Legal. O que estou procurando?
Aurora acreditava que alguma coisa acontecia, e, que estavam escondendo dela. E a amiga, Annabella, já sabia que ela não era ignorante à tal segredo. Aliás, nem poderia uma pessoa inteligente como ela acreditar que perguntas feitas de formas tão diretas e transparentes, fossem apenas indiretas à falta de conhecimento do que realmente acontecia ali.
Aurora sonhou e viu coisas. Às quais nunca quis acreditar. Por quê só queria ser normal. Ela não seria estranha aos olhos das pessoas mais do que já era para si mesma. Eles não iriam acreditar no que não podiam ver. Estava na mente dela. Lampejos do que parecia mais ser uma guerra. Pessoas desesperadas... Correndo... Lutando... Morrendo... Estremeceu ao reviver as imagens que raramente invadiam seus sonhos. Ela andou até a mesa do computador, e sentando-se na cadeira pegou a caixa de madeira que pertencera à mãe. Era de mogno. Tinha uns desenhos intricados, alguns pareciam o símbolo do infinito. Passeou os dedos pelos desenhos, desejando que sua mãe estivesse viva. E lamentando que aquela fosse uma das poucas lembrança que tinha dela. Abriu a tampa e além do velho livro de Orgulho e Preconceito, e um pequeno cadeado parecendo de ouro, tinha também uma única fotografia da mãe. Seus longos cabelos lisos, eram negros como a noite. Encarou os mesmos olhos cinzas que sabia que tinha. Ela vestia um longo vestido branco solto no corpo. Aqueles vestidos de verão. E com uma caneca nas mãos, em direção à boca, ela sorria para a câmera, por ter sido pega de surpresa. Era tão linda. Era a única foto que tinha. Sempre perguntou ao pai por quê... Ele respondia qualquer coisa sem nunca entrar em mais detalhes. E Aurora nunca o pressionava. Sempre que a mãe era mencionada, ele ficava com aquele olhar perdido.
Ela só podia imaginar o que ele estava pensando. A mulher que ele amava morreu... Enquanto Aurora nascia.
Deixando de lado a caixa e a foto da mãe, que ela percebera que não lhe dariam respostas porque era encarada com turvos olhos cinzas, Aurora saiu do quarto e desceu as escadas cautelosa. Não sabia se acharia Annabella ainda em casa, e estava tentando controlar a dor no peito.
No andar de baixo não sentiu a presença da garota. Era bom. Ela não achava que poderia vê-la sem ficar com vontade de implorar para que ela falasse o verdadeiro motivo por trás do seu silêncio.
Tinha uma parte de Aurora que queria acreditar que o segredo que a garota tanto escondia não fosse dela. Porquê alguns segredos não são seus para serem compartilhados.
E era ao pensar dessa forma que ela sentia que tudo era errado. Uma intuição que ela não sabia que tinha, gritava dizendo o contrário.
Você é a razão do segredo.
Encontrou seu alvo sentado no sofá da sala. Com uma perna dobrada em cima da outra, e uma mão apoiando o queixo, ele tinha aquele mesmo olhar perdido que Aurora mencionara.
- Pai - Ela chamou da entrada da sala.
Ele piscou algumas vezes antes de virar para olhá-la. E talvez fosse por quê seus olhos estivessem marejados com lágrimas não derramadas.
- Sim, querida.
- Você se arrepende?
Otávio olhou para ela naturalmente confuso.
- Do quê?
- De eu ter nascido?
Ele arfou surpreso com a pergunta. E antes que Aurora julgasse possível, ele já estava de pé. Caminhou até ela e segurou seu rosto entre as mãos e a olhou nos olhos.
- Primeiro. Eu te amo. Nunca duvide disso. Segundo. Nunca mais ouse ter esse tipo de pensamento. Dói em você, em mim, e teria o mesmo efeito na sua mãe.
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Os Diários Perdidos - Aurora
VampireEla não sabia que uma realidade diferente existia. Muito menos que fazia parte dela. Junto com os velhos e novos amigos, ela vai descobrir porque foi mantida escondida. E vai se deparar com situações que nunca imaginou possíveis. Em meio a tantas de...