Casamento Arranjado

45.

Narrador

Quando Arizona entrou de volta em casa,    encontrou Callie curvada com uma mão na barriga e a outra nas costas batendo levemente tentando amenizar a dor que aumentava gradativamente fazendo o exercício de respiração que aprendeu, logo a loira se aproximou da esposa fazendo massagem nas costas dela, e fazendo também o exercício de respiração ajudando a mulher e percebeu o chão molhado, realmente a bolsa tinha estourado. A essa altura Callie já chorava.

- Calma, amor, você precisa ter calma. - Arizona disse calma esfregando as costas da mulher.

Callie gritava e chorava de dor, sentia raiva da esposa, culpa dela estava sentindo aquela dor toda, e Arizona ainda estava ousando pedir calma a ela, a morena pegou suas forças, juntou e segurou na gola da camisa da loira e a puxou para bem perto do rosto dela.

- Se você me pedir calma, eu vou jogar você lá embaixo, eu estou sentindo essa dor por culpa sua, culpa sua. - Disse chorando. - Cala boca, e me leva para um hospital porque eu acho que essa criança já tá ME RASGANDO. - gritou a última parte fazendo Arizona a olhar assutada.

- Mas..nem arrumamos a bolsa de maternidade ainda. - Arizona disse baixo.

- Eu não quero saber, Arizona. A SUA FILHA TÁ ME RASGANDO. ME LEVA PARA UM HOSPITAL AGORA E DEPOIS VOCÊ RESOLVE ISSO. - Callie estava impaciente e com dor.

- Tá bom, vem amor. - Arizona disse pegando a bolsa da esposa e a sua própria seguindo em direção a porta.

Abriu a porta e ia saindo quando ouviu Callie gritar.

- ARIZONA ME AJUDA!

Voltou correndo e se fez de apoio para a esposa, e seguiu com ela para o elevador, desceram e caminharam até o carro na garagem devagar, Callie entrou no banco de trás agonizando de dor, chorando, e pedindo pra filha ter só mais um pouquinho de paciência, e Arizona entrou com ela esfregando a barriga dela.

- Arizona. - Callie disse respirando fundo. - É lindo você querer ficar do meu lado mas VOCÊ PRECISA DIRIGIR.

Arizona arregalou os olhos, sorriu sem graça e se sentou no banco do motorista e, finalmente, deu partida no carro.

O que o casal não esperava é que duas ruas depois do prédio delas, o engarrafamento estava terrível. Arizona xingou mentalmente cada motorista ali ao ouvir os resmungos da esposa.

- Ari... - Callie chamou baixinho.

- Oi, amor, nós vamos conseguir sair daqui já já. Tá bom? - olhou para a esposa pelo retrovisor.

Callie fechou os olhos forte e voltou a abrir encarando a mulher.

- Encosta o carro.

- O quê? Callie, eu não posso...

- Encosta esse carro. - Disse pausadamente com raiva.

Arizona fez o que a esposa falou encostando o carro e  ouvindo várias buzinas dos motoristas reclamando. Saiu do carro e seguiu para o banco de trás abrindo a porta.

- Callie, o que a gente vai fazer? - Arizona perguntou nervosa.

- Você vai ligar para o hospital e pedir uma ambulância e eu vou tentar segurar a sua filha um pouco mais.

Arizona fez o que a mulher disse e voltou para o carro, mas quão grande foi sua surpresa ao ver Callie suando de pingar e respirando muito fundo.

- Arizona, tira essa criança, eu não aguento mais, tira ela de dentro de mim. - chorou. - tira, Arizona, tá doendo muito.

- E-eu? Ca-calma...Não sei fazer isso.

Callie levantou o vestido mostrando estar sem calcinha.

- Eu vou fazer força e você vai puxar, a bolsa estourou há muito tempo, a sua filha vai morrer se ficar aqui dentro mais tempo. É ISSO QUE VOCÊ QUER? - Callie tentava convencer a mulher.

- N-nao.

- Então, FAZ O PARTO DA NOSSA FILHA!

Arizona pegou uma garrafa de água no banco da frente e lavou as mãos, pegou seu casaco e colocou entre as pernas da morena.

- Certo, eu posso fazer isso. - Arizona sussurrou mais para si mesma. - Abre as pernas mais, Callie. - a morena assentiu com a cabeça e o fez. - Vamos fazer isso juntas, pela nossa filha. - Callie assentiu de novo e deu um leve sorriso. - Na próxima contração você empu...- a frase morreu quando Callie gritou empurrando.

- Tá doendo tanto... Isso não era pra ser lindo? - Callie disse.

- Vai amor, de novo. - Callie empurrou. - Meu Deus, eu vou desmaiar. - Arizona sussurrou.

- O quê? O que você disse? - Callie perguntou assustada.

- Nada, amor. Vamos continuar.

Callie assentiu com a cabeça e continuou fazendo força e gritando, algumas pessoas se aproximaram dali, e entre uma força e outra, Callie suspirou aliviada ouvindo ao longe barulho de sirene, ela não se importava em estar exposta para várias pessoas, mas na verdade nada mais pareceu importar, quando Arizona a mandou empurrar de novo e ela ouviu um choro forte ressoar pelo banco de trás do carro. Ela finalmente chorou de alívio e olhou para Arizona que chorava com a filha enrolada no casaco no colo.

- Amor, você conseguiu. - Arizona disse exibindo um sorriso entre as lágrimas.

- Não, Arizona, nós conseguimos, você foi incrível. - as duas trocaram sorrisos sinceros, e viram a ambulância parar atrás do carro e abrir espaço entre as pessoas. Callie encarou Arizona que colocou Sofia nos braços dela e  sorriu olhando para a filha. - Eu te amo, Arizona.

A loira encarou a esposa surpresa, mas sorriu.

- Eu te amo, Calliope. E amo a nossa filha.