Akashi

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Tatsumi seguia correndo para a cabana de Handvar, ele tinha que apresentar aquele diário para seus mestres. Apenas eles poderiam lhe dizer o que o norte poderia estar tramando com Bloodscythe.

ENQUANTO ISSO NA CABANA DE HANDVAR

Akashi bateu na porta da cabana de Handvar, e foi recebido com Battousai escovando seus dentes com uma feição sonolenta.
_Eu esperava que fosse maior... Ó grande retalhador! – Disse Akashi analisando Battousai de cabeça aos pés.
_Cara... Eu nem sei quem você é, por mim você saia daqui o mais rápido possível... E eu tô com sono. Seus pais não te ensinaram a nunca incomodar os outros as seis da manhã não? – Perguntou Battousai fechando a porta na frente de Akashi.
_Opa, opa, opa... – Akashi colocou a ponta de seu pé na trajetória da porta, deixando a porta um pouco aberta para continuar a conversa. – Olha cara, eu amo lutar, tenho um tesão nisso. E você foi a luz do meu caminho por muito tempo... Eu adoraria lutar com você e por aí vai... Mas eu só quero saber aonde o cem feras está. E aí vou embora... Simples assim.
Battousai se assustou com o que aquele homem desconhecido havia falado. Ele sabia que aquele homem foi enviado por alguém para matar algum dos três. Battousai abriu completamente a porta e encarou o homem diretamente nos olhos.
_Eu também estava caçando ele. Mas desisti no meio do caminho... Numa te mandou? Ele era o único que sabia aonde possivelmente eu estaria... Mas já de passaram tantos dias.
_Ae cara, eu sei que você é um dos grandes e blá blá blá... Mas você está só facilitando as coisas para mim. Me dando mais e mais motivos para lutar aqui com você... Eu vou te mandar a real aqui e agora. Minha missão e assassinar o anão que se finge de cadeirante que você protege aqui, se eu matar você... Será apenas um bônus para o Numa que odeia coisas velhas... A é, estava quase esquecendo de pegar a Bloodscythe também. Eu sabia que deveria ter anotado isso em alguma folha. Mas ainda bem que eu lembrei.
_Você é burro ou o que? Talvez seu orgulho seja maior de que seu cérebro... Numa me mandou aqui para fazer quase a mesma missão que você, mas eu fiquei com preguiça de fazer o que ele pediu e me fiquei aqui... Mas você não está com preguiça? Está? – Battousai se preparava para uma batalha, ele calculava rotas de fuga para Handvar que escutava toda a conversa debaixo de sua cama. E ainda se preocupava com Tatsumi, rezando para que o mesmo não aparecesse na hora errada.
_Eu te estudei por fodendo cinco anos. Procurando por qualquer livro que tivesse seu nome lá... Eu sei quem você é e o que já fez, sei como você luta, como se barbeia, eu pesquisei todas as suas fraquezas e vantagens. Demorou, mas eu planejei a luta perfeita na minha mente, tinha dias que eu saia da cama por causa de você! Eu me masturbava pensando neste exato momento. Eu me alimentava para sobreviver até hoje, eu treinava até meus ossos rangerem e meus músculos rasgassem. Tudo para chegar aqui! Nesta merda de momento que é a razão da minha vida! Se você não for o suficiente, eu mato o moleque que você treinou por todo esse tempo! Eu mato ele na sua frente porra!!!
_Mais um fã revoltado... – Resmungou Battousai limpando sua testa com a costa das mãos coberta por uma fina camada de neve.
Battousai golpeou o rosto de Akashi com um potente soco que desestabilizou o homem misterioso. Akashi sangrava fortemente pelo nariz que foi o alvo do soco, o simples golpe fez Akashi voar como uma boneca de palha para longe. Parando apenas quando colidiu com as costas em um pinheiro.
_Isso! Era isso que eu esperava de você! Eu não sinto essa adrenalina desde minha luta com a número dois, aquela mulher era impossível de cortar. Que soco magnífico!!! Valeu a pena caçar você! – Gritou Akashi assoando seu nariz coberto de seu próprio sangue.
Battousai sacou suas espadas e esperou pelo próximo movimento de Akashi. Handvar saiu de baixo da cama e correu até a cozinha, ele pegou uma garrafa cheia de algo inflamável e a derramou por toda a cabana. O velho anão sabia quem era aquele homem que lutava com Battousai, e tinha pavor de descobrirem sua localização.
_Handvar! Encontre o garoto e fuja com ele! Depois nos encontramos na floresta. Vá vá! – Gritou Battousai. O velho anão correu o mais rápido que pode da cabana, ele sabia que sua presença na luta apenas iria atrapalhar o velho Shikadai.
Akashi avançou e sacou sua katana de tamanho médio. Eles brandiram espadas e trocaram socos. A velocidade era algo incrível até mesmo para os melhores samurais do norte, a neve do chão levantava ao ar com a pressão dos golpes, faíscas saiam das espadas quando se tocavam e eram levadas pela brisa fria da manhã.
O suor descia pelo nariz contorcido e banhado de sangue de Akashi, enquanto Battousai se mantinha imponente e intocável. A sensação de adrenalina dominou Akashi, que retirou seu chapéu e seu manto de pano. Revelando parte de seus braços e seu cabelo castanho, Akashi se manteve a brandir espadas com Battousai, cada golpe era milimetricamente calculado para ser letal. Mas a verdade logo caiu para Akashi que se distanciou de seu inimigo.
_Cara, eu sou muito burro mesmo... Eu esqueci de quem você realmente é! Você deixou de ser o retalhador a muito tempo. Agora está mais para o pacifista que usa katanas com a lâmina voltada para si do que o assassino do cem feras... Me diga Battousai, como foi aquela luta? Há duas versões dela que são ocultadas pelo governo do norte... Qual delas é a verdadeira? – Perguntou Akashi retirando sua máscara que cobria a parte de sua boca. Mostrando uma cicatriz em formato de cruz perto de seu olho esquerdo.
_Você sabe pelo menos quem é o cem feras? – Perguntou Battousai sentido uma pequena dor em seu baço, os efeitos de suas doenças estava começando a fazer efeito em seu corpo. E aquilo provavelmente seria a causa de sua morte.
_Ohoho... Eu sei tudo sobre ele, não esqueça que eu pesquiso muito bem meus possíveis inimigos... Os livros dizem que ele é um troll de laboratório, porém um acidente aconteceu e ele se livrou das jaulas e correntes que o prendia. Ele assassinou e devorou todos os experimentos malucos que eles faziam com animais... Cada animal daquele valia por mais de cem homens, e você o derrotou sozinho? Porém, a vitória custou muito caro para o pobre retalhador... Coitada da dona Kojiro, vítima de um derrame cerebral dois dias depois de você ter matado o troll. Mas você sabe a causa daquela terrível doença né? – Akashi era fascinado pela história de Battousai, ele dedicou todo o tempo de sua vida para pesquisar sobre a vida completa de Battousai. No mínimo Akashi era como uma criança que idolatrava um falso rei.
_O cem feras é uma abominação criada para guerras. Em tese ele seria o início para todas as armas vivas, o pai dos ratos de laboratório... Walter me disse que aquilo seria usado para o bem! Mas eles continuaram a fazer mais e mais experimentos em pessoas ou animais. A ganância cegou aquele velho tolo. Garoto, se aquela espada cair em mãos erradas... O norte vai trazer a destruição para a terra e todos nós estaremos mortos.
Akashi avançou em uma velocidade extrema em direção a Battousai, o corpo doente de Shikadai não o obedecia mais como no início e Akashi acertou seu primeiro golpe em Battousai. Uma faca com a lâmina serrilhada acertou em cheio o abdômen de Shikadai.
Sangue escorria de sua boca e de seu ferimento. Akashi manteve pressionando sua faca contra o abdômen de Shikadai, mas foi recebido com uma bofetada em sua orelha direta que o levou para o chão coberto de neve.
_Eu tentei dialogar com você. Mas você não me deu escolha, eu irei te espancar até não conseguir mais ficar de pé... E depois disso os animais selvagens da floresta irão reconhecer o cheiro de sangue que vai sair do seu corpo carnicento. Eles terminarão o serviço para mim.
Battousai retirou a faca de seu abdômen e o enfaixou logo após, contudo o sangue continua a escorrer por suas pernas em uma quantidade um pouco menor. Ele não poderia prolongar aquela luta por muito tempo.
_(Esse puto me jogou ao chão com um simples tapa... Droga! Acho que estou surdo do ouvido direito, esse zunido não para...) Eu acho que está na hora de jogar sujo... KA-BOOM! – Akashi estalou seus dedos e toda a cabana de madeira foi aos ares. Caindo pedaço por pedaço na neve espessa que cobria o chão. Os estilhaços de madeira eram consumidos pela chama gerada da explosão. – Essa cabana estava me dando nos nervos faz um bom tempo...
_Seu desgraçado... – Battousai estava com seus dentes cobertos de sangue, os mesmos dentes que rangiam de raiva contra aquele desconhecido que aparentava saber de tudo sobre sua vida.
_O derrame da sua mulher não foi um acidente... Aquilo foi obra do troll tentando apossar do corpo da sua pobre mulher. O derrame foi apenas uma consequência da incompatibilidade... 
Battousai agarrou suas espadas e partiu para cima, eles brandiam as espadas como animais descontrolados. Não restava nada para aquilo que ficasse no meio da trajetória das espadas, árvores e pedras eram cortadas com uma facilidade imensa. Suas auras disputavam para ver quem sairia vivo daquele embate sangrento que cada vez mais revelava verdades para Shikadai.
A espada de Akashi não suportou os golpes por muito tempo e acabou por se partir em duas partes inúteis. Battousai aproveitou o momento de guarda baixa de seu inimigo e o golpeou com tudo que tinha, o soco acertou a caixa torácica de Akashi e esmigalhou as costelas do assassino.
Akashi estava quase a beira de sua morte, mas ele ainda escondia truques que nem mesmo Shikadai esperava, Akashi juntou seus braços e conjurou uma chama azul incontrolável. Battousai cortou o braço esquerdo de Akashi, todavia foi tarde demais para Shikadai que teve metade de seu rosto queimado pela magia.
_Eu te considero muito sortudo, retalhador desgraçado! – Akashi caiu de joelhos no chão rochoso, sangue saia de sua boca de forma descontrolada. Seu ouvido direito lhe causava uma tontura enorme junto com a perene dor de cabeça que o deixava irado. Sua respiração estava ofegante e sangue escorria de seu nariz. Suas roupas pretas estavam pintadas com seu próprio sangue, sangue que derramava de seu braço cortado.
Battousai se contorcia no chão, tampando seu rosto com as mãos nuas. A chama derreteu parte da pele de seu rosto e queimou metade de seus cabelos loiros. Tatsumi estava perto de chegar na cabana de Handvar, quando encontrou o mesmo subindo a montanha.
O velho estava cansado e com o rosto pálido como um cadáver. Suas esperanças foram renovadas quando avistou Tatsumi indo a seu encontro. O velho se jogou nos braços do garoto, que lhe serviram como consolo após uma situação de extremo terror.
_O que o senhor está fazendo aqui? O sol já raiou... – Questionou Tatsumi.
_O Shikadai está sendo atacado! Um cara apareceu lá em casa e começou a fazer umas perguntas... Temos que ajudá-lo! – Tatsumi assustou-se com a situação que o velho Handvar se encontrava, quase a beira de infarto cardíaco.
_Vamos Handvar, temos que ajudar o outro velho a não morrer!
Tatsumi colocou o velho em suas costas e continuou a descer a montanha. Ele se pendurava em galhos de árvore e fatiava qualquer objeto que entrasse em seu caminho. Seu forte odor de suor combinado com o cheiro cadavérico de Handvar assustava qualquer animal selvagem, o que os mantinha longe por algum tempo.
Battousai ainda se mantinha no chão rochoso gelado, ele agarrou uma de suas espadas as cegas e se apoiou na mesma. Conseguindo se manter em pé e caminhar até Akashi que estava logo a sua frente.
_O Livro que copia habilidades... Surpreendente! – Shikadai perfurou o coxa de Akashi com a ponta de sua katana, adentrando de pouco em pouco a carne de Akashi que gritava de dor.
_O Black book é uma arma imperial muito limitada, você praticamente precisa escolher bem os seus oponentes antes de uma luta, já que ele cópia e utiliza apenas a última técnica observada pelo usuário. Uma arma imperial balanceada, me atrevo a dizer que Numa lhe deu isso. – Battousai não suportava mais a dor que sentia, ele estava consciente apenas pela curiosidade que o consumia. Suas pernas tremiam pela dor que seu corpo sentia naquele momento, seus olhos estavam avermelhados de tamanho estresse.
_Você está longe de seu auge... – Sussurrou Akashi que não mais tinha forças para falar em bom e alto tom. – Se estivesse como quando enfrentou o cem feras, eu teria morrido quando não deixei você fechar a porta... Vejo que meus anos de treinamento foram totalmente em vão.
Battousai percebeu que a mão esquerda de Akashi pouco a pouco se aproximava de seu livro, Shikadai retirou a ponta de sua Katana da coxa de Akashi e o chutou fortemente no rosto. Espalhando seu sangue por toda a árvore que estava apoiado.
_Eu não vou deixar você usar esse livro... Apenas por ver a técnica você consegue a copiar, uma coisa dessa deve ser queimada junto ao seu corpo. Para que nenhuma pessoa se torne vítima disso!
Battousai caiu de joelho ao chão, ele não suportava mais estar de pé com todas as dores que sentia. Shikadai apenas esperava por seus amigos para por um fim naquela luta, aquela situação o lembrava das guerras que ele já havia participado, guerras por motivo nenhum o motivava a viver no passado obscuro de sua vida.
_Sasaki... É seu filho né? Aquela criança cresceu muito em pouco tempo... Ele já deve ter alcançado a maioridade, mas por que você o abandonou Shikadai Kojiro!? Você sabia que o troll estava no corpo de sua esposa e não disse a verdade pra ele! Você é um mentiroso retalhador! – Akashi gritava de olhos fechados, seus últimos momentos de vida teriam que ser honrosos para o assassino. Ele se debatia com o único braço que o restava, enquanto se concentrava nos sons que vinham da floresta banhada pelo nascer do sol.
_Eu não menti para ele! A mãe dele estava passando por momentos péssimos em sua saúde, e eu não suportava ver ela sofrer daquela forma. O cem feras provavelmente caçoava de mim dentro da cabeça dela. A Nobara foi uma mulher muito resistente até o último momento de vida, a morte dela foi indolor, ao contrário da sua. E também foi ideia dela morrer por minhas mãos. Porém a verdade não foi ao ar, eles teorizavam que eu tinha tirado a vida dela de forma acidental, mas eu não ligo para a opinião deles, e muito menos da sua que tenta se fazer de vítima. Eu rezo para que Sasaki se torne alguém melhor que eu, ele fugiu de mim depois de descobrir uma parcela de verdade que eu escondia dele... Coitado da minha criança...
Lágrimas escorriam dos olhos avermelhados de Shikadai, ele tentava se manter firme naquelas situações que o fazia lembrar dos erros de seu passado. Battousai escutou passos vindo de dentro da floresta, e encarou Akashi que estava quase adormecido por seus ferimentos.
Tatsumi acelerava seus passos cada vez mais, em seu treino ele foi obrigado a correr muito mais rápido com pesos presos em seus pés. Ele conhecia aquelas regiões montanhosas como se fosse a palma de sua mão, Bloodscythe estava amarrada em sua cintura. Uma bainha especial guardava aquela lâmina carmesim que era motivo de tanta preocupação para o garoto.
_Avistei Battousai! Ele está sangrando muito, e seu rosto está estranho... Se segure Handvar, porquê eu vou partir aquele cara no meio com a última técnica... (Irei mostrar para o Battousai que eu dominei totalmente o estilo dele, ele vai ficar muito feliz com isso! E talvez me dê o manto dele como presente... Isso seria tão legal!) – Tatsumi estava mais perto a cada passo, um sorriso se abriu em seu rosto enquanto Battousai continuava de joelhos no chão coberto pelo sangue escorrido do braço de Akashi.
_Ergam seus copos por quem vai partir... Honrem os que não estão mais aqui... Se afaste em respeito a tudo que eu vivi... A morte está a me seguir... – Está era a canção favorita de Handvar, o velho anão a amava com muito carinho e amor. Ele a cantava todos os dias de sua vida, cantava até mesmo quando estava em uma situação crítica que poderia lhe custar a vida.
_Para de cantar isso aí velho... Estamos quase chegando, fique atento e se prepare para atacar se for necessário... – Tatsumi agarrou o cabo de sua katana e apenas esperou pelo momento perfeito para atacar, seus pés estavam firmes e sua mente concentrada para por tudo de seu corpo na técnica suprema de seu mestre.
_Moleque chato... Tá bom porra, vou ficar calado e tentar ver aonde o estrangeiro está... Mas eu vou logo avisando que eu tenho catarata nos olhos. – Comentou Handvar.
A distância de Tatsumi e Akashi era mínima, Akashi agarrou seu livro e esperou Tatsumi dar seu primeiro golpe. Battousai gritou para Tatsumi mas que não deu ouvidos, o garoto respirou e puxou sua katana da bainha enquanto dá um passo com o pé oposto. Criando um corte avassalador que leva os músculos do corpo de Tatsumi ao seu máximo.
O corte fatiou todas as pedras e árvores que estavam em seu caminho, mas a força do corte não estagnou. A força imposta por Tatsumi foi capaz de dividir a montanha ao meio, algo que assustou até mesmo Battousai que não esperava uma força tão monstruosa como a mostrada por Tatsumi.
Shikadai estava feliz pelo progresso do garoto, porém sabia que a hora de sua morte estava perto demais. O corte na última técnica não acertou Akashi, ele observou Tatsumi se preparar para o golpe e desviou seu corpo no último instante, Akashi agarrou seu livro e sacrificou suas últimas forças para recitar aquela técnica com imenso poder destrutivo.
_Flash do dragão ascendente celestial... (Meu corpo vai ser destruído se eu usar essa técnica, o estilo Hiten Mitsurugi é mesmo uma coisa fora do comum, mas eu não tenho mais salvação mesmo...) – Akashi pegou uma das katanas de Battousai e com a técnica recentemente copiada ele partiu Handvar ao meio e cortou uma das pernas de Tatsumi.
Ambos caíram por terra rapidamente, e Shikadai se surpreendia com o vigor de Akashi que mesmo gravemente ferido teve forças para se levantar e usar a última técnica do estilo Hiten. Seu corpo estava repleto de hematomas e hemorragias internas, seu braço decepado estava sangrando cada vez menos devido a grande força que ele impusera em seus músculos.
_Eu agradeço ao garoto... Graças a ele eu matei aquele anão desgraçado. – Akashi colocou sua mão em sua bolsa e retirou uma pílula negra que fedia a magia oculta. Ele mastigou e engoliu a mesma, o sangue que saia de seus ferimentos logo estancaram brevemente. Seus ferimentos mais leves foram curados e os demais foram levemente curados, o efeito da pílula era passageira demais para um luta séria porém Akashi não havia mais nenhuma surpresa em seu leque de habilidades.
Akashi estava pronto para mais uma luta, sua força não era a mesma de antes, contudo era o suficiente para exterminar todos ali presentes. Ele sorria enquanto pisoteava o corpo sem forças de Battousai até se cansar, passando a chutar Tatsumi por todo o corpo logo após.
_Eu te disse não foi? Se você não fosse o suficiente, eu iria matar o seu aluno na sua frente... Mas morrer é muito fácil, irei fazer vocês dois sofrerem até morrerem, e é uma pena que o velho sofreu uma morte indolor... Queria tê-lo feito sofrer o suficiente por três vidas.
_Deixe o garoto em paz, ele não merece estar envolvido nisso. Esse assunto é entre eu e você.
Battousai foi recebido com um chute em sua boca que lhe custou dois dentes incisivos. Akashi mobilizou um dos braços de Shikadai e o quebrou osso por osso. O grito de dor vindo de Battousai deixava Akashi cheio de confiança e orgulho, mas ele esqueceu completamente de Tatsumi que se levantou apoiado em sua Katana.
Tatsumi caminhava sorrateiramente por trás de Akashi que se sentia exuberante pelo o que fazia. O garoto respirou, distribuiu o peso sobre seu corpo e atacou com um corte rápido e preciso que abriu um corte na parte das costas de Akashi.
_Eu tinha esquecido de você! – Gritou Akashi virando suas costas e encarando Tatsumi que não conseguia se manter em pé devido o estresse causado pela técnica suprema usada. Ele socou o garoto contra pedras e árvores por minutos, Akashi sentia algo estranho dentro de Tatsumi, algo que o deixou receoso por alguns momentos. Em poucos instantes ele percebeu de quem se tratava aquela presença assustadora que acordava de pouco em pouco dentro de Tatsumi.
Com o poder do troll agora fluindo sobre Tatsumi, ele pode regenerar parte de sua perna decepada e continuar a lutar. Aquele feito assustou Akashi que temia o troll acordar naquelas condições. Ele partiu com tudo que tinha para cima de Tatsumi. Akashi o socou, chutou, sufocou, cortou alguns membros de seu corpo. Mas nada fazia efeito em Tatsumi que cada vez mais despertava o poder adormecido do troll.
_Estou de volta... – O troll acordou de seu sono profundo que durou mais de quarenta dias. Ele estava pronto para matar qualquer um que atrevesse a encostar em seu hospedeiro definitivo.
_Eu não preciso de você para dar um fim nessa luta. Volte a dormir agora! – Tatsumi saltou para cima de Akashi porém foi recebido com uma série de socos e chutes velozes e poderosos de Akashi que o arremessou para longe.
_Você não tem querer garoto. Nós somos um... – O troll tomou o controle pelo corpo de Tatsumi e regenerou as leves feridas de seu corpo. Ele estalou seu pescoço e ombros, enquanto Akashi apenas observava aquele que aparentava ser um novo Tatsumi.
Akashi recuou alguns passos e manteve a guarda alta. Ele sabia que aquele que estava no corpo de Tatsumi não era mais o inocente e fraco garoto, aquele ser era diferente de tudo que ele já tinha visto em sua vida de assassino. Seus passos não produziam barulhos e seus estalos eram ocos como um cadáver ambulante, os olhos eram negros como as trevas que a noite aguardava para ele.
O corpo de Akashi começava a reagir pelos efeitos colaterais da pílula, seus sentidos ficavam cada vez mais embaraços e seu corpo inteiro latejava de uma dor tremenda. Era como se seus ossos fossem constantemente quebrados ao meio por alguma coisa muito forte.
_O setor 07 demorou para chegar... Eu já estava me perguntando se vocês eram reais mesmo... – A voz não era a mesma de Tatsumi, aquela voz era mais grave e relembrava os demônios em histórias infantis. Mas aquele ser não era uma fantasia feita pela cabeça de Akashi, aquilo era algo concreto na qual matava e roubava sem hesitar. Um motivo era o suficiente para acabar com a vida de qualquer pessoa.
_Você deve ser o cem feras... Estava me perguntando se você era real ou apenas uma história feita para crianças mal educadas. Você não quer acabar como o velho aí né? Se não quer, eu te recomendo a deixar Bloodscythe em minhas mãos e voltar a dormir... – Akashi estendeu sua mão em direção a Tatsumi, pedindo para que o Troll lhe desse Bloodscythe e as coisas pudessem ser resolvidas pacificamente.
_Sim, histórias para crianças mal educadas como você... E eu não me importo com esse velho desgraçado morto aqui. Para mim ele é apenas um peão nessa história maluca que nós chamamos de vida.
Akashi conjurou as chamas azuis e as lançou em Tatsumi, o acertando em cheio como um bafo de um dragão antigo. Tatsumi apenas retirou suas roupas que foram queimadas e as jogou no chão de neve. A floresta que testemunhava a batalha estava em chamas, a neve das árvores derretia com o calor e criava um evento parecido com uma chuva.
_As chamas azuis tiveram efeito nulo em você... De alguma forma o corpo do garoto está sendo controlado pelo troll e isso o fortificou drasticamente. Vejo que terei sacrificar algumas coisas para ganhar de você...
Akashi continuou a conjurar as chamas azuis, a temperatura do ambiente começou a derreter as pedras que estavam debaixo da neve. Mas Tatsumi continuava imóvel e sem demonstrar nenhum resquício de dor, aquilo estava deixando Akashi enfurecido consigo mesmo. Ele preparou seu livro e arrancou uma de suas páginas amareladas.
Akashi mordeu a parte superior de seu dedo e com o sangue transformou uma minúscula parte da floresta em uma área controlada por cristais esverdeados. Aquela era a última magia de Akashi, seu corpo estava apodrecendo rapidamente, e não demoraria muito até que todo seu corpo estivesse dominado por aquilo.
_Eu já superei meus limites muitas vezes, e está não será a última... Meu corpo está nas últimas, eu não o culpo já que levei muitos danos para Battousai... MAS EU VENCEREI VOCÊ HOJE!!!
_Ae... Quer saber de uma coisa? – A voz estava calma, seus passos eram lentos porém inevitáveis. - Nós dois somos classificados como ameaças de alto nível para o governo, tanto eu... Como você! Mesmo que isso pareça difícil para os humanos, criaturas como eu podem se curar facilmente usando magia... Mas nem você, e nem o garoto, sabem de verdade o que são as magias... E é uma boa hora para eu te mostrar isso. Essa é uma magia de verdade... Expansão de domínio, SANTUÁRIO MALÉVOLO! – Um santuário budista tomou conta do lugar onde foi transformado em cristais, o santuário era coberto de sangue e crânios de animais mortos, a maioria eram dos experimentos que o Troll havia matado no laboratório aonde estava.
Akashi estava assustado com o poder ofensivo do troll, suas pernas estavam trêmulas de medo e pavor daquele que estava sentado no trono principal daquele ambiente hostil e macabro.
_Vamos número 05, saia do meu domínio... Mostre que você é digno dele... Mostre me agora!
Akashi dobrou seu joelho perante aquele que estava no trono e pediu súplicas, ele chorava por pavor de perder sua vida naquele inferno de lugar. O troll em forma de Tatsumi desceu de seu trono e levantou a cabeça de Akashi, com seu dedo indicador apoiado no queixo do assassino.
_Inutil!!! – Gritou o troll em forma de Tatsumi que desmontou o corpo de Akashi, cada membro foi para uma parte diferente do santuário. Restando apenas o tronco sem pernas e braços que estava em sua frente.
O troll desfez a expansão e voltou para o mundo real, o corpo de Akashi estava esquartejado em sua frente como bonecos de pano deformados. Battousai estava deitado ao chão rochoso que fora resfriado pela chuva, ele estava quase desacordado quando foi surpreendido por Tatsumi balançando seu ombro para o acordar.
_Tatsumi? Você está vivo? – Perguntou Battousai fechando seus olhos lentamente.
_Ele está bem, não deixarei que nada de mal aconteça com o garoto. Mas você por outro lado... Eu quero que toda a agonia e desgraça caía sobre essa sua vidinha desprezível, você Battousai... Encheu a cabeça do garoto com ideias nojentas de pacifismo... Graças a você eu estou preso a este corpo humano, eu não deveria ter deixado você chamar o setor 07... Eles virão atrás de mim com absoluta certeza, e eu matarei todos um após o outro. Até mais retalhador, irei roubar suas roupas e ir embora para a capital, o garoto tem serviços a fazer por lá... Adeus seu espadachim escroto!
_Espere! Eu não peço para que você perdoe meus pecados, mas não deixe Bloodscythe cair em mãos erradas... E proteja o garoto por mim, ele e meu filho é o único tesouro que eu deixo para está terra... Por favor, proteja ele, eu queria ter passado mais tempo com meu aluno... E não deixe ele morrer sozinho como eu.
Shikadai usando as últimas forças de seu corpo, se arrastou até o cadáver de Handvar. E em um ato desesperado ele mudou a feição do rosto de Handvar. Assim, os dois grandes amigos morreram juntos e ainda por cima com um sorriso em seus rostos. Mostrando que até mesmo a morte pode ser algo alegre e esperançoso para pessoas como eles.
Em seus últimos momentos de vida, Battousai se lembrou de todos os pecados de sua vida. Todos os seus fracassos e defeitos que foram levados consigo para o outro mundo, Shikadai esperava um dia poder conversar novamente com seu filho tão amado. E pudesse conversar sobre as histórias de triunfo de Tatsumi com sua sortuda companheira.

ENQUANTO ISSO ESDEATH

Kurome e Esdeath se divertiam com uma tradicional partida de vôlei de praia. O tamanho da quadra era o suficiente para ambas jogarem para esquecer os problemas de fora, Esdeath estava a mais de cinquenta dias sem ver Tatsumi. Ou ao menos se quer ter uma notícia do mesmo, contudo a general do gelo sabia a localização de seu Tatsumi até que por ventura o sinal de seu servo desapareceu.
_Kurome... A algo de errado, não sinto mais a presença de Tatsumi. Sua última localização é uma cordilheira perto da fronteira com o norte... Ele passou muitos dias naquele lugar, mas eu não sinto mais o sinal de sua localização... O que ele fez? – Kurome saltou e cortou a bola perto de uma das extremidades da rede. Acertando em cheio o rosto de Esdeath que estava apavorada e distraída com a perca da localização de seu servo.
_Você é muito obcecada nele... Parece até uma namorada ciumenta que pesquisa tudo sobre o “Tatsumizinho” que nem liga pra você. Foca no jogo, se não eu vou ganhar essa rodada sem fazer nenhum esforço.
A quadra de vôlei ficava próximo ao pátio de treinamento, porém era uma sala isolada que apenas Esdeath tinha acesso, ela amava aquele esporte por um motivo ainda desconhecido. Esdeath planejava treinar Tatsumi usando aquele esporte como meio, ela iria ter um infarto caso isso acontecesse. Mas continuava a sonhar mesmo assim.
_Algo aconteceu... Eu o deixei passar todos estes dias lá porquê não havia atividade de nossos inimigos. Tomara que ele esteja vivo e que volte para mim, eu planejo treina-lo até ser habilidoso o suficiente para jogar comigo... – Esdeath saiu da areia e se sentou em uma pequena arquibancada, ela vestia uma mini saia e um biquíni que a machucava por lhe apertar bastante, ambos eram cor preta para combinar com o vazio que seu coração sentia.
_Não se preocupe Esdeath, ele apenas deve ter sido abduzido... Ou quem sabe ele foi capturado por um gostosona que ama jogar vôlei e anseia ensinar seu novo escravo a dar fortes tapas em uma bola, já até imagino para que situação vocês irão usar uma coisa dessa... Continuando, uma mulher independente que não precisa de ninguém para viver e todos obedecem suas ordens, menos o novo escravo que é o seu preferido dentre até mesmo seus antigos amigos. Uma mulher que tem enormes peitos e uma imensa bunda que deixa qualquer homem cheio de tesão para sempre... O garoto deve estar muito feliz acompanhado com uma pessoa destas... – Kurome sorria enquanto tapeava levemente suas coxas com as palmas das mãos, ela gargalhou até chorar. Esdeath a observava e lançou uma minúscula estaca de gelo que cortou alguns fios de cabelo de Kurome.
_Brincadeira de mau gosto essa... E eu não sou tão bonita assim, eu apenas quero conhecer o garçom melhor... Fazer um piquenique com ele no bosque, escovar suas costas, costurar seus ferimentos de batalha, dar banho, escovar seus dentes, conhecer sua família e tudo mais que eu tenho direito. E eu terei isso! Bols me disse que para encontrar o amor verdadeiro, eu nunca posso desistir dele! Então eu farei isso... Ele vai ser feliz comigo nem que seja amarrado no porão da nossa futura casa... Ai, só de pensar nisso eu já fico feliz novamente...
Esdeath apoiou sua cabeça em seus braços e imaginou um dia inteiro aproveitando a presença de seu amor. Kurome sempre soube do lado obcecado de Esdeath, ela não achava aquilo estranho, mas sim bizarro. Ela não aprovava o relacionamento deles, mas admitia que Tatsumi estaria encrencado por ter uma companheira como aquela.
_Agora iremos falar de assuntos importantes... A parte burocrática do torneio está quase pronta, falta apenas a confirmação do Ministro para darmos início a construção do coliseu, o valor da inscrição é de cem mil romeros. É um valor digno para a recompensa...
_É qual será a recompensa? – Perguntou Kurome a Esdeath.
_Quatro milhões de romeros e uma noite comigo... Essa foi a única forma que encontrei para estimular Tatsumi a lutar no torneio... – Esdeath gargalhava como uma bruxa má que morava em uma isolada floresta, seus olhos brilhavam de expectativa enquanto suas unhas riscavam o banco da arquibancada.
_Você não fez esse torneio para ajudar os outros, nem mesmo para descobrir novos talentos... Você fez ele para testar a força de Tatsumi, sinceramente... Eu ainda tinha dúvidas, mas depois disso eu tenho a certeza que você é maluca de pedra por ele.
Aquele dia estava ensolarado como nunca, nenhuma nuvem estava no céu para atrapalhar o dia. Já era quase meio dia, a barriga de Esdeath rangeu fortemente como uma fera depois de hibernar. Ele se alevantou e saiu da quadra, deixando Kurome solitária naquele lugar silencioso.
_Te vejo no refeitório Kurome... Até mais – Esdeath acenou sua mão e desapareceu rapidamente. Esdeath deixava um rastro de gelo por onde passava, assim como o cheiro nostálgico de seu perfume que impregnava nas paredes e pilastras do palácio.

Tatsumi e esdeath Onde histórias criam vida. Descubra agora