COMEÇO

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Me chamo Madson Greene, sou do Oregon e nós estamos em 1945, no final da segunda guerra mundial. Atualmente, eu estou em um vilarejo no sul, onde quase não temos visitas. Próximo a essa cidadezinha, temos uma base militar antiga e pequena, que serviu como ponto de apoio durante a guerra, e com ela, trouxe vários outros soldados para cá, incluindo Johnny Rhee, o homem pelo qual me apaixonei, e não me arrependo de ter conhecido. Johnny era o tipo de homem que sempre imaginei que fosse encontrar, porém, nunca pensei que fosse ser tão cedo. Ele era alto, seus cabelos eram negros e ele tinha descendência asiática, já que havia herdado dos seus avós. Seu jeito de ser era espontâneo, e ele tinha a incrível habilidade de me fazer rir em todos os momentos. Esse era o Johnny que eu me apaixonei.

Estávamos na primavera, mamãe havia ido visitar vovó na Califórnia, me deixando com minha irmã mais velha, Tara Greene. Eu e Tara temos quase a mesma idade, ela apresenta vinte e dois anos e eu apresento vinte anos. Mamãe sempre queria nos ver casadas, dizia que seria a realização de um sonho que ela sempre teve, mas Tara, além de ser a mais velha, se considera lésbica nos tempos atuais, repudiando qualquer homem que apareça em sua vida com intuitos amorosos.

Eu estava numa mercearia, estava a espera de Tara para que a mesma me ajudasse com as sacolas, já que estavam pesadas. Tara era fascinada por revistas de aviação, então, todos os domingos ela fazia questão de comprar um edital novo em folha, com varias mulheres na capa mostrando como era fazer parte da aeronáutica em plena segunda guerra mundial. Tara amava aquilo, e as comprariam sem fazer algum esforço. Eu resolvi ir andando na frente, já que minha irmã estava demorando bastante, e foi ai que tudo aconteceu, foi ai que, pela primeira vez em anos, pude sentir borboletas em meu estômago. Ele batera em meu ombro sem querer, e naquele instante, meus olhos se encontraram com os seus, e foram choques leves, em doses gostosas, que me senti inerte por alguns segundos.

-A senhorita precisa de ajuda? - Suas mãos grandes se esticaram em direção as minhas sacolas. -Não, obrigada! - sorri.

O mesmo não se deu por satisfeito, continuou insistindo para que eu pudesse deixa-lo carregar minhas sacolas, mas repeti as mesmas coisas dizendo que já estava próxima de minha casa, o que era uma tremenda mentira.

Tara apareceu ao meu lado, me causando um pequeno susto. A mesma estava admirada com aquela situação, então ajeitou seus cabelos curtos e deu um sorriso forçado.

-Posso saber o que o senhor deseja de minha irmã? -Tara pôs suas mãos na cintura.

-Eu só quero ajuda-la! As bolsas parecem pesadas de mais.

Tara, por sua vez, não recusou, já que estávamos longe de nossa casa. O rapaz passou o caminho inteiro sendo guiado por minha irmã, que no final ainda fez questão de lhe dar gorjeta.

-Não precisa! -Ele se afastou um pouco da porta de nossa cozinha.

-És novo por estas bandas? - Tara iniciou seu interrogatório.

-Sim! Eu sou soldado do forte do New Oregon. Cheguei por esses dias.

-Então moras com um bando de rapazes? - Tara não se poupou nas palavras.

-Sim, mas já estou de saída!

-Para onde vai?

-Vou servir novamente. Temos missões pelo mundo. - Sua face se alegrou rapidamente.

-Isso é maravilhoso! - celebrei.

-Bom, já que não aceitou minhas moedas, existe uma outra forma de recompensar por trazer as sacolas? - Tara se posicionou ao lado de fora, que dava um acesso rápido para a nossa cozinha. 

Tara pegou um dos seus cigarros -Ela não costumava fumar na frente de mamãe. -E o tragou.

-Bom, Hoje à noite haverá um baile de boas vindas aos soldados. Este baile será aqui mesmo em vossa cidade. Se me permite, gostaria de chamar tua irmã para ir comigo.

CARTAS DE JOHNOnde histórias criam vida. Descubra agora