Nível 4. Minhas duas versões.

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Minha mente vaga por aí, enquanto meu corpo relaxado apenas fica deitado olhando ao teto, querendo devorá-lo. Poderia já estar dormindo, agasalhado sob indicação do atual frio, mas não há possibilidade de não me levar diretamente aos acontecimentos recentes.

Escuto V cantar baixinho do outro lado do quarto, bem sereno e relaxante me levando cada vez mais em direção ao sossego.

De pensamento em pensamento eu finalmente caí em um sono tão profundo quanto você possa imaginar. E para a minha infelicidade não durou tanto quanto eu gostaria que durasse.

O som do alarme apitando faz com que eu me mexa preguiçosamente, tentando assimilar do porquê o horário ter passado tão rápido, parece que eu havia adormecido minutos atrás.

Com os olhos ainda fechados, tento procurar pelo meu celular com as mãos e ao finalmente encontrá-lo desligo sem nem pensar direito, eu só preciso de mais cinco minutos e está tudo certo.

O sono tranquilo me pegou de jeito, é o que ao meu ver faz o mundo girar em segundos apenas, a sensação de estar aqui confortável em meu próprio momento é entorpecente me deixando fora de mim.

Me perco assim em outra realidade.

A visão turva me proporciona um esforço descomunal, vejo mar e nada mais. Parece que as ondas estão calmas assim deixando o clima suave com uma brisa fresca, consigo sentir toda a sensação de melhoria e relaxamento, como se eu estivesse predestinado por todas as vidas a estar aqui.

Meu corpo está leve, juro que a qualquer momento poderei flutuar. Visto apenas roupas brancas que quase não tem espessura, enquanto meus pés estão descalços apreciando a areia macia e convidativa.

Ouço barulhos atrás de mim, soa aos meus ouvidos como pessoas. Atento-me mais ainda quando escuto uma voz conhecida, ainda sem coragem de me virar para ver. As coisas estão gradativamente mudando, o mar que antes era quase cristalino agora está vermelho, como se quisesse alertar perigo aos deuses.

A areia embaixo dos meus pés fica mais densa, praticamente me expulsando daqui, ela quer que eu corra, essa é a mensagem dela.

Há agitação presente no ar, a calmaria se foi por completo. Sem conter meus pensamentos, giro meu corpo em direção ao barulho que irrita a sensibilidade.

Nada além de duas pessoas que causaram isso, uma mulher de cabelo castanho longo e o segundo componente da cena eu reconheço de imediato, sou eu.

Me próprio observo de longe, vendo-me gritar com a mulher em questão. Sem pista nenhuma segue sendo um mistério nossa pauta, o que me preocupa são os dois corpos que estão cada vez mais juntos sem nem perceberem o que estão fazendo, e a aura vermelha de ódio entre eles me causa nervosismo.

A conversa entre eles fica cada vez mais alta até que uma terceira pessoa corre em direção aos dois, no mesmo instante eles se calam, ambos apresentam medo no olhar. A cada passo se torna mais evidente sobre quem se trata, é V.

O personagem do jogo, está logo ali na frente dos nossos olhos, em sua forma humana com um corpo inteiro, não apenas seu tronco.

"Você precisa acreditar em mim!"

É a única coisa que alcança meus ouvidos, o garoto diz em direção ao meu eu que não tenho consciência como existe e como consigo vê-lo.

Ele repete essa mesma frase diversas vezes diminuindo a voz e chorando, suas mão tentam encontrar as minhas mas aquele eu não parece querer ser tocado de modo algum, está assustado.

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