ºCapítulo 2º

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"Bem-vindo ao quarto do pânico
Onde todos os seus medos mais sombrios vão
Vir até você, vir até você
Bem-vindo ao quarto do pânico
Você saberá que eu não estava brincando
Quando você os ver também, os ver também"
                          - Panic Room, Au/Ra


    No dia seguinte ao treino com Minho eu ajudo Gally com a construção em que ele está trabalhando.

    — Essa será a sede algum dia. — ele disse, se referindo ao que construímos.

    — Tenho certeza que vai ficar incrível. — o garoto dá um pequeno sorriso, logo o escondendo.

    Passamos um tempo cortando madeira, fazendo as colunas e reforçando as paredes, avançamos muito para um dia.

    O sol já está se pondo e as grandes portas do labirinto se fecham novamente quando vamos jantar.

    — Como você consegue ser boa em tudo? — Gally pergunta, parecendo um pouco indignado.

    — Eu não sou boa em tudo Gally. — respondo.

    — Tudo que você fez até agora na Clareira você fez bem, então você é boa em tudo! — ele disse, com a intenção de reforçar seu ponto.

    — Ninguém é bom em tudo. — foi minha resposta, mas ele não me pareceu convencido.

    Eu precisava de um banho, os garotos me mostraram um tipo de banheiro que havia ali.

    Me limpei e fomos para a tenda.

    Já tinham se passado algumas horas, talvez duas ou três mas ainda não tinha conseguido dormir, pelo jeito não só eu pois, nesse instante Newt se senta em sua rede.

    — Também não consegue dormir? — sussurrei.

    Ele não respondeu, estranhei, foi quando percebi as lágrimas escorrendo pelo rosto do menino.

    Sentei-me em minha rede puxando Newt para um abraço sem falar mais nada, ele correspondeu ao ato fortemente.

    — Ei! Tá tudo bem. — Falei baixo, para que ninguém acordasse, enquanto mexia no cabelo e fazia carinho no braço do garoto.

    — Desculpa… não queria incomodar você. — ele disse, com uma voz trêmula em um tom de partir o coração.

    — Você não está me incomodando Newt, vem comigo! — disse me levantando e indo até a entrada do bosque, o garoto me seguiu. Sentei-me ao pé de uma árvore e fiz sinal para que o mesmo sentasse ao meu lado. — Agora me conta, o que houve? — deitei a cabeça do menino em meu colo e mexi em seu cabelo.

    — Lembra o nome riscado no muro? Do garoto que morreu? — assenti — Naquele dia eu, o Minho e o Theo entramos no labirinto, a gente atrasou pois era minha primeira vez ali dentro e quando chegamos na entrada os muros já estavam fechando, o Minho saiu primeiro e depois fui eu, o Theo segurou no meu braço, ele estava tentando passar comigo, os muros já estavam fechando, se ele não fosse logo, não ia ter tempo de atravessar, mas acho que tropeçou ou algo assim porque ele me soltou, mas eu nem me importei, eu continuei correndo, quando saí, de volta na clareira, as portas fecharam e o Theo ficou lá dentro, no outro dia só achamos a camiseta dele, completamente encharcada de sangue, se eu tivesse olhado para trás, se eu tivesse ajudado, mesmo que não tivesse dado tempo de voltarmos para a clareira. Ele não sobreviveu sozinho, mas talvez nós juntos tivéssemos. Meu amigo morreu e a culpa é minha! Eu tenho crises de pânico e pesadelos desde o acontecido, foi o mesmo hoje, desculpa por ter te incomodado com isso. — ele falava rápido, cada vez mais lágrimas caíam de seus olhos, ele mal estava respirando, tinha que se acalmar.

𝐀 𝐠𝐚𝐫𝐨𝐭𝐚 𝐝𝐨 𝐥𝐚𝐛𝐢𝐫𝐢𝐧𝐭𝐨 - 𝑂 𝑛𝑜𝑠𝑠𝑜 𝑙𝑎𝑏𝑖𝑟𝑖𝑛𝑡𝑜 Onde histórias criam vida. Descubra agora