Capítulo 14

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Diga-me que há um rio que eu posso nadar que vai te trazer de volta para mim
Porque eu não sei como amar outra pessoa
Eu não sei como esquecer seu rosto.

So far away- Martin Garrix feat. David Guetta.


14, Maio, 2019.

Paulo dirigia atento enquanto sentia a tensão em cada canto daquele carro, as ruas agitadas naquele fim de tarde iam de encontro à confusão dentro de si, ele havia lembrado a mulher em questão, haviam se encontrado no bar onde esteve com Cristiano antes que fossem para casa do colega de time, ela havia os cumprimentado junto a outras amigas e pedido uma foto, por Deus, nada havia acontecido, mas o modo como Jade o olhou decepcionada depois dela deixa-los demonstrava que ela não era naquilo que ela acreditava.

Aquele era um acontecimento mais comum do que deveria, jovens encantadas com a beleza e a fama, que buscavam um pouco de visibilidade, usavam por vezes até mesmo de histórias inversas para um pouco daquilo que as atraía, ele esperava que sua mulher pudesse ao menos escuta-lo ela estava furiosa, ele sabia.

Sua mãe também estava calada, permaneceram assim em um silêncio crucial, até serem despertados pelo barulho do elevador, indicando que haviam chegado ao apartamento, Jade seguiu direto para o quarto em passos pesados, Paulo praguejou baixo e antes de alcançá-la os olhos inquisidores de sua mãe chegaram a ele.

- Mãe não me olhe assim, eu não fiz isso- Alícia suspirou concordando, acreditava no filho, via em seus olhos desesperados a verdade- Preciso conversar com Jade- Alícia segurou no braço de Paulo antes que ele pudesse seguir até o quarto, ele parou esperando que a mãe dissesse suas próximas palavras.

- Tenha calma, ela acha que você esta errado, não piore as coisas- ele concordou, Jade estava de costas, observando a noite cair pela enorme janela de vidro que levava a sacada, era um prédio típico das construções antigas da Itália, Paulo suspirou tantas vezes haviam observado a vista de Turim que aquele lugar proporcionava, havia sido um dos motivos por escolherem o nono andar.

- Eu esperava que tivesse perdido muitas coisas até aqui- a voz dela o surpreendeu, estava embargada, merda, ela estava chorando, ele odiava quando ela chorava- Mais eu não esperava que o seu respeito por mim também- Paulo engoliu em seco.

- Eu não... eu não...- Paulo tentou dizer, os olhos castanhos encontraram os seus, naquele momento a dor que ele viu neles apertou seu coração, ele queria desfazer aquele mal entendido, queria arrancar toda dor e decepção que Jade sentia por ele, porque era inocente, porque nunca quis machuca-la.

- Vai dizer que é mentira?- ela o interrompeu antes que concluísse- Por Deus Paulo, aquela mulher nos encontra na rua e me diz que estava com você na noite passada, quando deixou esse lugar com tanta raiva, como vou saber se não vou encontrar outras por aí, na minha loja, em um restaurante- ela respirou fundo, mal conseguia respirar, já havia esquecido o quanto lidar com uma hipótese daquela doía, queria desesperadamente chorar, descontar sua raiva e frustração, ela mal conseguia olhar para a cara de Paulo sem escutar de novo tudo o que aquela mulher havia dito imaginar seu marido com outra matava uma parte sua.

- Eu não estive com ela, disse a verdade, estive com Cristiano, por Deus, Jade precisa acreditar em mim- ele pediu, Jade se virou outra vez, buscando uma calma que estava longe de sentir, as lágrimas saiam sem autorização, ela estava cansada, estava exausta.

- Eu não vou aceitar que me desrespeite dessa maneira Paulo- ela engoliu em seco, seu choro aumentava- EU NÃO VOU- colocou a mão sobre seu peito, céus aquilo doía.

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