Capítulo 14.

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Shawn.

  Leva tempo até aprendermos as facetas sobre como jogar com alguém, sobre como manipular, fazer a pessoa escolhida cair no seu papinho, aceitar tudo que você propor sem questionar e tudo porque está atraída a tudo que você tem a dizer... leva tempo, mas quando aprendemos jogar é quase impossível parar de usar essas artimanhas, mesmo que gostemos da outra pessoa em si e talvez Camila seja inocente nessa história sobre estar me manipulando... mas pela maneira como ela vem me encarando eu tenho certeza que ela sabe muito bem o anda fazendo.
   Desde a boate a gente não para de se pegar.

  Beija-la é o mais perto que eu vou chegar do paraíso e eu tenho certeza disso.

  Naquela madrugada, a levei para minha casa e dei graças a Deus por estar sozinho, fiz Camila ficar sentadinha no banco alto da cozinha e fui até geladeira e peguei duas garrafas de água e um saco de ervilha congelado para por em sua bochecha machucada.

— Isso está ficando feio — murmuro observando a região roxa. — Desculpa Camila, eu juro que—

— Cala boca Shawn Peter, eu que cheguei por trás de você na hora errada e sei que foi totalmente sem querer.

  Entrego-lhe uma garrafa e abro a outra para mim, bebo metade da minha e me aproximo mais do que o necessário, para por gelo em seu machucado. Encosto o saco gelado na sua pele e Camila chia, cerro meu maxilar sentindo raiva de mim, por tê-la machucado de alguma forma. É por essas e por outras que essa doce menina tem que se afastar de mim. Não deixo de olhar em seus olhos um segundo sequer e sei que ela está relutante para não corar.

  Tenho vontade comer ela todinha.

— Vou me redimir com você... — Ela franze a sobrancelha e nesse momento eu tenho certeza que ela não tem a mínima noção do quanto está absurdamente fofa. — Segura para mim, por favor.

— O que você vai fazer? — Camila pergunta, quando me vê perto da geladeira outra vez.

— Feche os olhos, por favor — me sinto um menino idiota quando lhe peço isso.

— O que você vai fazer Shawn Peter?

— Fecha os olhos e abra a boca, sua nanica curiosa! — Digo agarrando o pote de sorvete e escondendo para que ela não veja.

— Hmmm... olha, eu sei que você é alto e tudo mais, mas não acho que seu pênis, mesmo que seja grande como é... e meu Deus, é enorme mesmo, chegue até aqui — ela aponta para a boca  e eu fico sem entender porra nenhuma.

  Pisco uma, duas e seis vezes antes de sentir minha bochecha queimar.

— Que porra foi essa que você acabou de dizer Camila? Pelo amor... eu... cara... você se tornou uma pervertida sua pintora de rodapé!

Ela me encara e pisca surpresa e depois já sei que vai gritar com indignação.

— Pintora de rodapé a pu—

— Ó a boca! — Ela ergue a mão que não está ocupada e me dá um belo dedo meio. — Bora, fecha os olhos, não é nada disso que você está pensando!

— Hm, sei... olha lá hein!

  Fecho a geladeira, corro até o armário pegando um colherzinha em seguida e então volto a me aproximar dela. Quase não resisto a tentação de beija-la quando observo os contornos daquela boquinha safada. Abro o pote, enfio a colher dentro e coloco pouquinho na boca de Camila. De imediato seus olhos se abrem com uma surpresa e alegria.

  Tão linda...

— Não... — minha mão permanece no ar ainda com meia colher de sorvete, Camila agarra meu pulso e a enfia tudo de uma só vez. — Caramba, pelo amor da viuvinha negra que delicia! Você comprou sorvete de banana com chocolate pra mim?

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