Ela sorriu gentilmente sentindo o vento frio bater contra seu rosto, seu corpo se arrepiou e estremeceu, suspirando entre aquela montanha de cabeças no trem do metro.
Abaixou a cabeça ouvindo a voz tão próxima, as pessoas pareciam não notar, não perceber nada do que estava havendo.
Queria chorar, chorar e se esconder daquele mundo que parecia não cruel e doloroso.
Ouviu sua plataforma ser anunciada, mas não se moveu, não conseguia se mover um centímetro do lugar onde estava.
A mão em sua cintura a deixava assustada a ponto de todos seus sentidos paralisarem e sua mente gritar em sinal vermelho.
As lágrimas desciam silenciosas quando a saia de seu vestido foi erguida, não conseguia falar ou reagir, o choque ainda tão vivido e o medo que dominava cada sensação dolorosa até finalmente terminar.
Sentiu seu corpo ser empurrado e todos saírem a deixando sozinha naquele vagão de metro, se deixou cair no chão ainda tremendo por um segundo antes de sair em direção a próxima estação de cabeça baixa.
Sua mente estava uma confusão, seus sentidos dormentes pela dor e medo, a voz ainda sussurrava aquilo repetidamente a deixando maluca.
Parou em frente a plataforma, a luz forte batendo contra seu rosto a deixando cega.
Um passo, apenas um passo e aquela dor passaria.
A dor.
O medo.
A angústia e a vergonha de ter sido submetida àquilo.
Seu corpo se moveu sozinho, um passo e os trilhos da plataforma se pintando com os dons carmesim momentos depois de a frase ter saído de seus lábios.A culpa não é minha!
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Fragmentos De Uma Mente Solidária
Short StoryApenas histórias escritas em um pedaço de papel de um ponto de ônibus qualquer...