Noah
Quando eu era criança, meu pai dizia que eu tinha que ser feliz, sem ligar para o que as pessoas diriam, a opinião delas só me importaria se me ajudasse em algo, caso contrário, era inútil. E assim eu fiz, cresci sabendo que as pessoas iriam falar, bem ou mal, mas deixe que elas falem, se eu estiver bem e feliz comigo mesmo só isso importa. Mas nem sempre foi assim.
Eu tinha quinze anos quando me descobri, no início era estranho, olhar para outros caras e sentir atração, ver homens sem camisa era uma tortura. Eu tive medo. Eu ouvia as pessoas dizendo que era errado gostar de alguém do mesmo sexo, elas diziam que eu iria pro inferno. Ai eu percebi que não passava de mentiras para me obrigar a viver do jeito que a sociedade quer que eu viva, e naquele momento eu lembrei dos ensinamentos do meu pai, "cuidado com o que as pessoas vão falar, meu filho. Elas podem ser bem maldosas." Ele dizia, e se eu tivesse ouvido isso não teria me oprimido por tanto tempo, e não por temer ser aceito pelo meu pai ou minha mãe, mas por ter medo das coisas que as pessoas diriam sobre isso.
Meus pais me apoiaram quando eu contei, e algumas vezes eu já fui xingado na rua, nunca me agrediram, porque eu não deixei, mas eu sempre levantava a cabeça e seguia em frente, como o senhor Marco me ensinou. Na escola era difícil, o bullying era constante, mas, na faculdade foi mais fácil, as pessoas já eram adultas e algumas tinham senso do que a sociedade era, afinal, éramos todos da mesma idade e não tinha porque ficar brigando entre nos, claro que sempre tinha um ou outro que gostava de aparecer, mas nunca teve palco.
A minha vida não foi fácil até aqui, aliás não é fácil pra ninguém que nasce LGBT, algumas não tem o apoio da família, outras não sabem se defender dos ataques diarios.
Vamos voltar a minha história, eu me formei em Artes cênicas e hoje começo a trabalhar em uma escola, o problema é que a escola fica em um bairro chique de Los Angeles e eu preciso ir de metrô até lá. Minha família não é rica, mas tem o suficiente para viver bem.
Então, aqui estou eu. Dentro de um metro a caminho do trabalho, enquanto no meu fone de ouvido toca uma música da minha banda favorita. Esses metrôs não são muito seguros, aqui dentro é um pouco, até porque é difícil alguém querer assaltar ou fazer mal a outra pessoa com um monte de gente vendo. Mas, lá fora não, lá fora eles podem fazer o que quiser que ninguem vai ver.
Desci do metrô e comecei a andar em direção a saída, senti que tinha alguém me seguindo e olhei para trás, não tinha ninguém. Continuei andando e a sensação de que tinha alguém me seguindo voltou, olhei novamente para trás, dois homens agora me olhavam a uma certa distância, os dois eram altos e fortes, um tinha tatuagens pelo corpo e pude perceber que o outro tinha uma faca na mão, acho melhor não fazer nada.
Continuei andando, dessa vez acelerando os passos, que lugar é esse? O povo daqui é tudo rico e a segurança ainda é uma bosta? Se eles querem dinheiro vão se dá mal, não ando com dinheiro, apenas o cartão do metrô.
- Ei viadinho? - Ouvi um deles gritar.
Ah não, mas será possível? Até aqui? Acho melhor não ligar e continuar andando.
- Tá surdo viadinho? - Não dá. Me virei para eles e vi que eles tinham um sorrisinho no rosto, como se estivessem felizes por eu ter virado.
- Vão se foder. - Falei.
Eles foram se aproximando, enquanto eu virei de costas e voltei a andar. Eles começaram a correr, automaticamente eu fiz o mesmo, eu estava correndo de dois homofóbicos desgracados, as sete e meia da manhã em um bairro rico, e não tem ninguém no meio da rua. E pra piorar eu não conheço nada aqui, enquanto olhava para trás acabei tropeçando em uma pedra e de repente senti o impacto com o chão. Me virei sentindo uma dor imensa no meu tornozelo, droga.
-Te pegamos - Um deles falou enquanto os dois se aproximavam, eles tinham um sorriso malicioso no rosto, eu comecei a me arrastar e me encostei na parede.
- Esse mundo já tem erro demais, você é só mais um deles. - o de tatuagens falou.
- Não por muito tempo. - o outro completou e na medida que se aproximava ele levantou sua faca na minha direção.
- O que você vai fazer? O que foi que eu te fiz? - Gritei enquanto tentava fazer a dor passar.
- Nasceu, foi isso que você fez. - Ele falou e eu fechei os olhos quando ele fez sinal que ia enfiar a faca em mim.
Eu esperei pela facada, mas ela não veio. Então eu abri os olhos e vi um carro parado ao lado, tinham outro homem agora em pé na minha frente e o que estava com a faca, agora estava no chão enquanto o outro ajudava ele a levantar.
- Vão embora, antes que eu chame a polícia. - Ele falou, os dois homens sairam correndo e o homem virou para mim. Agora eu podia ver ele melhor, cabelo loiro e cacheado, olhos azuis e um corpo definido.
- Tudo bem? - Ele perguntou estendendo a mão para eu levantar.
- Eu acho que não consigo. - Acenei para o meu pé e ele percebeu que eu não tinha tirado a mão dali. Ele se abaixou ao meu lado e me levantou passando o meu braço pelo seu pescoço e consegui levantar.
- Eu vou te levar para o hospital, vem. - Ele falou me colocando dentro do carro dele.
- Eu não posso, tenho que ir para o trabalho. É o primeiro dia, não posso faltar. - falei.
- Nada disso, você vai para o hospital, precisa cuidar desse pé. - ele falou sentando no banco do motorista e dando partida. Aceitei, ate porque meu pé tá doendo demais pra reclamar.
Chegamos no hospital e ele em ajudou a descer, o médico fez um raio-x e disse que foi apenas uma torção no tornozelo, mas que eu precisava de descanso para me cuidar.
Sai da sala do médico com o pé enfaixado e ao olhar para a recepção vi o homem que me trouxe para cá.
- Ainda tá aqui? - Perguntei parando ao seu lado.
- Eu queria me certificar de que estava bem. - Ele falou.
- Foi só uma torção. - falei e fui até a recepção.
- Eu quero a conta da minha consulta. - Perguntei a moça.
- A conta já foi paga senhor. - Ela falou.
- Como assim? Eu não paguei nada. - falei incrédulo.
- Eu paguei. - O homen falou, eu revirei os olhos e fui andando devagar para fora.
- Quando deu? Eu vou te pagar.
- Não precisa, eu fiz porque eu quis.
- Eu não quero nada de você, eu não te conheço e não quero te dever nada. - Gritei e todo mundo que estava ali olhou para nós.
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𝐋𝐨𝐯𝐞 𝐈𝐬 𝐋𝐨𝐯𝐞 - 𝐍𝐨𝐬𝐡 ✔️
Roman pour Adolescents"Amor é Amor" Quando Noah ia para o seu primeiro dia no novo trabalho ele acabou se deparando com uma situação que ja virou rotina na vida de muitos jovens gays O que ele não esperava era que o destino fosse mudar sua sorte. ◇ A Capa da fanfic foi f...