Presságio

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Presente

Carlos se deu conta que havia se perdido em seus pensamentos quando o espelho ficou todo embasado. A água do chuveiro já havia esquentado, então o vapor se espalhou por todo o banheiro. Ele suspirou esfregando a palma da mão sobre o espelho para tirar o embaço, se assustando com o reflexo de um rato atrás de suas costas sobre um armário onde guardavam objetos higiênicos.

— Merda ! - Ele se virou e abaixou pegando o seu chinelo, lançou o primeiro sobre o rato que esquivou dando um pulo para o chão. Mas Carlos estava preparado para isso com o outro chinelo sobre o pé. Ele ergueu o pé em direção ao rato lhe pisando. O corpo do rato era esmagado com o peso do corpo de Carlos, o sangue do animal espirrou sobre seu corpo, sendo possível ouvir o último suspiro e "grito" do ratinho.

— Droga me sujei todo de sangue, que nojo. - Disse Carlos olhando seu corpo no espelho. — Apesar de que eu não deveria me importar mais. Esse corpo maldito.. preciso perder cada músculo que obtive em todos esse meses.

Carlos usou um pedaço de papel higiênico para pegar o corpo do rato morto, jogou na privada e deu descarga. O sangue no chão ele limpou também com papel higiênico, depois entrou no box para tomar seu banho. Alguns minutos depois ele saiu do banheiro para se vestir. Deu de cara com alguns suplementos em seu armário, pegou todos eles, voltou ao banheiro e jogou tudo na privada dando descarga logo depois.

Lá em baixo no primeiro andar da casa Vanessa já estava impaciente. — Cadê esse garoto ?! Ele está tão deprimido a ponto de nem querer comer ? - Disse ela sobre a mesa junto de seu pai.

— Você se importa demais com o seu irmão. - Respondeu o pai de Vanessa para ela.

— Papel que você deveria cumprir, né papai ? - Ela retrucou o encarando com desdém.

— Veja como fala comigo Vanessa, eu exijo respeito. - Ele respondeu com fúria batendo o punho sobre a mesa. — Eu me importo com ele. Você sabe que não sou do tipo sentimental. É o meu jeito, é o pai que vocês tem. E eu ouvi tudo atrás da porta. Eu sei que ele terminou com o frutinha lá..

Vanessa cortou o pai: — Frutinha não pai, Pedro, ele tem nome.

Ele suspirou revirando os olhos, dando continuidade: — Eu não gosto dele. Ele que terminou com o Carlos né ? Quando você ama de verdade você não abandona. E se ele abandonou, era porque não amava o Carlos de verdade.

— Own pai que fofo, você tem um coração onde eu achava que tinha uma pedra no lugar. - Disse Vanessa apertando as bochechas do pai.

— Pare com isso menina, e deixe de deboche. - Ele empurrava as mãos dela ficando corado. — Aliás eu sei o que é perder alguém que ama. Afinal de contas perdi a sua mãe ... Ele precisa de um tempo sozinho para pensar, então deixa ele.

— Que frescura, isso é coisa de homem ? Ficar sofrendo sozinho assim. Eu vou ao menos levar a janta dele até lá, depois disso prometo que deixo ele em paz. - O pai de Vanessa sacudia a cabeça negativamente pensando "— Entrou em um ouvido e saiu pelo outro". Já Vanessa preparava um prato com a comida que tinha preparado para a janta.

Ela saiu de casa e começou a subir as escadas indo em direção ao quarto de Carlos. Ela tocou a maçaneta para abrir a porta e entrar, mas lembrou do susto que o irmão levou antes. Então ela bateu na porta umas três vezes chamando pelo nome do irmão. Mas Carlos não respondeu, ela bateu de novo e nada. "— Será que ele já dormiu?". Pensou ela consigo mesma.

Sem respostas ela decidiu entrar. Vanessa se deparou com uma cena horrenda, em choque deixou o prato cair sobre o chão. O vidro se quebrou se espalhando pelo quarto inteiro. Segundos depois Vanessa reagiu gritando loucamente. — AHHHHHHHHH !

O pai de Vanessa subiu as escadas correndo após ouvir sua filha gritar. — Vanessa O que f-

Com seus olhos arregalados o pai de Vanessa começou a vomitar quando viu a cabeça de seu filho, Carlos, decepada ao redor de uma poça de sangue. Vanessa estava com a mão sobre a boca também perplexa, paralisada. — Vanessa o que aconteceu aqui ?! - Disse o pai após se recompor. Mas Vanessa estava em choque, não se mexia um milímetro. O pai lhe sacudiu chamando pelo seu nome e perguntando o que aconteceu ali. Até que ela recobrou a consciência.

— Hã ..? O-o quê? Eu não sei pai ! Eu cheguei aqui e .. - Vanessa saiu correndo daquele quarto para vomitar no lado de fora enquanto chorava. O pai desceu as escadas, entrou em casa e ligou para a polícia.

Ratos Escondidos no SótãoOnde histórias criam vida. Descubra agora