Capítulo cinco

3 2 0
                                    


A morte pode ter tantas ramificações e ideias de seu pós que no fim, reduz ao nada, um simples apagar de olhos, memória e alma. Acho que nunca tinha sentido completamente a repúdia de tais conceitos até aquele dia, talvez pelo egoísmo natural de não enxergar o ponto de vista até acontecer na própria bolha social, talvez por medo de que quando partisse me igualasse ao nada, era -e acho que sempre será- bastante complexo.

- o que está lendo, ana?- diz runa se aproximando de mim, estava sentada no corredor aos fundos do bunker, os demais não costumavam frequentar com regularidade então eu apropriava dos cantos vazios para ler, pensar ou quaisquer outros devaneios

- nada específico- o holograma meio esverdeado de letras a minha frente iluminavam uma pequena parte do meu rosto

- certo, compartilhe comigo o que se passa nessa mente

- estava lendo sobre a morte

- por que?

- com tudo que tem acontecido preciso me confortar igual a todos fazem, através de teorias relativas hipotéticas

- sabe alguém que refutaria todas essas escrituras de séculos atrás?

- atlas

- ela mesma- apaguei as escritas no holograma, expelindo apenas a luz como iluminação, o restante do corredor era pura escuridão.

- ela já sabe do dante?- diz runa

- ainda não

- não acredito que estão realmente escondendo ela disso

- ei, eu não tenho nada a ver com isso, não diretamente, mercúrio pediu para omitirmos para evitar um possível surto, sabe como atlas é um pouco...instável- digo

- falam dela como se fosse fácil ser psicologicamente estável com tudo que já passou, viu, e infelizmente vai lembrar pela eternidade

- certo, então pense, prefere acrescentar em meio aos trauma o fato de que seu único parente vivo se aliou a um psicopata, contra a vontade mas tanto faz,  e nos sabemos descartar seus aliados depois de usá-los?- digo- vamos tentar tirar dante dos domínios de leagro, deixe a história por conta dele depois

- sabe que não vai dar certo né?

- tenho uma ideia, porque a gente não para de falar de problema e fica cinco minutos de puro silêncio? - digo apagando a luz expelida no ambiente

- acha mesmo que dá pra fugir dos problema desse jeito?

- beijando minha namorada? é eu acho que dá

- namorada?

- é - solto um sorriso imperceptível pela luz sendo posteriormente coberto pelos lábios de runa.


***

Quase três da tarde, estavam todos reunidos a mesa central do bunker, olhares de diversas sensações e sentimentos eram notados aquele lugar, desespero, medo, tudo remetido a mesma ramificação de incerteza e zero controle do que poderia acontecer, a tal imprevisibilidade escancarada

- certificaram-se de que atlas não soubesse né? -diz draziel

certo, talvez nem todos estivessem ali.

- eu repudio todos você por estarem fazendo isso com ela- diz runa enquanto abria o arquivo no enorme holograma, sua respiração era pesada e claramente não confortável com a situação criada - esse é bunker que muitos de vocês não sabiam que existia, draziel e eu o criamos para um emergência, sua segurança foi instalada com uma espécie de tecnologia mista, vai além de um código de bater de pés ou porta interna, infelizmente, quem a instalou e projetou foram-

Nascentes do poderOnde histórias criam vida. Descubra agora