10. A garota do avião

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POV CHAEYOUNG

Com as mãos firmes e um olhar que transmitia medo, era assim que Mina tocou a maçaneta daquela imensa porta, a abrindo no mesmo instante em que eu agarrei sua outra mão. Assim que colocou seu pé direito dentro do local, me puxou para que eu a seguisse, mas consequentemente, algo me incomodava no momento.

- Espere!! - Puxei Mina para fora novamente. 

- O que foi Chae? 

Uma ardência incomum naquele mesmo dia se fez presente novamente em meu braço direito. Podia sentir a marca como se estivesse pegando fogo em meu próprio corpo, onde se estendia pelos meus tendões, foi quando tapei rapidamente o local com a outra mão, já que o mesmo estava começando a queimar a manga da blusa.

- Chaeyoung o que está acontecendo? - Mina tentou manter contato físico quando colocou sua mão em meu ombro.

- Vai sem mim, eu fico aqui.

- Não, você está maluca? O que eu faço lá? 

- Se encontrar Caim, siga nosso plano. - Ahh sim, "O plano".

- Amor, tem certeza de que está bem? 

- Sim, por favor, não se preocupe. - Como ela poderia não se preocupar? Eu estava marcada pelo Lúcifer e Mina não fazia idéia.

- Tudo bem então. - Segurou forte minha nuca se despedindo com um beijo em meus lábios, e logo em seguida se virou passando pela porta daquele local sagrado.

Mas é claro, como eu não poderia pensar nisso? A marca do diabo não dá acesso às portas do céu.

Me sentei naquela escada de frente para uma fonte desligada que ficava ali na calçada, e tudo o que conseguia pensar, era em como a marca de Caim teria parado de arder assim que coloquei os pés para fora novamente. 

Então... Não pode ser, se a marca queima minha pele, Caim não poderia estar lá dentro. 

Bati as mãos na cabeça naquele mesmo instante pensando na burrada que havíamos feito. 

- Isso pode ser uma armadilha. - Me levantei rapidamente despejando um pouco o olhar por dentro do local já que Mina havia deixado a porta aberta. - Mina!!! Volte, Acho que ele não está aí!! - Toquei a maçaneta dessa vez e a marca ardeu novamente como uma brasa quente perfurando minha pele. - Que droga!! - Tapei o local que agora parava de arder assim que me afastei. - Amor?? Está me ouvindo? - Tentei aumentar o tom de voz, e mesmo com o eco que fazia por dentro, não era possível ouvir a voz de Mina sequer me respondendo. - Isso é inútil!!

- Sim, você tem razão. - Uma voz masculina soou pelas minhas costas.

Pensei naquele momento em quem poderia ser, claro que em uma ocasião tão desagradável, alguém como ele poderia aparecer, mas eu estava errada. 

- Quem é você? - Disse assim que me virei.

- Sou um velho amigo da sua mãe. - O rapaz se aproximou lentamente, trazendo consigo um ar deprimido e assombroso, o mesmo que Lilith. - Fiquei sabendo que agora carrega a minha marca.

- Você é Caim? - Puta merda, mas antes eu do que Mina.

- Vejo que já ouviu falar sobre mim. - O rapaz sorriu em um tom debochado, e olhou fixamente para a marca em meu braço, que já havia queimado a manga por inteiro. 

- Chaeyoung eu não achei o- Mina paralisou perante a porta assim que viu aquele rapaz alto e moreno tão próximo de mim. - O que tá acontecendo aqui?

- Amor não se aproxime! - Estiquei o braço para que Mina ficasse no lugar. - Fique aonde está!!

- Que bonitinho. - Ele sorriu. - Pena que não vai durar para sempre. 

Na mesma hora em que voltei meu olhar para ele, senti um objeto metálico se encontrar bruscamente com meu rosto, sem tempo algum para que eu pudesse me defender. 

POV SANA

- Eu sinto muito por não ter mantido contato, ainda me culpo por não termos sido próximas antes Park... Você parecia ser alguém que tinha muito para ensinar ainda. - Dizia enquanto cariciava aqueles cabelos dourados e macios.

- Você sabe que ela não pode te ouvir, não sabe Minatozaki? - O médico me olhava fixamente do outro lado da cama do hospital.

- Só queria que ela soubesse o quanto as outras meninas a consideravam. - Segurei as mãos frias da moça e me ajoelhei naquele mesmo lugar. - Eu não te conhecia o suficiente pra chorar por você, mas você protegeu as pessoas que eu amo, e eu te agradeço por isso, Park Jihyo. 

- Não! Eu quero vê-la!! - Ouvimos alguns gritos desesperados vindos do corredor. - Me solta seu merdinha, eu preciso ver minha namorada!! - Era a voz de Irene.

- Senhora se acalme, você não pode entrar!!

Me levantei rapidamente do chão e fui direto até a porta me deparando com a imagem de Bae Joo-hyun se atracando com os enfermeiros no corredor completamente descabelada. 

- Me solta, eu preciso ver a Jihyo!! - Ela se debatia quando foi ameaçada de ser expulsa por um deles.

- Ei!! Solta ela, está comigo! - Fui rapidamente na direção daquela patifaria puxando Irene para o meu lado. - Ela é parente da paciente, aonde estão seus modos?

- D-Desculpe detetive. - O rapaz disse assim que percebeu meu distintivo na cintura. 

- Obrigada por isso Sana. - Irene me olhou profundamente nos olhos nos quais estavam borrados de maquiagem, e que parecia ter chorado a noite inteira. - Eu estou à meia hora lá fora tentando falar com ela mas não me deixavam, queriam que eu passasse pelos exames primeiro. 

- Exames? Espera, você estava no vôo??

- Sim. - Ela confirmou. - É uma longa história. - Secou as lágrimas. - Onde ela está? 

Apontei para a sala ao lado e Bae correu para vê-la no mesmo instante.

Um choro alto e sofrido foi ouvido do corredor alguns segundos depois, e logo em seguida a voz do médico dizendo as seguintes palavras para Irene; "Fizemos tudo o que podíamos, mas seus ferimentos na cabeça eram graves demais e ela não resistiu".

Continuei parada olhando para a janela do quarto quando o médico se permitiu sair deixando com que as duas tivessem seu momento fechando a  porta. De fora era possível ver o sofrimento de Irene e o quanto aquelas lágrimas queimavam em seu rosto. Perder alguém amado parecia doer mais do que perder um membro, e eu pude ver no momento, que Bae a amava mais do que tudo. 

- Eu não acredito que a conheci antes disso tudo. - Daniel se aproximou parando de frente para aquela imagem de sofrimento que cobria meus olhos no momento. - Queria poder ter a chance de ao menos ter conhecido ela melhor.

- Não diga isso, meu coração dói de não ter o poder de ressucitar mais ninguém. - Disse em um tom de voz baixo.

- O que disse? - Ele me encarou.

- Disse que meu coração dói de não poder ajudar mais ninguém... Sabe... Não podemos impedir ninguém de morrer. - Tentei mudar de assunto. 

- Eu acho que me apaixonei por ela... - Ele retirou alguns feijões coloridos do bolso e os encarou. - Acho que vou me lembrar dela como a minha garota do avião.

TRICK IT - 2ª Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora