Casamento Arranjado

73.

Arizona Torres Robbins

Quando encontrar alguém, e vai encontrar, e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, espero que não seja por você ter dormido com ela uma noite e descobrir que vai se casar duas semanas depois, e que a engravidou, enfim, quando encontrar, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida. Repare se os olhares se cruzarem e, neste momento houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu. Fiquem atentos aos toques, se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês. E se do nada o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, você está amando.

Por isso, eu digo, preste atenção nos sinais, não deixe que as loucuras do dia a dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O AMOR.

Eu encontrei o amor numa morena muito linda e amável, e a melhor parte do meu dia é o sorriso dela. Estar com ela mesmo depois daquele contrato idiota acabar, foi a decisão mais fácil que tomei na vida, e todos os dias que acordo ao seu lado eu me sinto a mulher mais sortuda do mundo.

Ela é minha alma gemea, minha melhor amiga, minha confidente.

E agora eu estou estacionando o carro na nossa garagem, com a mini eu do meu lado, essa menina é minha cópia, pronta para sair e encontrar minha linda mulher e meus outros dois bebês.

- Sof, vai direto tomar banho, ok? - Eu disse saindo do carro e fechando a porta.

- Tudo bem, mamain. - A menina disse e entrou em casa.

Quando eu cruzei a divisa do corredor com a sala, foi uma festa, Arthur e Harry pulavam animados e balbuciavam coisas que só o "mamain" era entendido. Eu sorri e abaixei pegando os dois. 

- Oi, amor.  - Callie disse me dando um selinho.

- Foi tudo tranquilo hoje? - perguntei enquanto brinco com meus bebês que estavam sentados um em cada perna.

Callie respirou forte.

- Tranquilo? Eu estou exausta. - rimos.  - Ainda bem que amanhã é seu dia.

- Eles se comportam comigo.  - dei de ombros.

A morena me olhou e ergueu uma sobrancelha.

- Bom, eles descobriram a escada hoje,  boa sorte.

Minha esposa disse piscando. E vimos Sofia entrar correndo e indo direto beijar os irmãos.

- Devagar, filha. - alertei.

- Depois que essa aí teve irmãos, a mamãe não existe mais. - Callie disse fazendo bico e eu acabei rindo. 

Minha mais velha se jogou no colo da mãe.

- Eu te amo muitooo, mamãe. - Sofia disse num tom de exagero.

Pedi que Callie olhasse os três para eu tomar um banho rápido e agora estou aqui encostada na parede vendo, meus três filhos deitados no chão, e Callie sentada no sofá. Passei por trás e me joguei no colo dela.

- Ai, que susto amor. - Ela disse rindo e me dando um tapa no braço.

Eu ri.

- Você reclamou tanto da Sofia vir minha cópia que os meninos vieram a sua. - Eu disse olhando as crianças.

- Dois contra uma, eu ganhei. - Ela disse piscando para mim. 

- Se quiser, eu faço mais dois a minha cópia. - Sussurrei de volta.

Callie gargalhou.

- Querida, aquela dor eu não sinto nunca mais.  - Disse me dando um selinho.

Eu respirei fundo. 

*

Vocês conhecem Manuel Bandeira? Mas especificamente a obra "Arte de Amar"? Ela diz que se queremos sentir a felicidade de amar, devemos esquecer a alma, e que devemos deixar um corpo se entender com o outro.

Há uns anos atrás, meu corpo se entendeu com o de Callie, e tivemos Sofia e começamos a nossa família.

Foi um casamento arranjado, mas hoje Callie, Sofia, Arthur e Harry são a minha prioridade, minha felicidade.

Eu vivo um sonho, e agradeço muito por ter entrado nessa de casamento arranjado.

Fim...
          (ou não)