Oito

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Mesmo sabendo que existia mais para ler, aquelas primeiras palavras pareciam dizer muito. Escondiam e revelavam ao mesmo tempo. Aurora só se confundiu ainda mais. Quem escrevera aquilo? Morreu?... Trazida de volta?... Esperança... Aurora? Qual Aurora? Ela? Como?

Um som chamou sua atenção de volta à realidade. Vinha do andar de baixo. Parecia que batiam em alguma coisa... Batiam na porta. Levantou-se deixando o diário em cima da cama e dirigiu-se para fora do seu quarto. Não era o seu pai. Ele tinha uma das cópias da chave. Então, talvez fosse Annabella, que resolvera aparecer e esclarecer algumas coisinhas. Novamente a amiga bateu na madeira da porta. Agora, Aurora já estava com a mão na maçaneta.

- Calma. Já estou abrindo... - Do outro lado não tinha ninguém. Como assim?

Foi até o gramado da frente de casa e olhou para todas as direções. A única pessoa que viu foi a Senhora Coleman. Vizinha da casa ao lado. Já idosa e de poucos cabelos e todos brancos, à passos de tartaruga, ela caminhava segurando seu cachorro vira-lata preto pela corrente. Ela já estava vários passos além... Então, sem chance de ter sido àquela mulher, quem batera à sua porta.

Voltou para dentro de casa. Que brincadeira de mau gosto. Talvez fosse alguma criança do bairro perturbando. Não seria a primeira vez. Subiu as escadas de volta para o seu quarto.

Parou subitamente na entrada. Paralisou. O que fazia? Gritava? Seus olhos estavam soltando das órbitas. No seu quarto, em frente ao guarda-roupa, olhando algumas fotos dela coladas ali, estava uma garota vestida de preto. Seu cabelo louro cacheado, estava amarrado num rabo de cavalo.

- Eu esperava mais de você... - Falou a estranha, olhando por cima do ombro. - Aurora

Sem capacidade de falar, ou de mover-se, Aurora encarou de volta o olhar negro e frio daquela estranha. Sua pele era extremamente pálida.

Quem era essa garota? O que ela fazia ali? E como entrou no seu quarto? Ela sabia seu nome... Conhecia ela... As palavras de Annabella vieram à sua mente espontaneamente. "Quando você se sentir ameaçada, mantenha a calma. E tente ganhar tempo."

A amiga repetiu essa frase algumas vezes. Aurora nunca entendeu. Mas dada à sua personalidade de amiga superprotetora, ela ouvia em silêncio divertido, enquanto pensava, " Annabella será uma ótima mãe."

- Quem é você? - Conseguiu perguntar, e não saiu do lugar.

A outra garota, agora encarando-a de frente, cruzou os braços no peito, e sorriu, um sorriso cheio de desprezo.

- Você não sabe muito, não é? Por mais que eu gostasse de explicar-lhe tudo, creio que não temos tempo para tanto.

Ela começou a andar pelo quarto, parando perto da cama, e olhando sem interesse nas coisas que estavam jogadas por ali.

- Para que não reclame de ninguém nunca ter te contado nada, vou responder sua pergunta. Eu sou, Filipa - Olhou para Aurora, e sorriu novamente. - Uma assassina.

Um frio ártico passou pela espinha de Aurora. Ela acreditava no que Filipa falara. Mas, com uma frieza própria, que nunca imaginou possuir, manteve-se calma. Não permitiria que o medo tomasse as rédeas da situação.

- O que você quer? - Ficou feliz consigo mesma ao falar sem vacilar.

- Ah, Aurora... - Filipa encarou-a e fez biquinho. - Não é óbvio? Você não pode ficar viva, querida.

Onde foi parar todo o ar daquela parte do país? Aurora estava sufocando aqui. Ela corria agora? Mas para onde? Ela tinha certeza que Filipa não facilitaria nessa fuga. A garota entrou na sua casa sem ser percebida... Por favor...

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⏰ Última atualização: Mar 26, 2015 ⏰

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