capítulo 8 | calma, tudo vai dar errado...

152 15 10
                                    

  Logo após meu primeiro passo dentro do chalé, soa um barulho muito alto, de coisas caindo e quebrando no chão

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

  Logo após meu primeiro passo dentro do chalé, soa um barulho muito alto, de coisas caindo e quebrando no chão. 
  Por instinto, levo a mão à adaga. 
  Após uma fração de segundo avisto a fonte de todo o estardalhaço. 
  Uma mulher, com aparência de não mais que trinta e poucos anos, está do outro lado do chalé. 
  Seus cabelos escuros como a noite chegam até seu quadril, com leves cachos naturais pelo comprimento. 
  Sua pele, clara, porém bronzeada pelo sol, não contém nenhum indício de velhice. Rugas, pés de galinhas… nada.
  Suas vestes são azuis e largas. Eu diria que é um vestido. Mas está difícil de identificar pela sua posição nesse momento.
  Seus olhos são da cor de ouro queimado. E nesse exato momento, estão arregalados olhando para mim. 
  Com os dentes expostos, consigo ver que eles estão cerrados. Como se estivesse sentindo dor. Ou…
  Medo.

  — O que é você? — ela sussurra pelos dentes cerrados. Seus olhos fixos em mim. 

  Olho ao redor. 
  O ambiente úmido e abafado tem cheiro forte de ânis e arruda. Plantas espalhadas por cada centímetro. Assim como pedras e cristais. Avisto prateleiras, onde se encontra uma grande variedade de ervas desidratadas guardadas em frascos de vidro com rolhas. Na prateleira mais alta, um incenso aceso, quase no fim. E em algum lugar tem algo pingando. 
  Vejo uma cadeira caída no chão. E logo na mesa cartas estão espalhadas, com apenas duas viradas pra cima e ao lado uma xícara de chá fumegante. Como se ela estivesse fazendo uma tiragem e então levantado às pressas.
  Seguindo o olhar até sua posição atual, do outro lado do cômodo, um caminho de coisas caídas e estilhaçadas ao chão foi deixado. Dentre eles, um livro com capa azul escuro do qual se entitula Magia lunar e seus rituais.
  Volto ao olhar para a mulher. Que ainda me olha com desespero nos olhos. 
  Não parece nada com a mulher que estava me provocando poucos segundos atrás.
  Abro a boca para falar algo. 
  Quando lembro do aviso da moça da loja:
  Nunca minta. E se for falar, fale o que realmente está querendo falar, não tente mascarar o seu desejo.
  Então, quando estou prestes a perguntar qual o problema, ela torna a falar: 

  — O quê. Você. É. — ela sussurra novamente. Enterrando suas unhas na parede.

  Okay. Qual seria a resposta correta pra essa pergunta?
Nunca minta.

  — Eu não s… — começo. Então percebo que seu olhar assustado não é para mim. 

  Mas pra minha barriga.
  Sinto um nó na garganta quando me recuso a entender do que se trata. 
  A mulher parece se contorcer na parede, aparentando total desespero. Uma de suas mãos está próxima ao rosto, como se querendo proteger caso uma explosão ou algo do tipo acontecesse. 
  Pelo jeito, não duvido de que ela seria capaz de quebrar a parede e sair correndo.
  Mas o que não entendo é…
  Por que tudo isso?

   Há quase… — ela pausa para respirar fundo. — Há quase um milênio desde de a última vez que vi algo do tipo… — ela contorce o pescoço. — e não achei que voltaria a ver ainda nessa vida. 

Destinada (vol.2)Onde histórias criam vida. Descubra agora