O Futuro de Konoha

Família No Sabaku

Rasa soube o que fazer um segundo depois que o envelope chegou magicamente em suas mãos. Ele nem mesmo precisava abrir para saber que era a mesma carta que estava trancada em seu cofre particular de sua casa, escondido atrás de uma pintura barata de uma cachoeira que Karura comprou durante a gravidez de Kankuro porque ela dizia que trazia paz ao bebê quando ela encarava (não trazia. Seu filho do meio era um bebê agitado desde que desenvolveu um corpo, nunca parando por mais do que um par de horas, não importa o que sua mãe estivesse fazendo. Havia sido um pequeno inferno que ele daria tudo para reviver, aquela gravidez), porque ele sabia que nenhum de seus filhos se importavam com ela e não iriam se intrometer onde não deviam; o Kazekage já reconhecia a curva das letras, a sensação do papel e as manchas de lágrima que ele mesmo fez ao se agarrar ao objeto, tanto tempo atrás

Então, sim, Rasa sabia o que fazer com essa carta. Ele sabia que era a forma dessa sala estranha com esses poderes inimagináveis lhe dizer que estava mais do que na hora dele contar uma certa verdade. Ele até mesmo sabia que a sala sabia melhor, entendia eles mais do que eles mesmos e, se queria que ele entregasse essas palavras ao destinatário, então era porque era a coisa certa a se fazer

E se tudo isso não fosse incentivo o suficiente, o fato do telão ter subido e uma música se recusar a tocar, como se a própria sala estivesse esperando algo, já era prova que ou ele fazia, ou ele fazia

Mas tudo isso não impedia seu pulso de acelerar ou sua respiração ficar presa na garganta

Ele, o grande Kazekage, Rasa no Sabaku, estava com medo

Não das revelações que ele teria que fazer, porque isso eram coisas que estava mais do que na hora de seus filhos saberem. Mas de ter que se mostrar tão vulnerável na frente de todas essas pessoas

Aliados a maioria desses poderiam ser, e talvez o homem pudesse até mesmo arriscar chamar de amigos alguns deles, mas ele foi criado para ser um Kage de uma Grande Nação e esse não era o tipo de mentalidade que se pode desprender tão fácil assim

Como se sentisse essa hesitação vinda do homem, a sala criou uma porta. Uma simples porta branca como aquela que Itachi Uchiha forçou o irmão mais novo, Sasuke, a passar quando a dor do Mangekyou Sharingan se tornou demais

Foi incentivo o suficiente

— Temari, Kankuro, Gaara- Rasa chamou por cada um de seus filhos, garantindo a atenção dos três- Preciso falar com vocês, em particular- e então ele se encaminhou até a porta com passos firmes, sem olhar para trás para garantir que estava sendo seguido

Os três se olharam meio perdidos, nenhum deles tendo ideia do que o pai queria, mas sabiam que precisavam obedecer a ordem, então se levantaram em uníssono e refizeram os passos do patriarca. Exceto por Temari, que foi parada por seu sensei no meio do caminho

— O que quer que Kazekage-sama fale lá dentro, lembre-se de quem você é- Baki aconselhou- A filha mais velha, primogênita, a irmã mais velha. Aquela que mais passou tempo ao lado da mãe e do tio, que mesmo confusa tem uma imagem mais clara que seus irmãos jamais terão

— Você sabe o que ele quer falar com a gente, não sabe?!- Temari percebeu, tendo que fazer um esforço para a voz não tremer

— Seu pai vai explicar, embora eu não ache que você precisa de tantas palavras para entender o que aconteceu- Baki ofereceu um sorriso fraco- Você, Temari no Sabaku, é mais inteligente e mais forte do que qualquer um nessa família. Nada te quebra, nada te impede. E se você tiver duvidas, apenas se recorde do seu treinamento com o leque

— Aposto que essa é uma sabedoria que não vou entender nada até que eu precise entender- a garota disse com confiança

— Esse é o melhor tipo de sabedoria- Baki garantiu- Agora vá, não deixe sua família esperando. E guarde minhas palavras