"Sr. Fresco"

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Em uma tarde em particular, um clima ameno e um pouco mais morno banhava a Província de Miyagi, um verdadeiro contraste com o resto da semana, a qual havia apresentado condições mais "friorentas". Em uma casa situada nas colinas e longe do centro comercial, um menino se encontrava sozinho na sala de estar; sua mãe e irmã mais nova iriam chegar a qualquer momento, visto que a noite logo cairia. A casa estava aconchegante e tranquila, o que tornava a única conversa que ocorria ali, mais segura e privativa.

— ... Parece que você está passando por muitos problemas, Shouyou. — a voz de Kenma Kozume adentrou o ouvido de Hinata através do telefone fixo da casa. Normalmente, o tom do loiro sairia parcialmente contido e discreto, isso se a pessoa com quem conversava não se tratasse do amigo alaranjado.

Hinata, numa atitude rara e que, aos poucos, ia surpreendendo mais e mais o levantador do Nekoma, suspirou. Estava acomodado/esparramado no sofá da sala de estar, e fazia uns bons minutos que ele e Kenma estavam conversando.

Shouyou achou que falar com Kenma sobre tudo que estava acontecendo foi a melhor ideia que teve nas últimas semanas. Ele e o Kozume haviam criado um laço de amizade rápido e um tanto curioso, visto que o garoto de cabelos bicolores era alguém calado e reservado. No entanto, Hinata nunca havia tido problemas em se aproximar e fazer amizade com pessoas mais "na delas"; e, no fim, saía da história com um novo e ótimo amigo.

Havia mandado mensagens para Kenma mais cedo, e se surpreendeu com a iniciativa do outro em perguntar se podiam se falar por ligação. O esperto e analítico levantador do Nekoma certamente tinha percebido que aquele não era um assunto para se trocar por mensagens, e, uma vez que não podiam se encontrar cara a cara por conta da distância em que se encontravam — Tóquio não era um lugar para onde Hinata poderia ir de bicicleta, afinal —, ligações, por hora, teriam que servir.

De toda forma, o pequeno "corvo" de Karasuno havia se surpreendido positivamente com a atitude do outro; Kenma realmente tinha ficado um pouco preocupado consigo.

— Nem me fale... — os dedos do pé do ruivo moviam-se numa dança confusa, revelando seu nervosismo ao relembrar da atual situação em que se encontrava. — Quando acho que não pode ficar pior, algo muito maior acontece e me deixa mais... desanimado. — fechou os olhos em martírio. — Principalmente depois do que vi no mercado, ontem...

— O beijo do Iwaizumi e do Kageyama?

— ... É. — o alaranjado desviou para a mão livre sobre o colo, como se, mesmo pelo telefone, pudesse se esconder dos olhos-amarelos e sensitivos de Kenma. — O problema é que eu não sei mais o que fazer. — se frustrou. — Me sinto tão estranho, tão... cabisbaixo. Tenho até mesmo deixado o vôlei de lado, o que está me enlouquecendo.

Conseguiu sentir a surpresa do Kozume do outro lado.

— Isso... parece grave. — ele observou, um tanto desnorteado.

Hinata acenou.

— Sim. Até o ânimo que Sugawara-san me passou em nossa última conversa parece ter evaporado. Está tudo péssimo. — esmoreceu.

O silêncio na outra linha denunciou que o levantador estava pensando um pouco. Logo, não demorou para a voz plácida e, dessa vez, mais segura de Kenma voltar a soar:

— Sabe, Shouyou... eu também passei por uns problemas recentemente, como já tinha mencionado para você...

— Ah, aquela história de todo mundo ter achado que você e o Akaashi-san estavam namorando? — se interessou.

Conseguiu imaginar perfeitamente o loiro engolindo em desgosto e amargura.

— ... Isso. Bem... as coisas foram bastante complicadas, e muita confusão aconteceu até que o mal-entendido fosse desfeito. — informou. — Mas acho que, acima de tudo, o que agravou toda a situação foi a falta de comunicação. Com ela, as coisas teriam se resolvido antes mesmo de começarem, e eu e o Akaashi não teríamos tido problemas com Kuroo e o Bokuto-san.

A FarsaOnde histórias criam vida. Descubra agora