18. Quarteto de ouro

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Os últimos dias do semestre foram extremamente deprimentes. Harry se tornara muito mais atencioso na última semana, não que ele já não fosse, mas algo nele parecia querer aproveitar o máximo de tempo possível. Ele se sentia carente demais, e isso era perfeitamente compreensivel visto que sua relação com o diretor era muito afetiva.

O tempo bonito parecia zombar de nós no dia do Funeral de Dumbledore. Às nove da manhã rumamos para os Jardins, onde foram postas centenas de cadeiras à frente de uma mesa de marmore branco. Eu, Harry, Hermione e Ron tomamos os últimos assentos na fila ao lado do lago. As pessoas sussuravam entre si.

Passado um breve momento, um coro de sereianos começou a cantar em uma língua que não entendi, seus rostos pálidos ondeando, seus cabelos arroxeados boiando à volta.

- Lá dentro. - cutuquei Harry, que se virou para frente. Hagrid vinha andando pela passagem entre as cadeiras. Chorava silenciosamente, seu rosto brilhava de lágrimas e trazia nos braços, envolto em veludo roxo salpicado de estrelas douradas, o corpo de Dumbledore.

Hagrid colocou o mesmo cuidadosamente sobre a mesa. Um homenzinho com cabelos tufos iniciou um discurso sobre a morte do diretor, não entedia o que ele dizia pois minha cabeça estava muito muito cheia, mas conseguia sentir as lágrimas geladas deslizarem por minhas bochechas.

Senti o olhar de Harry por muitas vezes queimar sobre mim, e, embora não quisesse admitar para mim mesma, já sabia o que estava para acontecer, parte de mim sempre soube que algum dia isso iria acontecer...
Encarei seus olhos verdes, que me fitaram com mais intensidade que eu esperava.

- S/n, escute... - ele disse em voz baixa, as pessoas agora começavam a se levantar - Não podemos mais namorar. Não podemos mais ficar juntos.

Soltei uma fraca risadinha, cansada.

- É por algum motivo nobre, não é? Acha que assim estará me protegendo de alguma forma ou...

- Não posso correr o risco de perder você - ele me interrompeu. - Há coisas que eu preciso fazer sozinho, tenho que derrotar Voldemort...

- Harry - falei calmamente -, eu também estou no meio disso. Não é terminando comigo que estará me protegendo, de um jeito ou de outro eu também lutarei.

- Não, S/n. Você ouviu a profecia, você precisará enfrenta-ló caso eu falhe, mas não vou falhar, não posso.

- Você não acha que terá mais chances se eu ajudar? Harry, podemos fazer isso juntos.

- S/n, por favor não faça isso ser mais difícil do que já está sendo. - eu desviei o olhar em direção ao lago - Eu amo você, sempre amei. Minha vida só se tornou tolerável depois que você entrou nela. Como você acha que eu me sentiria se fosse seu enterro hoje? Não iria me perdoar nunca...

- Escuta, sei que você acha que deve proteger todo mundo... e acho que é por isso que gosto tanto de você. - vi seus olhos marejarem, mas continuei: - Mas entenda, ele virá atrás de mim de qualquer forma, eu estando com você ou não.

- S/n... eu preciso fazer isso.

Respirei fundo, eu não iria insistir. Essa era uma decisão dele, então mesmo que eu ache burrice... é dele. Senti meus olhos salpicarem quando ele se levantou, afastando-se. Fiquei sentada ali, olhando para o lago por um longo tempo... acabou... dessa vez, de verdade.

- S/n. - me assustei quando senti a mão de Hermione em meu ombro, acompanhada de sua voz calma.

Arrastei as manga da blusa para frente, cobrindo minhas mãos e enxuguei meu rosto.

- Vamos lá para cima.

Assenti e começamos a caminhar. Mione segurou meus ombros, se apoiando nos mesmo de forma desengonçada, enquanto me agitava levemente. Meus lábios se cortorceram em um sorriso quando a menina cutucou minhas costelas, me fazendo sentir cócegas. Senti que ela já sabia o que tinha acontecido, pois tentava me animar.

𝗮𝘀 𝗮 𝗳𝗮𝗺𝗶𝗹𝘆 ! 𝗵𝗮𝗿𝗿𝘆 𝗽𝗼𝘁𝘁𝗲𝗿Onde histórias criam vida. Descubra agora