Albus

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— Eu não me importo com o que as pessoas acham, vô.

Albus, definitivamente, se importava com o que as pessoas achavam. Apesar do sorriso típico de Harry, da mania de ajeitar o óculos a cada três segundos e de erguer as sobrancelhas para tentar parecer mais convincente, Albus se importava com as piadas sobre estar na sonserina, ser o irmão mais novo de James Sirius, gostar de ficar com meninos e meninas. A adolescência é uma fase cruel por si só, Arthur sempre dizia, e naquele ano Albus estava tentando se provar forte — e convencer o avô de que tudo estava bem.

— Inclusive, chamei o meu novo namorado para vir almoçar aqui n'A Toca no próximo fim de semana, se não for um problema para você e para a vó.

— É óbvio que não é um problema, Al, você tem que perguntar para o seu namorado se ele não vai se incomodar de ser azucrinado pelos seus primos. E pelo tio George.

— Ele já é acostumado com isso... Até com o tio George — deu ombros, sorrindo de canto.

— Hm, e quem é, afinal?

— Rigel — Arthur arregalou os olhos, surpreso.

— Rigel? Thomas-Finnigan?

— Eu sei, eu sei. Ele é lindo.

— Ele é um rapaz bem elegante — o ruivo sorriu. — Dominique me contou que ele é um dos melhores em feitiços, fica no mesmo páreo que a Alice.

— Não fala esse nome.

— Não está aqui quem disse — prontamente, um zíper surgiu na boca de Arthur, arrancando um sorriso do neto.

— O que eu faço se tudo der errado?

— O que é que pode dar errado?

— James.

Albus e James eram uma dupla complicada desde os primórdios. A forma de se amarem era difícil de ser entendida.

Foi James quem passou um ano inteiro caçoando por Albus ser sonserino e foi Albus quem derrubou James da vassoura num jogo importante de quadribol, mas também foi James quem arrumou briga com uma trupe de grifinórios que estavam enchendo o saco de Albus e foi Albus quem desenvolveu uma poção para a pele do corpo ficar roxa como o tom do uniforme dos Ballycastle Bats e aparecer "Potter 10" na testa — poção que, inclusive, rendia alguns galeões nas temporadas de jogos.

Durante as férias, qualquer mínimo acontecimento virava uma revolução na mão dos dois e Albus poderia até estar correto sobre a probabilidade de James falar alguma coisa não muito legal. Arthur achava que não, afinal, James já não tinha mais dezessete anos. Pelo menos não na certidão de nascimento.

— É um prazer tê-lo aqui, Rigel — Arthur disse na mesa de almoço, sorrindo em direção ao garoto ao lado do neto. — Estamos todos muito contentes.

Muito contentes — a risada após a fala irônica foi censurada por um olhar duro por parte do avô, cuja ameaça implícita fez James erguer os braços em forma de rendição. Era impossível que ele já tivesse esquecido da conversa que tiveram antes de Rigel chegar. — Só estou dizendo que estamos muito contentes porque, enfim, apareceu uma chance do Albus parar de ser um chatão.

— Não coloque tanta pressão em cima de mim, James, algumas coisas nunca mudam — Rigel conseguiu pôr fim no assunto, arrancando uma gargalhada do cunhado.

Bebericando o suco de uva, Arthur piscou para Albus, que retribuiu com um sorrisinho de canto. 

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