14. Cabeça de Javali

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O dia da visita a Hogsmeade amanheceu claro, mas ventoso. Depois do café da manhã, eu e os outros alunos nos enfileiramos perante Filch, que conferiu nossos nomes na longa lista de alunos que tinham permissão dos pais ou guardiões para visitar a vila. Harry estava meio cabisbaixo, provavelmente porque se não fosse Sirius ele não estaria indo. Aperto sua mão em sinal de consolo e ele deposita um beijo em minha testa me puxando para um abraço. Filch cheirou Harry, procurando algum cheiro diferente. Depois fez-lhe um breve aceno com a cabeça, olhei para Harry confusa, mas ele simplesmente ignorou e seguimos em frente.

- Hum... por que o Filch estava cheirando você? - perguntou Ron, quando saíamos pela estrada que levava aos portões.

- Imagino que estivesse procurando cheiro de Bombas de Bosta - disse Harry com uma risadinha - Esqueci de contar a vocês...

E narrou o que acontecera no dia em que fora despachar a carta para Sirius, e Filch embarafustou pelo corujal segundos depois, exigindo ver a carta.

Achei a história muito estranha, olhei confusa para Hermione, a qual me retribuiu, acho que estavamos pensando coisas parecidas.

- Ele falou que alguém lhe dera uma dica de que você estava encomendando Bombas de Bosta. Mas quem terá sido?

- Não sei - disse Harry, dando de ombros - Talvez Malfoy, ele acharia isso uma grande piada.

Passamos entre os altos pilares de pedra tomando a estrada para a vila. O vento fazia meus cabelos voarem, Harry os junta colocando dentro da minha blusa e cobre minha cabeça com o capuz para que não atrapalhem minha visão. Achei muito fofo então sorri para o menino que sorriu de volta.

- Malfoy? - disse Hermione cética - Bom... é... talvez...

O lugar não era nada parecido com o Três Vassouras, cujo grande bar dava a impressão de calor e reluzente limpeza. O Cabeça de Javali compreendia uma salinha mal mobiliada e muito suja, e tinha um cheiro forte de cabrito.

Analisei as pessoas que tomavam suas bebidas no balcão e em mesas velhas, parece que manter o rosto oculto era uma espécie de moda no Cabeça de Javali.

Em um canto sombrio junto à lareira havia uma bruxa com um véu negro e espesso que lhe caía até os pés. Só era possível ver a ponta do seu nariz porque seu volume fazia o véu levantar um pouco.

- Não sei como está se sentindo, Hermione - murmurou Harry, quando atravessaram o recinto até o bar. Ele olhava especialmente para a bruxa com o pesado véu. - Não lhe ocorreu que a Umbridge possa estar embaixo daquilo?

Lancei um olhar de avaliação para a figura velada.

- A Umbridge é mais baixa do que aquela mulher - murmurei.

- E, de qualquer forma, mesmo que venha aqui não há nada que possa fazer para nos impedir, Harry, porque verifiquei mais de duas vezes as regras da escola. Não estamos fora do perímetro permitido; consultei tudo em que pude pensar sobre grupos de estudo e deveres, e decididamente estamos cobertos. Só não acho que seja uma boa ideia a gente ficar alardeando o que está fazendo. - Hermione diz mantendo o tom de voz baixo.

- Não - disse Harry -, principalmente porque não é bem um grupo de estudos que estamos organizando, não é?

O barman saiu de um aposento nos fundos e se aproximou deles. Era um velho de ar rabugento, com uma espessa cabeleira e barbas grisalhas. Era alto e magro.

- Quê? - resmungou ele.

- Quatro cervejas amanteigadas, por favor - peço.

O homem meteu a mão sob o balcão e tirou três garrafas muito empoeiradas e bateu-as em cima do bar.

𝗮𝘀 𝗮 𝗳𝗮𝗺𝗶𝗹𝘆 ! 𝗵𝗮𝗿𝗿𝘆 𝗽𝗼𝘁𝘁𝗲𝗿Onde histórias criam vida. Descubra agora