1

3 1 0
                                    

Já disposta, decidi que talvez eu devesse manter-me firme, mamãe não gostava de ódio e dizia ser uma palavra muito forte, quero respeitar isso, mesmo que ela não esteja aqui para me dar uma bronca.

São quase quatro da tarde, é um típico domingo fresco e calmo com bastante sol, talvez aproveitasse para ver mais a cidade, está verão então vou aproveitar o máximo antes que o frio intenso chegue, tirei minhas vestes e me vesti com blusa de botões branca, um suéter largo azul marinho, uma calça legging um tanto larga com detalhes xadrez creme, meias cinzas escuras com uma bota de cano curto extremamente simples, diferente do resto da família, preferia me vestir mais casualmente possível, roupas caras e exageradas demais me agonizavam, nunca entendi a necessidade deles de gastar tanto com isso!

Enquanto pensava nisso, atravessei as medievais casas da 29A High Street e me deparei com algo, uma galeria de artes! Tinha uma enorme janela de vidro com produtos expostos, possuía estatuas, quadros, objetos decorativos e muito mais! Não hesitei em entrar, devo ter passado horas admirando quadros e tudo que encontrei, decidi decorar o nome, se chama Art and Soul Gallery, quero vir aqui visitar este lugar mais vezes!

Na saída, quando ia ir em direção da Knoops, uma casa de café e chás, sendo considerada entre uma das cinco melhores em Rye, esbarrei com uma mulher, ela era um tanto baixa (provavelmente de 1,58 de altura), cabelos ruivos claros presos num coque levemente bagunçado, olhos verdes claros, um rosto fino e delicado, usava uma camisa branca de mangas bem longas, um suéter sem mangas creme claro, saia preta daqueles modelos que parecem ser de secretários chiques e sapatilhas casuais, segurava um café em suas mãos.

— Opa! Desculpa — Exclamei tímida, mesmo que seu café tenha caído um pouco em meu agasalho.

— Não, não, tudo bem e... Desculpa pelo suéter, sujou um pouco sem querer. — Sua voz era baixa e suave, um tanto suave, deveria ter menos de dezoito anos, talvez.

Antes que a mesma saísse apressadamente, segurei levemente sua mão para impedi-la.

— Ei! Moça, espera um pouco. — Chamei, ela se virou e se aproximou para me ouvir.

Passei a mão pelos cabelos os jogando para trás da orelha e lambi os lábios nervosa, nunca fui boa interagindo.

— Eu, eu sou nova aqui, vim de Londres faz pouco tempo, digo, vim aqui faz menos de duas horas e... — Travei ao tentar formular uma frase e comecei a balbuciar, gesticulei com as mãos sem saber o que dizer e só soltei:

— Eu... Bom... — Tossi tentando disfarçar meu nervosismo e constrangimento de não ter capacidade de falar o que quero. Dei um riso tosco, pela deusa eu realmente sou tão antissocial assim?

— Queria saber onde fica a Knoops! Sim, sim, isso. — Lancei me arrependendo de ser tão idiota.

— Ah, é por ali — Apontou em direção a Knoops, que ficava em 0.2 km daqui.

Poxa, eu me odeio, como eu não vi? Acho que preciso usar óculos de grau, tipo fundo de garrafa.

Suspirei por minha estupidez, agradeci e sai andando, ela foi pelo lado oposto, nem perguntei seu nome. Do que adiantaria? Talvez uma amiga, mas não sei se confiaria nela...

Entrei no café para melhorar o astral, bebi e comi muito, o lugar, as bebidas e a comidas eram agradáveis demais! Além do ótimo preço, ao notar o anoitecer, decidi que chegou hora de ir pra casa, odeio ficar fora de casa a noite, digo... Não gosto.

Ao avistar minha casa, pensei como seria meus vizinhos, talvez eu os visite pra já me enturmar com o pessoal dessa rua, adentrando a entrada pisando sob o caminho de pedras, olhei para a casa do outro lado, no lado de frente a mim sendo a última casa da rua reta, vi a garota que esbarrei, carregando sua bolsa e pastas com muitos papeis dentro, quando me viu pelo jeito reconheceu-me e acenou, acenei hesitante e corri mais discretamente possível para me esconder envergonhada.

Eu preciso começar a ser menos doida...

Ou ignorar os vizinhos. Quem sabe? 

Margaridas ao luarOnde histórias criam vida. Descubra agora