Pássaro do Inverno

Vossa Alteza

Lentamente a maçaneta da porta foi girada dando visão a um pequeno garoto com um olhar assustado que ia e vinha tentando achar algum rosto conhecido na multidão, que aos poucos vinha até ele, sorrindo e o cumprimentando, pessoas que ele nunca havia visto em sua vida.

-Olá alteza.

-Ola.

-Bem vindo.

-Obrigada.

-É um prazer finalmente conhecê-lo alteza.

E entre apertos de mãos e reverências aos poucos Mon conseguiu sair do meio da multidão e avistar o rei o chamando em um canto da festa.

-Então, o que está achando da festa?

-Precisava mesmo de tudo isso?

-Não gostou?

-Não é isso é que…

-Você é um príncipe filho, é melhor ir se acostumando com essas coisas. Venha, quero que conheça uma pessoa.

-Certo.

-Cornélio? Este é Mon, meu garoto…Mon este é Cornélio, chefe da guarda real.

-É um prazer conhecê-lo alteza.-O homem alto com cara de poucos amigos se curvou lentamente em frente ao pequeno.

-Igualmente.

-Cornélio, quero que você arrume um guarda costas para meu filho! É muito perigoso para ele andar sozinho agora que sabem quem ele é.

-Não se preocupe meu rei, tenho a pessoa certa para isso, mandarei meu próprio filho cuidar dele.

-Espero que não me decepcione Cornélio!

-Pode ter certeza que nunca faria isto majestade.

-E onde está seu filho?

-Bem ali, só um momento irei chamá-lo.

O chefe saiu a procura de seu filho enquanto Mon e seu pai esperavam.

-Cornélio é chefe da guarda real, e quando ele não puder mais exercer seu cargo seu filho mais velho assumirá, então, é bom que vocês dois tenham um bom relacionamento, entendeu bem?

-Sim senhor.

-Pare de tanta formalidade, eu sou seu pai.

-Desculpe.

-Aí estão vocês- Cornélio chegará com o rapaz- este é meu filho Liam.

O jovem se curvou em sinal de reverência enquanto Mon se virava para vê-lo de frente.

-Será um prazer servi-lo vossa alteza.-o rapaz disse ainda curvado olhando para os pés.

Quando se levantou ambos levaram um susto, era o rapaz que havia resgatado ele e o mordomo na floresta. Mon não pode deixar de arregalar os olhos de surpresa. Já o jovem logo mudou sua expressão de surpresa para um sorriso claramente forçado.

-Algum problema filho?-Cornélio perguntará.

-Não, está tudo certo pai.

-Ah… eu me lembrei que preciso ver uma coisa com a Tália, desculpem-me, preciso ir.

Ao falar isso, Mon saiu praticamente correndo do local até dar na janela do salão. Ele então a abriu e foi para a sacada respirar um pouco. O que o filho do chefe da guarda estaria fazendo no meio de uma floresta como aquela? O pequeno tentava por seus pensamentos em ordem enquanto ainda respirava com dificuldade.

-Então…quem diria…-Mon se vira bruscamente e dá de cara com Liam, como ele havia entrado ali sem Mon perceber?- O filho do rei…

-O…- Mon tentava falar ainda ofegante.