Por volta de uma da manhã as garotas começam a bocejar. Havia colchonetes na despensa, mas ninguém estava com vontade de se aventurar para fora do quarto de Jennie. Este cubo pintado artisticamente é como um pequeno abrigo quente e acolhedor em meio ao vazio gelado da Antártida. Jisoo fica com a cama e Jennie prefere ficar comigo no chão. Jisoo faz sua lição de casa por mais ou menos uma hora, então apaga a luz e logo começa a roncar como uma delicada e pequena serra elétrica. Jennie e eu estamos deitadas de costas sobre um fino cobertor, com pilhas de roupa dela embaixo, como colchão, por cima do chão duro como pedra.
- Lisa — Ela sussurra, olhando para o teto.
Tem desenhos e frases ali pintados com tinta que brilha no escuro.
- Sim. — Respondo a ela.
- Odeio isso aqui. — Ela diz.
- Eu sei.
- Me leve pra algum outro lugar. — ela sussurra.
Faço uma pausa, ainda olhando para o teto. Queria conseguir ler o que ela escreveu lá. Como não consigo, finjo que as letras são estrelas e as palavras são constelações.
- Aonde você... quer ir? — Pergunto.
- Não sei. Algum lugar bem longe. Algum país distante onde nada disso está acontecendo. Onde as pessoas apenas vivam em paz.
Fico em silêncio.
- Um dos amigos mais antigos de Jiyong era piloto... Poderíamos pegar seu avião-casa e ir a qualquer lugar, seria como voar em um trailer! — Ela vira de lado e sorri para mim. - O que acha, Lisa? Poderíamos ir até o outro lado do mundo.
A excitação em sua voz me faz estremecer. Espero que ela não possa ver a sombra nos meus olhos. Não posso afirmar, mas tem algo no ar, um silêncio mortal quando passei pela cidade e suas cercanias que me diz que os dias de fugir dos problemas acabaram. A praga cobriu o mundo.
- Você disse... — Começo, me esforçando para expressar um pensamento complexo. - Você disse que... o avião não é... um mundo fechado.
O sorriso dela desaparece.
- Como assim?
- Não dá... pra flutuar... acima da confusão. — Digo a ela.
Ela faz uma careta.
- Eu disse isso?
- Seu pai... paredes e armas... fugir não é melhor... que se esconder. Talvez seja pior.
Ela pensa por um momento.
- Eu sei — ela diz, e me sinto culpada por destruir a breve fantasia dela. - Sei bem disso. É o que venho dizendo a mim mesma há anos, que ainda existe esperança, que podemos mudar as coisas de algum jeito. Só que... está ficando muito difícil acreditar nisso nos últimos tempos.
- Sei. — falo, tentando esconder as falhas na minha sinceridade. - Mas não pode... desistir.
- Porque ficou tão cheia de esperança de repente? O que está pensando de verdade?
Não respondo nada.
- Não tem para onde fugir, não é?
Quase imperceptivelmente, faço que não com a cabeça.
- O mundo inteiro... você acha que está todo morto? Todo dominado? — Ela me pergunta triste.
- Acho. — Respondo.
- Como pode saber isso?
- Não sei. Mas... sinto isso. — Respondo quase que sussurrando.
Ela respira e solta longamente o ar, olhando para os aviões de brinquedo pendurados acima da gente.
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Minha Namorada é uma Zumbi
Fanfiction(CONCLUÍDA) Em um mundo pós-apocalíptico, a zumbi Lisa Manoban acaba se apaixonando pela humana Jennie Kim. No meio de tantas aventuras será que Jennie estaria nutrindo também um sentimento pela zumbi? Adaptação do livro "Sangue Quente", portanto to...