A Verdadeira Toga Himiko

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VII

A cabeça de Ochaco permaneceu encostada no ombro de Himiko. A loira no corpo de morena consegue sentir seu coração acelerado, e mais que isso, uma sensação borbulhante preenche sua barriga. Não entende o porquê de se sentir assim, já se apaixonou diversas vezes por várias pessoas, sempre com o porquê destes estarem surrados ou machucados, mas Ochaco estava indo muito além de superficialidade. Toga não quer sair de sua realidade, não quer voltar para o mundo que vivia antes de sucumbir a insanidade, tudo parecia tão negro quanto carvão. Todos eram falsos, todos fingiam estar em um mundo perfeito, escondiam suas verdadeiras personalidades cruéis e loucas. Toga é a única que é verdadeira, ela sim age como uma garota normal deveria agir, ao menos é assim que a loira vê as coisas.

Por muito tempo ela tentou fugir desses pensamentos, tentou seguir em frente sempre mostrando um sorriso genuinamente falso, mas quando finalmente se libertou daquelas correntes da sociedade "correta", que o heróis tentam estabelecer, se sentiu tão contente que poderia morrer. Mas, por algum motivo a acastanhada estava lhe fazendo recuar, mas a loira não quer voltar a ser o que era antes.

Ochaco apertou mais ainda o abraço, afundando seu rosto mais profundamente no ombro da menor. Toga permaneceu fitando a parede com um olhar vazio. A loira cerrou os dentes e semicerrou a mão que fazia um cafune em Ochaco. Queria puxar o cabelo dela, morde-la, corta-la, mas a única coisa que conseguiu fazer foi prensar seus lábios e novamente descansar sua mão na cabeça da outra.

- Vamos voltar. - Murmurou a vilã, ela ouviu Ochaco soluçar algumas vezes, mesmo depois do pedido de Toga, a acastanhada não tirou a sua face do ombro da morena.

Povs's Himiko.

Porque? Porque ela tem que ser tão sincera com seus sentimentos? Eu realmente quero usa-la para suprir meus desejos, então porque você está se entregando tanto para mim? Sua idiota, não percebe minhas verdadeiras intenções? Não faça eu me sentir culpada, eu não tenho culpa de você ser tão burra.

Eu odeio essa sensação, essa sensação sufocante de que preciso estar com ela. Não faz sentido, não importa quantas vezes ela fale: "Eu não sou seu brinquedo", ela continua sendo meu brinquedinho, mas então porque não consigo brincar com ela dá maneira em que bem preferir? Detesto essa limitação, é como se meu próprio corpo não fosse mais controlado por mim e sim por um sentimento esquisito, isso é simplesmente sufocante. Eu espero poder me deitar com ela de uma vez, toca-la para finalmente suprir essa vontade de tê-la, talvez depois disso eu consiga agir normalmente.

Após mais alguns segundos, Ochaco finalmente se afastou um pouco de mim, assim pude ver seu rosto com clareza. Como o esperado, traços de lagrimas preenchem a bochecha da acastanhada, seus olhos estão ilegíveis para mim, não há luz nos mesmos, mesmo assim eles estão mais hipnotizantes do que qualquer outra coisa. Lhe fitei com precisão, me pus a lhe enviar um sorriso torto. - Que bom que você aceitou as condições. - Sussurrei levando minha mão direita a bochecha da maior, deslizando meus dedos sobre as lagrimas da garota. - Porque não fazemos isso hoje? Ou quem sabe, amanhã? - Vi, mesmo que por um instante, os olhos da acastanhada mostrarem surpresa e hesitação. Mas logo ela desviou o olhar com as sobrancelhas franzidas e rubor nas bochechas.

- Okay... - Sussurrou em desgosto. Ochaco prensou seus lábios, consegui ver com precisão suas pupilas trêmulas.- Vamos. - Completou a garota, seu tom estava arrastado, ela provavelmente está com um nó na garganta agora.

Ochaco levou sua mão a fechadura da cabine. Ela não trocou olhares comigo, apenas prensou seus lábios e abriu a porta, saindo logo em seguida, fiz o mesmo.

Duas mulheres olharam na nossa direção com uma expressão surpresa e recriminadora. Aquilo me fez sorrir torto -duas hipócritas me encarando, nossa que novidade. Parei meu percurso para fita-las com um sorriso largo, elas pareceram recuar por conta de meu olhar profundo em sua direção. Levei minha mão direita a boca, lambendo tanto meu dedo indicador como também o do meio, em um ar até mesmo malicioso demais. Ambas arregalaram seus olhos com a atitude. Como disse, hipócritas, se fossem tão puras como mostram ser, não teriam entendido esse meu ato. Eu realmente não poderia voltar a viver nesse mundo, o mundo de Ochaco não é agradável pra mim, e nunca será.

Manual de como amar Toga HimikoOnde histórias criam vida. Descubra agora