Prólogo

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Antes mesmo de despertar de um sono agitado, já ouvia uma conversa acalourada vinda da cozinha. Estava naquele limbo, entre o sonho e a consciência, perscrutando uma discussão longínqua quando um estrondo se fez ouvir através das paredes. Acordo assustado.

Desco as escadas com a luz da lua a guiar meus passos, não tenho tempo nem mesmo de acender as luzes. Disparo com toda a agilidade que uma pessoa recém acordada consegue reinvindicar de seus músculos entorpecidos.

Depois do barulho que me fez acordar sobressaltado, um grito de puro terror o procede. Grito este que me arranca da cama aos tropeções em direção a fonte daquele som apavorante: minha Mãe!

O cenário registrado através dos meus olhos se recusa a encontrar seu lugar em meu cérebro. Não posso acreditar que todo aquele vermelho estivesse maculando toda a extensão da cozinha,outrora perfeitamente branca e inócua, que, a poucas horas, serviu de cenario para a comemoração do meu aniversário. Quando percebo que o vermelho provém de uma pessoa caída frente a pia, sinto uma estranha vertigem. Ao notar que essa pessoa é minha mãe, todo o vermelho e o pouco que sobrou do branco, se transformam no mais puro negro. O mundo se torna negro ao meu redor e retorno ao limbo que me encontrava anteriormente.

A INSUPORTÁVEL CERTEZA DO SEROnde histórias criam vida. Descubra agora