Mary
A água cobria todo meu corpo, eu não sinto mais frio depois de alguns minutos desse jeito. "O que há de errado?" essa pergunta passa por minha cabeça, "Por qual razão nunca estou satisfeita?". Eu não deveria pensar tanto nessas coisas, minha vida não vai milagrosamente ficar interessante. Talvez os antidepressivos estejam surtindo efeito. A doutora mencionou que eu ficaria apática no começo.
Afundei meu corpo na banheira, podia perceber que um pouco da água se foi pela beirada. Alguns segundos passaram e meus pulmões já começaram a pedir por oxigênio, mas me mantive submersa. Eu deveria me sentir melhor! As consultas eram para eu ficar bem, foi o que ele me disse. Então... Por que não me sinto bem ainda?
Quando o incomodo no tórax foi substituído por uma dor aguda eu voltei para respirar, foi bem a tempo de meu pai bater na porta.
- Mary? Eu só passei para avisar para não esquecer de tomar seus remédios, tudo bem?
- Eu sei! - gritei para ele - Já terminei meu banho de qualquer jeito.
Saindo da banheira eu fui em busca da toalha me cobrindo com ela, quando parei de frente para o espelho eu vi meu reflexo. Pele pálida praticamente implorando para uma ida á praia, os mesmos olhos castanhos profundos e cabelos loiros que antes eram grandes e bem cuidados, agora eram curtos, um corte muito desregular - graças a mim e meu pequeno surto na última semana - além de estarem ressecados.
- Quem sabe um dia eu os pinte... Talvez fique legal...
Franzi o cenho ignorando aquela ideia.
- Ah...
Olhei para o frasco do lado da pia e o peguei abrindo no processo. Tomei o comprimido indicado e me obriguei a engolir no seco.
- As coisas com toda certeza vão ficar bem!
. . .
A escola no primeiro dia parecia particularmente agitada, liguei isso ao fatos de ter alunos novos. Eu notei estar um pouco atrasada para a aula, mas com toda certeza o professor Banner iria relevar. Já entrando na sala eu vi que alguns já ocupavam lugares.
Meus olhos seguiram para o fundo e vendo que ainda restava um lugar perto da janela eu caminhei com certa pressa. Vi que as mesas estavam em forma de dupla e no lugar que eu queria estava um garota de olhar perdido no lado de fora da janela. Seus cabelos eram castanhos e longos, os olhos escuros e cansados, ela usava um casaco verde musgo por cima de um suéter vermelho e calças jeans.
- Posso me sentar? - perguntei já me sentando ao lado dela - Você é aluna nova não é?
- Sou - ela se virou mudando completamente a expressão perdida para uma mais receptiva - Sou June Blake. Você é?
- Rosemary Light - falei com um pequeno sorriso - Pode me chamar de Mary
Nosso pequeno dialogo se encerrou quando senhor Banner entrou na sala e pediu para que pegássemos nossos cadernos. Meus olhos se reviraram e eu comecei a copiar minha anotações da aula. Notei que a garota ao meu lado, June, não estava copiando, mas o olhar dela estava fixo em um ponto. Seguindo o olhar dela eu vi que ela olhava para Brian.
- Pode esquecer - falei num sussurro.
- Hm? - ela me olhou como se saída de um transe .
- Você estava encarando o Prescott, Brian Prescott. Esse ai não vale o tempo - apontei para o outro canto da sala - Tá vendo aquela loira ali? Cabelos grandes e sapatos carmesim - olhei novamente para June - Darcy. Ela é doida e fissurada no Brian, os dois nunca namoraram na verdade... Mas ela fica toda na defensiva e ofensiva se vê alguma ameaça. Só esquece...
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O Diário de June Blake ( EM REVISÃO)
RomanceJune Blake uma garota de uma cidade do interior se muda para a cidade grande na expectativa de sua mãe para uma nova vida apôs o falecimento de seu pai. O problema é se a jovem vai conseguir se adaptar a vida nova.