Capítulo 1: Me conta da tua janela

11 3 0
                                    

……………..….…....…...◇………………..……….
Notas iniciais

Olá, quanto tempo. Espero que estejam bem.
Hoje vim trazer para vocês uma song fic minha e da LLAutora . Em minha humilde opinião, ela é super fofinha e o Naruto então, nem se fala. Se eu pudesse roubava ele para mim kkkk
Bom, espero que gostem.
Ps: Essa fic esta sendo postada no meu perfil e no dela.

……………..….…....…...◇………………..……….

Naruto Uzumaki

Dizem que pensar na morte, das mais lentas as mais rápidas, é algo comum apenas para escritores e poetas, ou pessoas intimamente deprimidas, mas para mim o pensamento de morte é apenas um reflexo extremamente comum para qualquer pessoa que trabalhe. E ele pode se intensificar caso esta pessoa tenha que entregar um projeto atrasado que simplesmente nunca fica pronto. Eu mesmo, estou nesse exato momento olhando para a minha parede azulada, pensando quantas vezes tenho que bater a cabeça contra ela para perder a consciência. Eu julgo essa como sendo uma morte lenta, mas muito — muito mesmo — menos dolorosa do que ter que enfrentar outra reunião com meu chefe só para ouvir o quanto esse projeto é importante e como minha conta bancária ficará minúscula se eu não o entregar a tempo.
Na verdade, eu estava descobrindo que pensamentos mórbidos eram realmente recorrentes para pessoas como eu, que trabalhavam para pessoas indecisas e impacientes. Desde que cheguei em casa ontem, até o momento, já pensei em exatamente dez formas de como poderia assassinar meu indeciso e importante cliente, que gentilmente mandou sua secretária me avisar, trinta minutos antes de eu entregar o projeto, que ele tinha mudado de ideia e gostaria de algo diferente. 
Com o projeto modificado e o prazo mantido, eu tinha tempo para ficar pensando em assassinatos ou em mortes lentas e rápidas? Não, mas isso parecia incrivelmente mais fácil do que fazer o maldito projeto. Já tinha tentado de tudo, todos os passos de marketing para projetos mais elaborados aos mais simples, mas nada tinha funcionado. Tudo parecia simplesmente sem graça.
— Queremos um projeto mais humano, que una as pessoas.”
Tinha sido o recado que recebi, o que não fazia o menor sentido. Claro, teoricamente uma empresa de comunicação deveria promover a união entre as pessoas, o problema era que não estávamos exatamente em um momento em que poderíamos simplesmente fazer algum evento de divulgação que alcançasse muitas multidões. 
Massageie as têmporas, tentando inútilmente aliviar a pressão que sentia descer sobre mim. Todas as ideias que eu tentava pareciam igualmente bobas e clichês de um jeito realmente ruim. Na verdade, estava pensando seriamente em ficar de cabeça para baixo, para ver se o sangue na cabeça me fazia pensar.
— Vamos, Naruto. — Implorei a mim mesmo.
Assisti entediado minhas anotações feitas de garranchos. Até minha letra parecia mais criativa do que minhas ideias. Cansado de mim mesmo, decidi ir tomar um copo d’água. Não é como se dois minutos fossem fazer alguma diferença para alguém na minha situação, mas ainda assim me obriguei a levar o lápis atrás da orelha e o bloco de notas preso no elástico da samba canção, pro caso de Deus decidir lembrar que eu existo e que preciso desse emprego para pagar minhas contas. 
O último projeto se resumia em mostrar a necessidade de contato com segurança. Claro, eu tinha que concordar que não era meu projeto mais vivido, mas estar enclausurado em meu pequeno apartamento, sozinho com as rápidas exceções das reuniões, estava afetando diretamente em minha criatividade. Por mais que São Paulo fosse uma cidade barulhenta, com pessoas andando em trote pelas ruas — e muitas vezes sendo mal educadas — era inegável a diversidade que encontrávamos aqui. Já tinha morado em vários lugares, mas nunca tinha visto uma cidade em que fechavam toda uma avenida durantes horas apenas para as pessoas dançarem e cantarem nas ruas, sem se importar com suas vidas corridas, ou contas para pagar. Lembro-me que na primeira vez que vi aquilo fiquei tão deslumbrado que por pouco não fui atropelado por um bando de ciclistas, mas quem poderia me culpar? Não era comum ver casais se puxando para o meio da rua, apenas para se mover de um lado para outro. Lembro-me também como aquela cena me pareceu mais brilhante que qualquer luminária estendida pela rua e como foi ali que decidi voltar meus projetos para coisas extravagantes, que passassem a mesma sensação que tinha sentido. Eu queria que todas as outras pessoas que não tiveram a oportunidade de ver o que eu vi, pudessem ao menos sentir esta sensação pelo menos uma vez. 
O problema de voltar seu trabalho para sensações e para como se sente, é que quando tudo está péssimo, meus trabalhos também recaem. A Pandemia já tinha começado a meses e todo o dia parecia que estava pior, que tínhamos apenas descido mais alguns centímetros de um longo poço. Obviamente algumas pessoas tinham encontrado formas de sorrir durante o caos, e a maioria tentava passar isso para os demais através de vídeos e postagens na rede. Eu tinha sido uma dessas pessoas alcançadas, em um simples e bobo vídeo de uma criança brincando com seu pai, tinha encontrado uma pequena luz. Foi rápido, todavia igualmente potente e nesse momento quis retribuir e fazer algo assim, mas foi também nesse momento em que recebi uma proposta estressante e minha criatividade simplesmente decidiu se atirar pela janela. 
Suspirei pesadamente, olhando para minha parede branca, enquanto afogava minha chateação em longos goles. Desde que cheguei nesse apartamento tinha reparado nessa parede. Ela era grande e incrivelmente lisa para o material, além de ser a única coisa branca no apartamento, já que todo o restante era bege, ou tinha tons azul-claro e cores pastéis. Tinha escolhido esse apartamento graças a essa parede, com um desejo infantil de decorá-la do meu jeito, pintar, ou desenhar — mesmo que eu seja péssimo nisso — ou colocar fotografias, mas nunca fiz nada. Engraçado que antes dizia que era por não ter tempo para focar nisso, mas agora que desculpa eu poderia usar? Eu passava o dia em casa. A questão era que a cada dia em que olhava para ela tinha a impressão de que finalmente estava na hora de pensar em algo para decorar, no entanto, acabava adiando para o dia seguinte e depois outro dia e outro.
Talvez seja a hora” compreendi repentinamente inspirado e corri de volta ao meu quarto com o copo em mãos. Quando se mora em uma Cidade grande, coisas como bloqueios são super comuns, pois nossa mente está sempre tão a mil que fica difícil não pensar de forma automática, então também era comum que aprendêssemos várias dicas para resolver essa doença. Às vezes para fazermos algo, temos que desfocar. Fazia horas que estava com o projeto martelando em minha cabeça, forçando as ideais rodarem meu corpo, nem que tivessem que tomar o lugar do oxigênio para isso, ou seja, eu precisava desfocar.
Desbloqueei a tela do meu computador e abri o Spotify, colocando na primeira playlist que apareceu e aumentei o som o máximo que podia. Se isso funcionasse, lidar com os xingamentos dos meus vizinhos era o mínimo. Não conhecia aquela música, tão pouco quem estava cantando, mas suas vozes femininas eram baixas e harmônicas, do tipo que te dá vontade de ficar descalço, apenas se movendo como o vento. E foi exatamente o que eu fiz, fechei os olhos tentando de alguma forma deixar “as energias da criatividade” tomarem meu corpo. 
— Respira fundo. — Instrui a mim mesmo, antes de dar mais um gole do copo. 
Continuei meu estranho exercício mental, que provavelmente parecia mais um bêbado sem equilíbrio, até sentir que conseguia respirar mais calmamente e me sentei mais uma vez de frente para a mesa, analisando meus projetos como se alguma resposta fosse surgir apenas porque eu queria. Respirei fundo mais uma vez, ouvindo o ar saindo dos meus pulmões quando expirei ritmado, como naqueles vídeos de yoga. Fechei os olhos e então os abri lentamente e então algo aconteceu. Um grande e marcante nada. 
— Ser Zen é muito irritante. — Bufei, esfregando o rosto.
E mais uma vez, como isso não era meu projeto, me vi criativamente imaginando um caderno mental, onde eu anotava a pergunta que faria caso algum dia encontrasse alguém Zen, mais exatamente, como perguntaria à ela como conseguia passar horas sentada, respirando fundo e ouvindo o som das “vibrações da terra”. Agarrei o lápis atrás da orelha e meu bloco no quadril e fiquei ali por alguns segundos, vendo meu tempo se esgotar. Se não me trocasse agora, eu provavelmente chegaria vinte minutos atrasado para o serviço, que infelizmente tinha voltado a ser presencial por essas semanas. 
Rabisquei a página, como se em algum momento minha mão fosse tomar vida própria e escrever uma ideia digna de um Nobel, mas claramente isso não aconteceu e no fim eu só tinha um bando de riscos fracos e a letra da música que tinha acabado de ouvir escrita em letras garrafais. 

Nossa MúsicaOnde histórias criam vida. Descubra agora