Cartas para tudo

I

Para a Vida: Meu humilde relato

Eu serei a mais sincera possível.

Ultimamente tenho - finalmente - compreendido sobre a sua importância, após muito tempo tentando lhe negar. Mas não sinta-se mal, a culpa nunca fora sua, eu apenas não conseguia me encontrar.

Sabe, ao observar melhor as pessoas e tudo o que estou habituada, passei a entender um pouco do significado da vida.
Sim, de você, Vida.
A real é que você me traz certo medo, sabe?
Amar parece uma aventura obscura,
a tristeza é desoladora,
a raiva é medíocre,
e o fim, ah o fim, ele é o pior dos piores medos.

Viver a vida é sim uma tarefa difícil, mas ter que sobreviver na vida, é ainda mais doloroso.

Então, querida Vida, acho que você deveria ser mais leve.
Sim, mais leve.
Nunca sabemos o que esperar de você.
Nunca sabemos quando será o último abraço, último beijo, última conversa.
Vivemos na espreita de esperar coisas boas do destino, mas, às vezes, nem sempre é tão boa assim.

Nessa tarde de domingo, com a mente atormentada de pensamentos sobre tudo, sinto vontade de deitar-me com a solidão e desbruçar-me em muitos por quês.

Quando estou no fundo, você me tem na parte mais vulnerável de mim. A de remover as máscaras, mostrar o quão sou frágil, tomada por uma overdose de dúvidas.
Por isso, decidi que a partir de hoje, irei caminhar junto à ti. Sem jogos e fantasias, condenação ou culpa.

Sinceramente? talvez eu tenha magoado muitas pessoas, criei expectativas em vão, mergulhei demais na procrastinação, tenho aquela dificuldade de mostrar-me como sou, mas ainda tenho muito de ti à frente.

Abrir-me para o mundo e aprender à me amar será o desafio mais difícil que você me cedeu, mas eu preciso fazer isso com maestria.
Quero ir além.
Desatar cordas, experimentar coisas novas, me jogar ao prazer banal, do amor insaciado, da leveza, da incoerência, ficar vermelha e sem graça,
tudo o que eu puder sentir.

A vida vai muito além de bons e maus momentos.

Para a Vida, meu humilde relato.