Solana

713 67 2
                                    

E aí? Tudo bem? Antes de tudo, eu gostaria de deixar algumas informações sobre a estória.

1. A maioria das fanfics têm um capítulo só para a apresentação dos personagens mas como o enredo gira em torno de apenas dois personagens (e o fato de eu ser preguiçosa), não vou colocar. A face claim que eu imagino é Justine Skye.

2. São três capítulos (o que acho que pode ser considerado shortfics).

Eu acho que na real só isso. Espero que gostem! <3

 Espero que gostem! <3

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Solana

Por que eu estou aqui? Por que meu coração está acelerado se estou prestes a encontrar um filho da puta que é o principal responsável por eu não conseguir respirar em vários momentos nos últimos meses? Por que estou pensando em tantas frases cruéis para dizer a ele assim que ele colocar os pés aqui?

Taehyung está atrasado, como sempre. Ele se atrasa com tanta frequência que isso parece normal pra mim. É quase como se ele estivesse vindo para um encontro casual e eu estivesse o esperando impacientemente mas ao mesmo me deliciando com seu costume um tanto sem educação. Quase.

De repente, me sinto irritada por esse pensamento nostálgico estúpido e pelo atraso. Minha feição muda rapidamente e lembro do motivo egoísta que me trouxe aqui. Quando mandei a mensagem pedindo para que ele trouxesse minhas coisas que continuavam em seu apartamento, eu tinha o intuito de vê-lo pela última vez e mostrar a ele o quão bem eu estou e o quanto a minha decisão de terminar foi correta. Sinto como se tivesse dezesseis anos novamente e tivesse acabado de descobrir como provocar alguém.

Penso em ir embora. Os objetos nem são tão importantes e ele provavelmente sente o mesmo em relação aos objetos dele. Levanto, determinada a ir embora mas então o vejo, passando pela porta como um furacão de 1,80 que finge não se importar com os olhares que recebe mas na verdade, olha minuciosamente para cada um deles a fim de retirar um feedback positivo. Ele se importa tanto com a opinião dos outros quanto eu.

Volto a me sentar na cadeira antes que ele olhe para mim. Me sento à mesa novamente como se eu fosse a dona do bar, com um ar hostil e prepotente. Me sinto ridícula agindo assim, mas minha postura continua a mesma.

É a primeira vez que estamos aqui e mesmo assim, ele apenas olha na minha direção sem hesitação alguma e se encaminha em minha direção, como se soubesse onde estou apenas por saber onde eu gostaria de me sentar. Enquanto ele se dirige até mim, percebo a camiseta que ele está usando. Taehyung está usando uma camiseta preta com a estampa do álbum All Eyez on Me do 2Pac. Ele usa como se o único significado por trás fosse o seu fanatismo pelo rapper mas nós dois sabemos que não. Ele está usando por causa das inúmeras vezes que ouvimos as vinte e sete faixas enquanto cantávamos limpando o apartamento, cozinhando o almoço ou apenas deixando as músicas tocarem enquanto fazíamos. Ele está usando como se nunca tivesse passado pelo meu corpo ou como se ele nunca tivesse tirado dele.

— Oi, hum, Solana — Ele limpa a garganta como se a pronúncia do meu nome fosse queimar as cordas vocais. Ele se senta à minha frente e só então noto a caixa em suas mãos, é de papelão e tem um tamanho médio. Deduzo que minhas coisas estão dentro da caixa e passo a odiá-lo ainda mais. Como tudo o que dei a ele cabe dentro de uma caixa de tamanho médio?

Ele joga a caixa em cima da mesa sem nem me olhar nos olhos. Parece que não sou a única que está voltando aos dezesseis anos.

— Você não precisa se sentar. Vai ser rápido — Minha voz soa ácida. Chuto a caixa grande e pesada que contém as coisas dele por debaixo da mesa. Acerta suas pernas em cheio e ele arrasta um xingamento entre os dentes. Quase sorrio com a situação mas apenas aproximo a caixa com minhas coisas para o meu canto da mesa, como se nada tivesse acontecido.

Espero que ele pegue a caixa e vá embora, mas ele aproxima a caixa de si, abre e tira um objeto. Ele tira o boné aba curvada preto que estava para trás e o põe no colo, se afogando na cadeira como se tivesse se decidido que ficaria ali por algum tempo. Odeio o fato de eu ter reparado que seu cabelo cresceu mesmo que só tenha passado um mês desde a última vez que o vi, odeio achá-lo bonito assim e odeio a sua postura folgada quando ele sabe que detesto quando ele age assim em público. De dezesseis anos ele regrediu por cinco anos.

— O que está fazendo? — pergunto.

— Verificando se está tudo aqui — diz, como se fizesse pouco caso, mas ele não me engana. Eu sei que está tudo roteirizado.

— É claro que está tudo aí. Por que eu ficaria com algo seu?

— Eu não disse isso — Solta um riso debochado — Você insinua muitas coisas, Solana. Faz as coisas maiores do que elas são.

Entrego os pontos ficando quieta. Ele está disposto a ser cruel e isso me impulsiona ainda mais a ser dura com ele.

— Por que não verifica quando estiver em casa? Não é como se eu quisesse prolongar isso, Taehyung.

— Vai ser mais rápido do que imagina. Outra que se estiver algo faltando eu vou ver agora — Ele tira outro objeto. Um mangá velho e gasto que estava no meu apartamento porque ele ficou um mês pedindo para que eu lesse. Eu nunca li.

— Mas eu preciso que vá embora — Tento parecer incisiva mas meu tom de voz sai urgente.

— Por que? Vai encontrar alguém? — Agora, ele está se concentrando num globo de neve. É o globo de neve personalizado que compramos no Natal do ano retrasado. Há um casal no meio da neve que nos representa ao meio. Comprar um globo de neve com casais que não parecem em nada conosco sempre esteve fora de cogitação. Ele o devolve para a caixa rapidamente. Eu deveria só ter jogado fora mesmo.

— Uhum — digo de um modo sugestivo. Tiro o celular do bolso, como se tivesse acabado de receber uma mensagem. Percebo o olhar curioso de Kim e abro um sorriso vitorioso, guardando o celular no bolso.

— Yoongi está chegando? — Meu rosto se fecha novamente. Como ele poderia saber que Yoongi viria depois?

— Como você sabe? — pergunto.

— Ele me disse — diz. Ele está com o vinil do James Brown nas mãos. Porra. É a única coisa que queria que tivesse ficado para mim.

— Você ainda fala com o meu melhor amigo? — Desisti de esconder o incômodo.

— Ele é meu amigo também — Sua voz soa sincera.

— Mas... — As palavras fogem da minha língua. Eu meio que tinha ideia que eles mantinham contato mas não que ainda conversavam. Me sinto enciumada.

— Ele não dá em cima de mim. Se é o que quer saber — Taehyung não acredita em signos mas neste momento ele acaba de falar como um capricorniano nato: usando frieza e sarcasmo em torno de uma sensualidade estranha. Ele é tão bom fazendo isso que até toma coragem de me olhar bem no fundo dos olhos para essa provocação.

— Não é com isso que eu estou preocupada, Taehyung — digo em um tom debochado — Até porque eu sei que o ex namorado escroto da melhor amiga não faz o tipo dele.

Silêncio de Taehyung. Xeque-mate.

good days [kim taehyung]Onde histórias criam vida. Descubra agora