A comumente noite na cidade dos anjos, quietude e luzes ofuscantes à colina, poderia passar a minha vida inteira observando tudo isso, infelizmente- eu acho- aquela não era uma situação de fácil relaxamento ou que poderia perder minha mente em devaneios. Agarrada à cintura de runa em cima de uma moto preto fosca, o vento batia de forma cortante na minha pele apesar de sobreposta pela jaqueta, em um dos lados do meu ouvido a voz de draziel ecoava, repassando alguns pontos considerados cruciais, todos nós tínhamos aquela espécie de fone minimalista, quase nunca usado em missões, mas aquela era uma situação exclusiva pelo visto.
- antares, está me ouvindo?
- sim- respondo a draziel que disse algumas frases que claramente menti ao responder que o ouvia
- você e runa irão virar a esquerda, a porta de saída da fronteira fica a poucos metros, cuidado, podem haver clandestinos não tão amigáveis
- entendemos.
Ao longo daquele não tão longo trajeto, a rua foi parecendo perder seu brilho, como se literalmente aquele fosse o lado escuro da cidade, alguns pessoas caminhavam com o olhar fraco e travados, as poucas casas emanava uma energia caótica e apenas um som era ouvido, estranhamente parecia vir de uma espécie de boate, claramente clandestina, aquilo me indagou mas tentei voltar minha mente a missão.
Chegamos então a um portão- um pouco enferrujado provavelmente devido ao tempo- em um cubículo daquele enorme cerco de metal que delimitava a cidade, já não se viam mais pessoas, casas ou quaisquer coisa que remetesse à civilização. Runa materializou um objeto afiado e brilhante, posteriormente cortando um pedaço da entrada, apesar do barulho estrondoso feito ao derrubá-lo, aparentemente ninguém se prontificou, menos um obstáculo. Deixamos a moto em meio a folhagem dos arredores caminhando calmamente em linha reta
- o mundo fora dos muros é tão-
- estático- digo- não como tranquilo, mas parado, apesar deste tanto de árvore e plantação, as folhas parecem não se mexer, a terra parece não girar aqui do lado de fora
- conheça a gravidade, antares
- gracinha, você entendeu
- sim, mas a oportunidade de irritá-la é impagável
- posso te perguntar algo, runa?- digo em tom baixo, assim como todas as frases que expelimos eram
- claro
- essa situação toda, leagro, dante, o passado...acha que não parece coerente?
- como assim?- dê uma olhada neste lugar, dentro dos muros, tudo que já fizeram as pessoas passarem, nossas raízes foram torturadas e por isso somos estes pesos com poderes, a clara opressão é de revoltar qualquer um, não sei, as vezes ecoa fortemente pela minha cabeça quando leagro dizia que não éramos tão diferentes, sua revolta era um pouco igual a minha
- ei- ela diz parando o andar- você não é igual a ele, seu coração é um dos mais lindos que já vi, ele é um manipulador aguçado com psicopatia entranhada no sangue, eu concordo com o resto obviamente, nossa história é de um peso repudioso e sim, é de revoltar qualquer um, mas o que pensa que podemos fazer? tomar o poder, dar a cara a tapa com todos eles? somos poucos perante eles, temos poderes mas a única imortal é atlas
- está certa, eu acho
- relaxa ana, seus pensamentos estão deturpados, previsível e compreensível
Continuamos caminhando após retribuir sua frase com um sorriso fraco, em parte concordava com ela como eu disse, mas estaria mentindo se dissesse que esqueci as falas de leagro, ele era um manipulador, e sei que poderia perturbar minha mente com apenas um sussurro, mas ele nunca usará os poderes em mim, e suas falas eram sinceras, sei disso porque minha alma sentia cada palavra, não diria que somos exatamente iguais, mas algo acendia minha mente com tanto prazer ao pensar em uma possível revolução, preocupantemente.
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Nascentes do poder
Science FictionUma cidade fundada pelos mais inteligentes sobreviventes da grande ruína econômica, tecnologia e avanço medicinal notórios são a pólvora para uma supremacia se instalar, na tentativa de melhorar sentidos humanos usando forasteiros como cobaias houve...