Achados e Perdidos

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POV's Nora
- Nora acorda, você vai se atrasar, lembra que ainda tem a cerimônia de encerramento! - meu pai gritava do outro lado da porta enquanto faltava derruba-la.
O despertador não parava de berrar, até pensei em tentar desligar, mas já o havia lançado pra algum canto do quarto e não funcionou. La fora o barulho de gente rindo e discutindo era alto. Isso que ganhávamos ao morar em um cortiço. Barulho, barulho e mais barulho. O lado bom é que não custava tão caro.
Levantei para abrir a porta, não ficava longe da minha pequena cama, quer dizer, nada ficava longe de nada.
Meu quarto era pequeno, uma cama ao lado de uma janela pequena de forma circular, dava para ver o pátio do cortiço. As paredes já tinham a tinta desgasta e meio suja, uma vez que eram brancas, ou se alguma vez foram.
Tinha um pequeno armário marrom e antigo em frente a cama de 2 portas onde minhas roupas ficavam e uma mesinha ao lado onde eu usava para estudar.
Peguei minha toalha e minha escova de dentes que estavam penduradas em um sacola atrás da porta. Girei a maçaneta, levantei a porta e empurrei duas vezes.
- Ja estava acordada pai! - dei língua pra ele após sair do quarto.
- O café já está pronto. Se apresse no banho - gritou indo pra cozinha, um pequeno corredor dava acesso a ela e mais um banheiro em frente ao meu quarto, do lado esquerdo dele ficava um outro quartinho, menor que o meu, onde meu pai dormia.
Não esperava a hora de começar as férias, assim poderia arranjar um emprego de tempo integral. Com esse trabalho poderia ajudar meu pai em casa e nas contas.
Mesmo que ele diga que pode dar conta, o que ele ganha ainda não é o suficiente para quitar as despesas e os atrasos.
A mulher que se dizia minha mãe havia nos abandonado antes mesmo de eu completar 5 anos, então não lembro muito de suas feições, somente da canção de ninar que ela cantarolava; eu nunca esqueci.
Meu pai diz que ela não aguentou a pressão de ter que economizar em tudo e das contas a pagar; foi covarde o suficiente para deixar sua filha ser criada sozinha com o pai.
Eu superei, mas no início eu lembro vagamente de meu pai sempre estar com os olhos vermelhos e tristes, mas não lembro se eu fiquei triste, ao menos devo ter ficado já que era minha mãe. Mas há muito tempo que seguimos em frente, e estamos nos saindo muito bem afinal; nunca tive vontade de procura-la e nem tenho esse pensamento hoje.
Por medo de quebrar laços afetivos, eu evito faze-los, por isso na escola eu sempre fico na minha, só falo quando é extremamente necessário, não quero me dar o luxo de ter esse sentimento, mesmo que ele traga felicidade, com ele vem a desconfiança, o medo e a tristeza, assim como vi a expressão no rosto dele quando ela foi embora; nunca, nunca , nunca vou esquecer.
Na escola, os alunos estavam tão felizes que o sorriso em seus rostos só ficavam cada vez maiores. Não fazer laços era um problema meu, agora ver o dos outros era curioso, claro que eles sempre tem seu ponto baixo, mas no momento todos pareciam perguntar onde iam passar as férias, e muitos querendo dar um jeito de se encontrar para sair juntos
Eu estava feliz também, mas para ajudar meu pai.
A escola Secundário do Maine era constituida de três andares. O primeiro ficava lugares como a Biblioteca, Refeitório, Enfermaria e alguns corredores saiam para guiar até o ginásio ao lado esquerdo do prédio escolar, enquanto no lado oposto outro corredor dava para a sala de cerimônias. Atrás do complexo escolar fica uma área verde não muito grande, com árvores e um jardim em que eu costumo ajudar.
No segundo andar ficam as salas de aula. E no terceiro a parte mais administrativa.
Eu fazia o segundo ano do secundário, minha sala ficava no andar 2, sala 2 E. Como hoje seria apenas a cerimônia de encerramento, deixei minha mochila na carteira, ficando apenas com meu fone e meu celular. Segui para fora da sala em direção as escadas, já no antepenúltimo degraus senti que algo esbarrou em mim, me desequilibrei e fui de encontro ao chão, foi tudo tão rápido que quase não tive tempo de me apoiar com umas das mãos, no entanto tinha consegui torce-la e doi pra pacas, com o impacto bati meu joelho e meu rosto também foi de encontro ao chão percebi pequenas gotas de sangue escorrendo em meu joelho.
- Ops. Acho que esbarrei em alguém! - uma garota se fingiu de surpresa, não precisei olha-la, senti pelo seu tom de voz que havia feito de propósito. Olhava fixamente no chão então não percebi ao meu redor até ouvir alguns alunos gargalhando.
- Não se preocupe Marcie, não era ninguém mesmo! - disse outra menina.
- Não temos culpa se ela parece um fantasma. Vamos logo, antes que a Cerimônia termine, não quero levar uma repressão dos professores - vi pelos sapatos que elas se afastaram, mas não antes de chutar meu fone, que já estava em um estado catastrófico.
Me levantei com dificuldade, meu joelho doia e minha mão mais ainda, manquei até o fone, o peguei mas mau dei dois passos senti um dor aguda no joelho e o equilíbrio também, esperei ter meu corpo no chão porém alguém havia me ajudado.
- Você está bem? - perguntou uma voz masculina, me afastei imediatamente e fui atrás do resto do meu fone mas ele chegou antes de mim, continuei a mirar o chão
Ele se agaxou e o pegou, e por milésimos de segundos seus olhos que eram de um castanho profundo e pupilas enormes encontraram com os meus, desviei rapidamente. Pensei ter escutado um riso abafado.
- Não acho que ele tenha salvação! - afirmou o garoto, eu apenas estendi minha mão.
- Quer que eu a leve na enfermaria? Você pode não dar conta de chegar lá - ele me entregou o fone, senti seus olhos cravados em mim, chegando a me incomodar, curvei-me em agradecimento e manquei até a enfermaria que já se encontrava nesse corredor, no final virando a esquerda na segunda porta. Ainda sentia seus olhos cravados na minha costa, isso me incomodou demais e seu toque me trouxe uma sensação estranha, mas não sabia definir o que era. Esqueça. Obriguei-me.
Agora que meus fones haviam sido destruídos eu não tinha como me isolar ou ignorar tudo ao meu redor.
Na enfermaria a Sr. Suzan conhecida por seu gênio forte e cabelos loiros sempre presos em um rabo de cavalo exigia uma explicação ao meu estado. Não gostava de mentir, odiava mentiras, elas fazem com que outras pessoas se distanciem mais, no meu caso era necessário isso, mesmo eu não gostando.
- Cai da escada. Me senti fraca por um segundo e me desquilibrei- falei baixo olhando meus próprios pés, sempre olhava meus pés quando mentia.
- Ok. Vamos logo tratar disso antes que você perca a cerimônia toda.
Ela limpou meu ferimento no joelho e colocou um curativo, não parecia ser sério, minha mão esquerda, a que tentei me apoiar como último recurso ela passou um gel que por um momento ficou gelado mas depois se tornou frio, pareceu amenizar minha dor, a enfaixou e ela deixou que eu limpasse o sangue em meu nariz que havia saído mas que não tinha percebido.
- É bom que você vá ha algum médico, para ver se não houve nenhuma contusão. Estamos entendido?
Afirmei com olhos fixos em meus pés.
Enquanto ia pra sala de cerimônias observei meus fones. Sua recuperação era quase impossível e se fosse possível sairia uma fortuna.
Com certeza a cerimônia de encerramento já estava acabando, quando entrei no salão o diretor já fazia seus votos para o próximo semestre. Sentei-me na última fileira. Haviam apenas uns três alunos nela.
O salão estava cheio dos alunos, mas consegui reconhecer as vozes das garotas que haviam me derrubado.
Elas estavam a 3 fileiras na minha frente. Uma delas tinha uma cabeleira louro-avermelhada e muito magra, a outra os cabelos eram de um ruiva que parecia estar em chamas e muito liso, por último uma outra loira mas platinada ja tinha o cabelo bem curto e repicado.
Desviei os olhos rapidamente, não quero ligar, vou apenas ignorar se me importar vai ser pior.
Após o término da cerimônia esperei que todos saíssem, esperei mais uns 5 minutos, provavelmente a sala ja estaria vazia.
Antes de pegar minhas coisas fui até o jardim, só iria ajudar dessa vez, nas férias não teria tempo.
Peguei um jarro e enchi de água. As flores estavam bonitas, haviam girassois, margaridas e algumas tulipas recém chegadas. As reguei com paciência e depois guardei o jarro. Fui ao refeitório, ele era amplo e possuia um balcão com o que você pudesse pegar, as mesas eram bem distribuídas, peguei uma porção de purê de batata com carne bem cortadinha e um copo de suco de limão. Sentei numa mesa bem escondida perto de uma coluna e fiz minha refeição.
No final já tinha feito tudo o que precisava, agora era só voltar pra sala. Enquanto meio que tentava não mancar percebi que a escola estava ficando vazia aos poucos e o silêncio era reconfortante.
Subi as escadas com dificuldade para o 2 andar. Elas eram duas partes uma do lado da outra com mais ou menos 10 degraus.
A sala estava vazia. Peguei minha mochila, eu sentava na primeira carteira ao lado da janela.
Precisava ligar pro pai, avisar que hoje eu que ia fazer o almoço. Mas tinha algo errado.
Onde está?
Procurei meu celular nos bolsos do uniforme mas não o achei. Vasculhei dentro da minha mochila e nada.
Meu Deus onde ele foi parar?Não, não, não. Preciso encontra-lo.
Calma. Respira. Onde você pode ter deixado? Mas nada veio. Não lembro de ter tirado ele do meu bolso.
Quem sabe se eu refazer meus passos, posso ter uma chance. De acha-lo.
Na sala de aula procurei em baixo da minha carteira; nada. Olhei nas outras e chão, o mesmo resultado.
Fui ao jardim e a sala de cerimônias também não estava em nenhum dos dois. Passeie pelos corredores e nem sinal.
No refeitório também não encontrei.
Foi então que me veio uma ideia.Claro só pode estar lá !
Voltei onde a garota de antes havia me derrubado, talvez tivesse caido no chão com a queda. Espero que não tenha espatifado assim como meus fones e eu, já não tinha recursos para pagar os fones, imagine um telefone.
Olhei em cada canto do corredor e perto das escadas mas não estava.
Me sentei no terceiro degrau que ficava de frente ao corredor.
Droga. O que vou fazer agora? Não posso comprar outro, não tenho dinheiro para isso, e nem vou me dar o luxo de pedir ao meu pai.
Coloquei as mãos em meu rosto.
Onde pode estar? Será que alguém o roubou, ou encontrou.
Espera! Tive um vislumbre de esperança. Se alguém o encontrou, pode ser que tenha deixado nos achados e perdidos. Não acho que se alguém encontra-se um telefone fosse deixar lá, mas quem sabe fosse uma pessoa gentil. Me permiti ter o manifesto da dúvida na humanidade.
Subi ao primeiro lance de escadas que ficava no lado esquerdo e depois o outro que ficava oposto ao primeiro lance.
Chegando ao corredor, ele se estendia para direita e esquerda.
No terceiro andar ficavam a parte administrativa da escola, a diretoria, as secretarias de cada turma e bloco, entre outras, principalmente a sala de Achados e Perdidos, localizada no final do corredor a direita, havia uma curva pra esquerda.
Na segunda porta a direita um pequeno letreiro sinalizava que eu estava no Achados e Perdidos, pregado abaixo uma lista de regras que deveríamos respeitar. Uma delas bater na porta.
Fiz isso.
- Pode entrar!
O lugar era uma bagunça completa, ou isso era forma de organização bem peculiar. Haviam todos os tipos bugigangas espalhadas em cima do balcão que ficava ao lado da porta, caixas empilhadas no chão e numeradas, algumas com letras e outras com uns símbolos estranhos, não fazia ideia do que significavam, uma porta pequena na extremidade oposta a porta de entrada estava praticamente bloqueada por sacolas pretas cheias, do que me pareciam ser roupas.
- Bom dia. O que você achou ou perdeu? - perguntou uma moça franzina de cabelos escuros presos em um coque mal feito e com a visão coberta por um pequeno óculos com alças grandes. Seus olhos pregados no que seria um grande livro de anotações e a caneta não parava de se mexer.
- Humm...Eu...eu perdi algo!- respondi; ficava tanto tempo sem falar que minha voz saia quase um sussurro e arranhada.
- O que exatamente?- disse pondo o caderno em que escrevia de lado e pegando um outro, começando a escrever nele rapidamente.
- Bem... - comecei - Meu celular.
- Ok. Muitos vem aqui atrás de algo que perderam, outros tentam a sorte, ver se descolam uma blusa nova, ou um mp4, até uma sombrinha- ela falou tão rápido que demorou um pouco para raciocinar uma resposta.
- É verdade...E...eu perdi meu celular. Não vim aqui pegar algo que não...
- Ok. Ok. Muitos tentam essa abordagem.
- Não eu perdi mes...
- Ok. Eletrônicos! - disse virando-se e vasculhando um armário prateado comprido, tinham 5 gavetas em cada fileira, acho que contabilizavam 6 fileiras;as gavetas eram etiquetadas com uma pequena plaquinha verde e algo escrito mas que não consegui ler.
- Você perdeu quando? - sua pergunta me assustou. Devia parecer mais calma. Eu não havia feito nada de errado, mas conversar me deixava nervosa.
- Ahn...Hoje mesmo... -respondi rapidamente.
- Ok. Ela voltou ao balcão agora com uma pasta azul e uma sequência de números na sua capa. Ela começou a assuviar, o que parecia ser Hey Jude.
Na tentativa de desenvolver um diálogo comecei.
- Você precisa de...ajuda? - seus olhos me miraram e percebi que eram miúdos e de um castanho bem claro.
- Você está bem? - perguntou ajeitando os óculos enquanto voltava a folhear os papéis na pasta.
- Sim... - respondi estranhando a pergunta.
- Dificilmente alguém oferece ajuda depois de olhar essa bagunça, mesmo que pareça uma bagunça, eles estão organizados- disse orgulhosa e estufando o peito.
- Talvez pelas sequências - arrisquei - Percebi que elas possuem uma sequência de números e outros...de letras- comecei - Alguns tem até uns símbolos, talvez seja um sistema de organização próprio - terminei.
A moça me olhou por cima dos óculos, notei que seus cílios eram pequenos mais volumosos.
- Você é a primeira pessoa que percebe isso! - disse, seu sorriso iluminando seu rosto; e ele era voltado para mim - Realmente é um sistema de organização próprio - alegrou-se saindo de trás do balcão com uma folha em mãos.
- Mesmo que não pareça, eles estão organizados, sem mim você se perde aqui - disse sorrindo.
Era a primeira vez que alguém sorria pra mim assim, exceto meu pai.
- Eu acredito em você! - sorri timidamente
- Ok. Aceitarei sua ajuda - avisou pondo a folha em cima do balcão ao meu lado
- Aqui esta a lista do que foi achado hoje de eletrônico.Veja se reconhece a marca do seu celular - apontou.
Olhei para lista, a procura da marca, não demorei muito a acha-lo.
- Aqui! É ele - apontei feliz.Estava mesmo lá. Parece que eu ainda podia acreditar na redenção dos seres humanos
- Está na Caixa 0058, lado B - Ok.Vamos ver. A caixa fica desse lado aqui - falou indo pro lado oposto ao do balcão.
Fiz o mesmo e fui ajuda-la.
Algumas estavam bem empoeiradas, mas não podiam estar em uma dessas, fui atrás das que pareciam ter sido mechidas recentemente.
Havia caixas grandes, médias e até do tamanho de uma caixa de sapato, olhando sempre o código 0058.
- Encontrei! - avisou a moça dos cílios volumosos e pegou uma caixa média marrom, o código estava escrito nela com caligrafia rústica. Ela abriu e me deu espaço
- Procure por ele enquanto pego um formulário para você! - avisou e foi procurar algo nos armários.
Parece que poucas pessoas perdiam telefones, ou poucas devolviam. Tinham apenas uns 7 telefones, foi fácil achar o meu. O confuso era que é uma carta estava lá também. Não acho que esse era o lugar dela.
- Ahn...é... - ela virou- se com um folha em mãos e uma caneta.
- É certo ter uma carta aqui? - perguntei entregando meu celular a ela.
- Não! - prontificou.
- Bem...tem uma aqui! - empurrei a caixa pra ela. A moça pegou a carta e a olhou por inteiro, o envelope parecia ser uma folha de caderno, a caligrafia parecia ser masculina.
- Isso não deveria estar aqui! - resmungou - Olhe o que dá não respeitar as regras, alguns entram aqui e só jogam os achados em qualquer caixa que encontrar pela frente- continuava a resmungar - Isso estraga o sistema de organização-agora ela anotava algo no grande livros de antes, o primeiro.
Preenchi logo o formulário e entreguei a ela.
- Obrigada! - agradeci e me curvei.
Seus olhos estavam fixos em mim, isso me deixou desconfortável. Olhei para o lado.
- Realmente isso está certo!
- Como? - perguntei com medo que ela tivesse entendido errado minha reação.
- Nunca julgue um livro pela capa! Jurava que você fosse uma arruaceira, mas você me demonstrou o contrário. Realmente isso está certo.
- Eu cai... - disse olhando para os meus pés e enrolando meus dedos.
- Ok. Na próxima cuidado você precisa olhar por onde anda - disse voltando a escrever no livro enorme.
Pela primeira vez uma pessoa havia dito isso pra mim. Eu precisava sair de lá agora. Me curvei, agradeci e voltei para minha sala.
Não, não. Só se afaste. Respirei fundo.
Peguei minhas coisas na sala e sai da escola.
No caminho liguei pro pai pra dizer que ia fazer o almoço, mas ele já tinha feito; eu tinha perdido totalmente a noção de tempo.
No ônibus pensei em tirar o curativo do joelho e a atadura da minha mão, pra não preocupa-lo, mas a pessoa que nunca iri mentir, era para ele.
Claro que meu pai ficou preocupado, me vendo machucada, pensou que eu tivesse arranjado briga, mas sei que mesmo ele não acreditaria nessa possibilidade.
Falei a verdade. Uma garota havia esbarrado em mim e eu cai. Ele me deu sermão sobre prestar atenção ao meu redor, se não eu poderia me machucar, mas se eu fizesse isso a possibilidade de eu me machucar com certeza era maior.
Durante a noite, um barulho havia me acordado. Demorei até perceber que era do meu celular. Eu nem acreditei pra começo de conversa, por que meu pai me ligaria, tudo isso era preguiça de vir até o quarto.
Meus olhos estavam tão pesados e estava tão cansada.
Atendi.
- Pai se você quer alguma coisa vem aqui, não precisa me ligar - bocejei - Olha a hora, me deixa dormir - desliguei o telefone e o coloquei debaixo do travesseiro.
E quem disse que consegui dormir, deve ser algo importante para ele precisar me ligar. Levanta Nora. Seu pai precisa de você, sim ele precisa de você tamanha 3 horas da madrugada.
Me levantei e fui até o quartinho dele.
Bati na porta. Não ouve resposta.
- Pai?Do que o senhor precisa? - depois de um silêncio também não ouve resposta.
Abri devagarinho a porta. Ele estava no sétimo sono dele e não parecia ser fingimento. Cheguei perto e dormia tranquilamente. Mas algo havia me chamado atenção. Seu telefone em cima do criado-mudo.
O peguei e apertei uma tecla, parecia estar desligado, o liguei mas apitou avisando que estava descarregado.
- Como isso é possível? - eu começava a ficar preocupada. Longe, escutei o barulho do meu celular tocando de novo. Olhei o celular desligado em minhas mãos.
Alguém estava ligando. Mas não era meu pai.
Deixei o celular e fui pro meu quarto rapidamente. O celular parou de fazer barulho.
Me sentei na cama e o peguei. Havia uma chamada perdida de um número desconhecido.
Isso é impossível! Isso realmente não faz sentido. Como alguém pode estar me ligando, só quem tem meu número é meu pai e mas ninguém, e ele nunca daria meu número a ninguém, porque eu o pedi que não desse.
Deixei o celular em cima da cama, enquanto andava de um lado a outro
- Isso não é possível! Devo esta sonhando! Isso mesmo, isso só é um sonho e eu vou acordar a qualquer momento- dei umas batidinhas no meu rosto.
- Só um sonho! É só um sonho.
O celular fez um barulho parecido com um bip que me assustou. Era o som de que uma mensagem havia chegado.
O peguei, na tela uma mensagem não lida piscava.
- Isso não é real! - disse a mim mesma, até eu estava com dificuldades de acreditar nisso.
Abri a mensagem, apreensiva.
Tinha apenas uma frase, sem remetente, sem identificação.
"Desculpe te acordar!"

POV's Autor
Em outra residência um garoto em seu quarto, de luzes apagadas dormia profundamente. Na tela de seu celular um aviso tomava a tela.
"MENSAGEM ENVIADA"

Me diga quem é você!Onde histórias criam vida. Descubra agora