A INSUPORTÁVEL CERTEZA DO SER

Capítulo 2: 12 Horas

A morte é uma constância.  Sabemos que ela espreita nos meandros da vida e que chegará a todos, cedo ou tarde. Mas nunca nos acostumamos com sua presença pungente e inquestionável.  Nada é mais real que aquele sentimento de vazio no peito que a ausência de alguem que você ama lhe proporciona. E naquele momento, nenhum dos presentes no cemitério, podiam negar a presença de algo que sobrepujava a própria vida: a morte.

12 horas. 12 horas foram toda a pequena eternidade em que fiquei naquele local terrível.  Mas quando acabou, o sentimento que me assolava era o de que 12 horas foram pouco para despedir-me. 12, 24, 48..... Todo um ano.... Nada seria suficiente para aplacar toda aquela dor.

-Lucas?- A única palavra que meu cérebro registra depois de um longo período vem do meu irmão. Thiago só tem 17 anos, e Diana, a mais nova, apenas 15. Olho para ele, e lhe digo que tudo ficará bem. Abraço-o e puxo Diana para o Abraço também.  Permanecemos assim por cerca de 10 minutos. Nunca me senti tão especial. Faço mais duas promessas a mim mesmo: Não descansarei até descobrir quem matou minha mãe;  e não permitirei que ninguém faça mal a meus irmãos.  Nunca.

  Foi por esse motivo que o e-mail que recebi na manhã seguinte ao enterro de minha mãe me tirou completamente do sério.  Não tinha remetente, apenas uma mensagem que dizia: Dormiu bem? Espero que sim... Eu dormi maravilhosamente bem, como um bebê.  Talvez você esteja confuso agora, mas logo logo você entenderá tudo. Enfim... estou confiante que você superará. Mesmo depois que seus queridos irmaos morrerem tragicamente como sua mãe.... Até as próximas 12 horas.

  Não sabia o que pensar sobre aquele e-mail, nem o que fazer: chamar a polícia? Ignorar? Caçar o desgraçado que me enviou????. Eu não sabia, simplesmente não sabia... Estava confuso e com medo demais para fazer qualquer coisa por hora.