Capítulo único

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A festa já tinha acabado e os primeiros raios de sol começavam a alaranjar o céu escuro. A queda das estrelas é o evento mais aguardado do ano, regado a bebedeira, dança, sorrisos e risadas. E finalmente Velaris comemorou junto a seu Grão-Senhor, tornando a festa muito mais longa.

- Sabe, Azriel... não preciso de supervisão. - S/N disse. Caminhavam pela subida íngreme e sua falta de fôlego era denunciada pela fumaça de seu hálito na madrugada fria.

O encantador de sombras deu um sorriso preguiçoso.

- Cansada?

- Acho que nunca dancei tanto na minha vida. - Deu um sorriso sincero, Velaris foi o primeiro lugar onde S/N se sentiu em casa.

Seus pensamentos foram interrompidos quando Azriel passou a mão por trás de seus joelhos a levantando no colo. Um grito fino rompeu a noite assim que ele disparou aos céus.

As grandes e longas asas os equilibravam no ar e protegiam a garota em seu colo. S/N odiava voar e Azriel sabia disso, por isso não segurou nenhuma das gargalhadas enquanto a levava pelos céus. S/N encostou a cabeça no peito do illyriano sentindo a pele quente e confortável. Ela podia jurar que o coração dele acelerou um pouquinho.

Aterrissaram na varanda da Casa do Vento. Azriel a colocou no chão e S/N preparou a garganta para gritar com ele, mas não conseguiu ao ver o sorriso que estampava seu rosto. As bochechas coradas pelo vento forte, o cabelo preto despenteado. Azriel usava roupas comuns, deixando de lado o couro illyriano de costume. Uma blusa preta de manga comprida, uma calça opaca da mesma cor e os dois sifões azuis brilhando nas mãos. S/N sentiu-se corar ao perceber que nunca tinha o visto tão bonito.

- E-eu vou pro meu quarto. - Gaguejou. Azriel sentiu vontade de rir, S/N não era do tipo de pessoas que conseguem esconder o que pensa e saber o quanto mexia com ela o alegrava... o excitava.

- Eu te acompanho. - Andou atrás dela, mas ela parou. Virou-se e o encarou cerrando os olhos. Azriel limpou a garganta e com as mãos para trás, em sua pose de guerreiro, disse: - Você mesmo disse que eu precisava ser mais cavalheiro.

S/N balançou a cabeça e riu baixinho. Subiram as escadas devagar, a calda longa do vestido preto que ela usava, deixava uma distância entre os dois. Mas não impediu que Azriel admirasse a visão traseira de seu corpo.

O illyriano sempre pensou ser o único encantador de sombras, por isso se assustou quando Rhysand e Amren falaram sobre uma profecia de uma deusa das sombras. E se assustou ainda mais ao vê-la: a mulher mais bonita que um dia já viu.

Tudo o que cerca S/N e sua profecia ainda é um mistério, mas a forma que ela mexe com Azriel era clara como água.

Chegaram ao quarto.

- Obrigada pela companhia. - S/N disse com a mão na maçaneta.

Azriel não conseguiu olhar em seus olhos, muito menos bolar mais alguma estratégia para não encerrar a noite ali.

- O que foi? Suas sombras estão agitadas. - Ela perguntou.

Levantou a mão tocando levemente o sifão azul que pulsava brilho. Algumas sombras saíram da mão dela, envolvendo os dedos cheios de cicatrizes do illyriano. Uma onda de tranquilidade aquietou o corpo de Azriel, como se suas sombras recuassem.

- O que você fez? - Arregalou os olhos escuros, surpreso.

- Você pode encanta-las, Azriel... - Ela disse em um sussurro. - Mas elas sempre vão pertencer a mim.

Sombras se levantaram do chão, delicadas de um jeito que ele nunca poderia invocar. Contornou o corpo do guerreiro, passando pelos músculos delineados pela blusa apertada. S/N comandava a sombra com seus olhos, vendo cada expressão no corpo dele. Azriel cerrou os dentes quando a fumaça escura contornou seu maxilar, mas um rosnado saiu de sua boca quando tocou sua asa.

💫 A queda das estrelas | {IMAGINE AZRIEL}Onde histórias criam vida. Descubra agora