Prólogo

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-Conte-me como aconteceu novamente Magh!

-Mas você já ouviu essa história centenas de vezes Mon!!

-Poooooorfaavooooooor!!!!

-Tudo bem eu vou contar…Era uma vez a muitos e muitos anos atrás…

Em uma terra mágica chamada de Encantia, no dia em que Morion, o rei de Topur iria ser coroado, haveria uma grande festa dada tanto para a realeza quanto para a plebe.
Até mesmo os sábios dos quatro reinos de Encantia estavam presentes para abençoar a coroação do jovem rei, eram eles Venos de Fornus, Angeline de Topur, Leonel de Costim e Celesty de Siliem.
E para comemorar a coroação a sábia Angeline cantou uma de suas doces canções para o rei.
Morion ficou tão fascinado por ela que a pediu em casamento na mesma noite, mas Angeline duvidava de seus sentimentos e não aceitou, ele então a perguntou o que precisava fazer para ter seu amor, ela disse que queria apenas que ele lhe provasse que seu amor era verdadeiro. O rei gentilmente pegou a mão da jovem sábia, ajoelhou diante ao oráculo Magnus, e na frente de todos os seus súditos, jurou-lhe amor eterno.
Os dois se casaram e um tempo depois Angeline engravidou e para a alegria de Morion era um lindo menininho.
Mas a alegria não durou para sempre. Em uma longa viagem a Costim, eles foram surpreendidos por um enorme monstro gelado! O enfrentaram e o derrotaram, porém a rainha saiu com graves ferimentos e não resistiu, mas felizmente puderam salvar o bebe.

-E foi assim que você nasceu…pronto Mon…agora vá dormir já está tarde meu bem.

-Está bem Magh…ei Magh?

-Sim?

-O monstro gelado…é o dragão de gelo guardião das terras de Topur não é?

-Ninguém sabe quem foi o monstro que os atacou, e se eu fosse você não ficaria pensando nisso…vá dormir agora está bem?

-Tudo bem.

Magh sai do quarto do pequeno dando um suspiro.

-Contando histórias para ele de novo irmã Magh? Não acha que ele já está grande demais para isso?

-Não posso evitar, é a única coisa que o pobre garoto sabe dos pais. Ele não tem culpa de ter sido deixado aqui logo após nascer.

-O rei fez isso para seu bem, tenho certeza que crescer aqui foi bem melhor para ele do que seria se ele fosse criado naquele castelo frio.

-Eu sei irmã Ana, eu sei.

~

Assim como todas as outras manhãs, Mon acordou com os sinos do templo, levantou da cama e pôs suas vestes.

Foi para o grande refeitório tomar seu café da manhã sozinho.

Mon passou dezesseis longos anos morando com os sábios, ele vive no templo desde seu nascimento ao contrário dos outros jovens que ali haviam, eles iam ao templo apenas para estudar com os sábios templários, eles sempre ficavam pouco tempo, e logo voltavam para casa de seus pais, mas Mon não, ele não tinha para onde voltar, nunca conheceu nenhum lugar dos quatro reinos, só sabia o que Magh contava em suas histórias, ele nunca tinha ido para fora dos grandes muros do templo e sempre o fitava imaginando as maravilhas que poderiam haver lá fora.

Saiu do refeitório a fim de ir para área de estudos, porém, nenhum dos sábios templários estava lá, isso era estranho, afinal eram todos bem pontuais com os horários e não admitiam atrasos.

-Olá - Mon virou-se, era Aurora. Uma das novatas, Mon não tinha permissão de falar com os outros alunos, somente com os sábios, então apenas lhe fez uma reverência curta - Os templários saíram, tiveram uma emergência, acho que voltam em poucas horas mas mesmo assim não haverá aula.- Mon sorriu como forma de dizer "obrigada".

Aurora era de alguma forma…amiga de Mon, apesar de quase nunca se verem e da garota nunca ouvir a voz do pequeno, eles costumavam passear juntos pela estufa e perto do lago quando tinham chance, ambos eram companhias agradáveis um ao outro.

Aurora era uma excelente artista e o garoto uma vez ou outra era alvo de suas inspirações, os cabelos brancos de Mon em contraste com o céu azul das montanhas, faziam a garota se perder em seus pensamentos artísticos, quase lamentando não ter nenhuma tela por perto para ilustrar o momento. A garota então suspira.

-Acho melhor a gente entrar, antes que venham nos dar uma bronca por estarmos aqui fora.

Mon acenou com a cabeça e apenas a seguiu para dentro.
De volta ao seu quarto o garoto se pergunta o porquê de nenhum sábio estar no templo, o que haveria acontecido para que todos saíssem juntos com tanta pressa? O garoto mal pudera pensar em uma resposta válida quando ouviu uma batida em sua porta.

-Mon? Está aí?- Era Magh.

-Estou sim, entre.

A cara de Magh ao passar pela porta não era nada boa, ela tentou sorrir mas seu olhar era de preocupação.

-O que ouve Magh?

-Mon…querido…precisamos conversar sobre uma coisa.

-Sobre o que?

-Amanhã a tarde a guarda real virá aqui buscá-lo para levá-lo ao castelo de Topur.

-Porque?

-O re…seu pai! Adoeceu, ele teme que esses possam ser os últimos dias de sua vida, e gostaria de vê-lo.

-Mas magh…

-Apenas arrume suas coisas sim?

-Eu vou voltar ao templo?

-Eu…eu não sei querido.

Magh passa sua mão nos cabelos do garoto e ele entende que aquilo era um adeus, ele estava feliz por saber que ia sair do templo e finalmente conhecer seu pai mas triste por saber que não veria Magh ou Aurora novamente, pelo menos não por um bom tempo. Magh era como uma mãe para ele, foi ela quem o criou desde quando era um bebe.

Naquela noite, Mon não conseguiu pegar no sono, pensando no que lhe esperava lá fora, ele havia sonhando com isso por tantos anos e agora se tornaria realidade, seus sentimentos eram uma mistura confusa de medo, empolgação e ansiedade.

Ele ficou espiando o nascer do sol pela sua janela enquanto aguardava a hora do café da manhã, os sinos tocaram, pontuais como sempre, ele se levantou e saiu. No refeitório, Aurora já o esperava, provavelmente porque já estava sabendo que o pequeno iria em bora.

-Fiz isso para você não se esquecer de mim.- a garota então lhe entrega uma tela que havia pintado para ele.

-Obrigado, eu vou guardá-la para sempre!

Aurora se assusta ao vê-lo falando com ela, nunca conseguiria se acostumar com isso, ela então o abraça com os olhos cheios de lágrimas.

~

A tarde estava chegando, e junto com ela o desespero de Mon, ele não conseguia ficar parado de tanta ansiedade, seus olhos se abriam a cada pessoa que passava pela porta de seu quarto, ele sabia que assim que ele atravessasse aquele portão ele seria uma nova pessoa, com uma vida nova, e totalmente diferente da que ele havia tido. Ele não seria mais um aluno dos sábios, ele seria um príncipe. O futuro rei de Topur.

Pássaro do InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora