia sentir que ela não estava tão feliz, estava dez anos presa, e teria que cumprir mais cinco, eu sabia como aquele lugar era ruim, e como me fazia sentir.

- Nos vemos no mês que vem?

- Sim. - Ela sorriu fraca.

- Irene... - Chamei sua atenção. - Você ainda está usando aquelas porcarias? - Percebi uma certa inquietação da mesma, que se negou à me responder. - Achei que tivesse se livrado disso.

- Essas "porcarias" - Fez aspas com os dedos. - É o que vai me ajudar à ficar bem aqui quando o meu ursinho sair.

- Isso só vai te matar aos poucos, você sabe né?

- O amor também mata a gente aos poucos. - Soltou um sorriso forçado. - E todo mundo usa essa droga.

Não havia nada que eu pudesse dizer ou fazer para ajudá-la, eu apenas esperava que ela caísse na real, e parasse com tudo aquilo.

- Espero te ver bem no próximo mês.

- Obrigada pelo seu otimismo, Pinguim. - Colocou o telefone de volta no gancho, fez um sinal com o dedo indicador na testa, como uma forma de se despedir, e se levantou da cadeira, saindo da sala de visitas, sem que eu pudesse dizer mais nenhuma palavra.


MAIS TARDE

- Irene pediu que eu colocasse um buquê na lápide de Jihyo... Assim como todos os anos no dia de sua morte, e na verdade, eu sempre vou lá colocar o buquê pra ela, e nunca passo aqui, o que é estranho, eu sei, parece tão difícil pra mim, entende? Jihyo não era bem uma amiga, eu nunca a conheci tão bem como Irene, mas mesmo assim, ela se sacrificou por mim, por todas nós, passou por coisas tão cruéis, e escondeu um segredo tão grande pra me proteger. Ela sempre teve um coração bom, e eu nunca pude agradecê-la por isso. - Tirei minha bolsa do ombro, e me sentei no gramado. - Eu acho que não conseguia vir te visitar porque sempre me senti culpada, sinto que traí sua confiança, e também sinto que você me olha todos os dias com a cara de quem quer me matar... Tanto tempo depois, e eu ainda penso "O que a Sana iria dizer agora?" - Coloquei uma rosa na lápide, enquanto observava o nome de Sana cravado no mármore. - Eu sinto que você tá comigo em todos os momentos da minha vida Sannie... Dahyun está bem, ela se casou de novo, e seus filhos são lindos... Ela e o marido estão morando em Anyang, então faz muito tempo que eu não os vejo. - Estava com os olhos marejados. - Será que você vai me perdoar um dia? Bem... Acho que as pessoas boas vão para o céu, então espero que você esteja no céu me perdoando, porque se não estiver aí... Eu teria que pedir à Chaeyoung pra descer até o inferno e te trazer de volta, o que seria um pouco incoveniente, porque... Estamos separadas há dez anos, e... Ela está com outra pessoa agora, então... Continue aí no céu me perdoando, tá bom? - Olhei para cima, quando o sol adentrava em meus olhos. - Me perdoa por não ter sido uma amiga perfeita, por deixar que você se sacrificasse por mim, e por não ter conseguido te salvar quando você mais precisou. - Sequei as lágrimas que escorriam pelo meu rosto. - Você vai ser sempre o meu tchan. - Em um gesto delicado, toquei minha mão direita em meus lábios, o levando até a lápide, como um ato de carinho. - Eu sei que você gostava de ser carinhosa... E de beijos... - Me levantei pegando a bolsa. - Espero te reencontrar novamente.

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⏰ Última atualização: Jul 08, 2021 ⏰

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