Na Jaemin

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Eu estava deitado na minha cama, sentindo as pernas doerem da corrida. Não conseguia dormir, mesmo que o Sol já despontasse no horizonte, iluminando o céu. O meu coração ainda estava acelerado depois de toda aquela emoção e já fazia no mínimo umas três horas que eu e Jaemin nos despedimos aqui na frente de casa. Dessa vez, eu só havia permitido que ele me trouxesse em casa, pois era no caminho para a dele.

Jaemin me deu um beijo na bochecha. E eu ainda sentia o local queimar, a sensação fantasma de seus lábios ali.

Esse foi um dos motivos da minha insônia. O principal deles. Quer dizer, isso era completamente normal entre amigos, não é? Bora sempre me dava beijos e abraços, mas ela era a minha irmã mais velha. A professora Kim, claro, nunca fez isso. Ela me dava afeto através de conselhos e, às vezes, uma xícara de café quando eu dormia pouco à noite. Ela parecia mais a minha mãe do que a minha própria mãe, às vezes.

Eu não sabia responder se era normal ou não, mas decidi não refletir tanto, pois eu não me importava se Jaemin continuasse me beijando — na bochecha, ok? Foi depois dessa conclusão, que eu jamais diria a Jaemin, que desperdicei mais uma hora pensando sobre a sensação dos lábios dele na minha bochecha e as nossas mãos dadas e o carinho que ele deixou ali. Peguei-me pensando que não me incomodava com ele me beijando, assim como segurando as minhas mãos.

O meu eu do passado me acharia uma piada. Um otário. Se me dissessem naquela época que eu estaria pensando algo assim de Jaemin e invadisse a escola com ele, eu simplesmente riria e mandaria a pessoa se foder.

A questão da invasão era outro motivo que me preocupava. Estava muito escuro e o guarda estava bem longe quando fugimos, então eu acreditava que ele não tinha conseguido ver os nossos rostos. Ainda assim, eu não podia ficar tão relaxado. Havia uma chance de eu me dar mal por isso. Eu e Jaemin.

Bem, esperava que a sorte estivesse do nosso lado e a gente saísse impune dessa.

(Eu nunca mais vou invadir a escola.)

Fiquei tão perdido em pensamentos que, quando o meu despertador tocou, eu entrei em desespero. Eu não havia dormido nada e era tudo culpa de Jaemin.

Ainda não conseguia acreditar que já era hora de levantar. Eu encarava o meu relógio como se fosse uma assombração.

O sono ainda não tinha vindo, mas eu sabia que durante as aulas eu iria cochilar. Considerei a opção de simplesmente faltar a escola, mentindo para a minha mãe que estava me sentindo mal, mas eu também queria ver Jaemin.

Franzi o cenho. O que diabos havia de errado com o meu cérebro? Estava mesmo abrindo mão do meu sono sagrado por causa dele?

A resposta deveria ser não, mas, quando me dei conta, eu já estava de pé e ia ao banheiro me arrumar para a escola. Deprimente, pensei em frente ao espelho ao contemplar o meu reflexo digno de assustar qualquer um. Voltei a me arrumar, tentando ao máximo disfarçar a minha cara cansada.

— Não dormiu à noite? Você está parecendo um zumbi — a minha mãe fez questão de comentar, mostrando como eu havia falhado em esconder o meu cansaço.

— Um mosquito não me deixou dormir — menti, olhando a hora no relógio e arregalando os olhos. Levantei-me da mesa antes mesmo de sentar direito na cadeira. Eu havia me arrumado muito devagar e agora estava atrasado.

— Não vai tomar café? — a minha mãe perguntou, preocupada, enquanto eu tratava de me apressar.

— Não vai dar tempo. Até mais tarde, mãe! — respondi, correndo em direção à saída.

— Boa aula! — escutei ela dizer antes de eu fechar a porta.

[...]

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