Capítulo 6

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     Chegou um momento que toda a escola invadiu a pista de dança. Foi nesse momento que os dois, até então inimigos, decidiram se retirar para tomar alguma coisa.

    Eles não trocaram nenhuma palavra. Ambos estavam demasiadamente envergonhados pelos sentimentos que os invadiram durante aquela dança. Eles já não podiam negar e isso os assustavam.

   Permaneceram sentados em uma mesa próxima da porta um do lado do outro durante o que parecia tempo demais. Eles observavam as pessoas se divertindo com o show de uma banda bruxa contratada por Dumbledore.

    Logo Ron se sentou ao lado de Harry com uma cara nada boa, a garota com quem Ron tinha vindo para o baile não parecia nem um pouco feliz e logo abandonou o trio de garotos para dançar com um garoto búlgaro.

    Bastou seguir o olhar de Ron que Harry percebeu o motivo da carranca. Hermione estava sorrindo enquanto dançava com o apanhador búlgaro. Era notável que ela gostava da companhia do rapaz e que estava se divertindo muito.

    O trio mais improvável de Hogwarts ficou lá, sentados observando Hermione Granger se divertir até que a mesma se aproximou dos rapazes.

     — Esta quente, não acham? — Disse ela se abanando com a mão. — Vitor foi apanhar alguma coisa para a gente beber.

     Ron lançou um olhar irritado para a mesma.

    — Vitor? — ele disse — Ele ainda não te pediu pra chamá-lo de Vitinho?

    Hermione olhou surpresa pro amigo e Draco disfarçou uma pequena risada, ganhando um olhar reprovador de Harry.

    — O que há com você? — Hermione parecia brava e ao mesmo tempo levemente magoada.

    — Se você não sabe — Disse o ruivo sarcasticamente —, não sou eu que vou te dizer.

   Hermione encarou Ron por um bom tempo, depois encarou Harry que deu de ombros e por algum motivo ela encarou Draco logo em seguida

     — Ciúmes? — Perguntou o loiro sem se importar muito, fazendo Ron ficar vermelho.

     — Ele é da Durmstrang! — Ele vociferou tentando esconder o rubor — Está competindo contra Harry! Contra Hogwarts! Você... Você está...  — Ron tentava encontrar palavra suficientemente fortes para descrever o "crime" de Hermione. — Confraternizando com o inimigo, é isso que você está fazendo!

    Hermione ficou boquiaberta e Harry não pode acreditar na estupidez do amigo.

    — Não seja tão burro! — Hermione respondeu depois de um momento. — O inimigo! Francamente, quem é que estava todo animado quando viu o Krum chegar? Quem é que queria pedir um autógrafo pra ele? Quem é que tem um bonequinho dele no Dormitório?!

    Draco já não aguentava todo aquele drama, eles pareciam um casal de velhos brigando. Ele simplesmente se levantou e começou a andar em direção à porta do salão.

    Quando percebeu a ausência do loiro, Harry foi atrás do mesmo para perguntar onde ele estava indo.

   — Aos jardins, obviamente. Como você aguenta esses dois? Tão dramáticos. — Draco andava pelo corredor de maneira elegante, com as mãos nos bolsos da calça.

    — Eles não são assim. — Harry disse andando ao lado do loiro, olhando para seus próprios pés.

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     Eles chegaram aos jardins, a noite estava levemente fria fora do castelo e eles buscaram ficar em um lugar onde as paredes impedisse que o vento os atingisse. Ambos não queriam puxar a conversa, apenas ficaram olhando para o céu, que parecia mais bonito que o normal.

    O coração de Harry estava acelerado, mesmo depois de tanto tempo após a dança. Ele sentia o braço de Draco precionado contra o seu e isso fazia ele corar. Ele sabia finalmente, entendia o por que que um leve roçar de braços o fazia sentir mil borboletas em seu estômago. Ele estava apaixonado pelo seu inimigo declarado.

   Algo parecido acontecia com Draco, ele sabia que quando estava perto de Harry ele se sentia bem invulnerável, que ele achava Harry fofo quando estava bravo e que ele gostava de provocá-lo por isso. Também sabia que no momento que olhou diretamente nos olhos do moreno durante a dança, foi como se tudo desaparecesse de repente, ele queria que aquilo durace mais tempo, ou que se repitice mais vezes.

    Ele estava apaixonado pelo Testa-Rachada-Potter, e ele nem queria imaginar o que seu pai diria sobre isso.

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    Quanto tempo tinha se passado? Uma hora? Para Harry parecia anos. O barulho vindo do castelo estava diminuindo, as poucas pessoas que estavam aproveitando a noite no jardim começaram a voltar para dentro do castelo conforme a noite foi ficando ainda mais fria. Mas nenhum dos dois queria entrar.

   Voltar para o castelo, significaria voltar ao que eram antes. Mas eles conseguiram fingir se odiar novamente tendo consciência de tudo o que sentiam? Era real demais agora.

     Sobrava apenas os dois nos jardins, Harry olha para o lado e percebe um par de olhos acinzentados o encarando o que faz as borboletas em seu estômago se animarem ainda mais.

    — O que foi? — pergunta ele meio hipnotizado.

   — Sei que não fui o único que sentiu aquilo. — Draco fala fingindo não se importar com a vergonha que falar sobre isso lhe causava.

   Harry não sabe o que dizer, aquele momento estava tão bom e conversar sobre aquelas borboletas faria tudo se tornar ainda mais real. Ele definitivamente não estava preparado para isso.

    — Não sei do que está falando. — Harry diz ao desviar o olhar do rosto de Draco que por sua vez nunca se sentiu tão envergonhado e magoado.

    Mesmo com o rubor pouco aparente em suas bochechas, Draco não podia deixar de ser o sonserino orgulhoso que nasceu para ser. Apenas imaginar ser rejeitado por Harry Potter novamente fazia seu estômago se revirar.

    Por isso Malfoy se aproximou ainda mais de Harry que tentou recuar e antes mesmo de perceber Draco já tinha tomado seus lábios em um beijo calmo, que ele mesmo não sabia o quanto tinha desejado.

    Se beijaram por longos minutos tentando demonstrar seus sentimentos através daquele jesto, ambos pareciam nunca satisfeitos, não queriam se separar. Mas ao ouvir o clique de uma câmera se separam rapidamente e o coração de Draco quase parou.

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   Eles procuraram por tudo canto, não acharam nada de diferente além de um besouro. Eles tentaram se convencer de que foi apenas um mal entendido e decidiram silenciosamente que era hora de voltar pro castelo.

   Antes de entrar Harry olhou uma última vez para o céu.

   — A lua está linda hoje.

   — As estrelas mais ainda.

    Draco não estava olhando pro céu quando disse isso.

    Ambos entraram e logo se separaram, cada um para sua comunal. Mas eles sabiam que a felicidade não os deixaria dormir aquela noite.

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     Mais capítulos em breve...

O baile - DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora