Extra: Sobre Jeno, Bora e a Primeira Visita

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A minha vida não foi tão fácil quanto deveria ser para um garoto de família rica e pai prefeito da cidade, a começar pelo fato de que essa mesma família não era presente. Sempre tinham coisas mais importantes e interessantes a fazer do que dar atenção ao próprio filho. A única exceção era Jaehyun, o meu irmão mais velho.

Ele era o meu porto seguro. Foi quem mais cuidou de mim. Foi quem mais me apoiou e me deu amor incondicional. E eu fazia de tudo para retribuir o seu carinho e preocupação, afinal, era eu e ele contra o mundo. E eu acreditava firmemente que seria assim para sempre.

... Mas esse para sempre durou muito pouco.

Um dia, quando eu cheguei da escola, no meu primeiro ano de ensino médio, eu vi Jaehyun sentado no sofá gigante da sala. Mas ele não estava sozinho. Ao seu lado, havia uma garota que era bonita e fofa ao mesmo tempo.

Assim que me viram, os dois rapidamente se levantaram do sofá e deram as mãos. Eu fiquei confuso e perguntei-me quem diabos era aquela garota, pois o meu irmão jamais havia mencionado alguém como ela. A verdade era que a única pessoa que era amigo dele e eu conhecia era Johnny Suh, um garoto da mesma turma.

Foi nesse fim de tarde que as malditas palavras deixaram a boca de Jaehyun.

— Nana, quero que conheça Lee Bora. Ela é minha namorada — explicou com um sorriso tímido. E o meu mundo desabou.

No início, o choque foi tão grande que eu fiquei inexpressivo. Só olhava para a parede sem piscar.

— Ah, uau — foi a primeira coisa que eu consegui dizer depois de um silêncio tenso e cheio de expectativas. — Parabéns. É um prazer te conhecer, Bora — eu respondi, tentando sorrir educado por ser a primeira namorada do meu irmão. E ela parecia uma boa pessoa. Tentei pensar positivo.

Mas nada foi muito positivo dali em diante.

Bora sorriu feliz pela minha reação receptiva e perguntou se eu não queria provar o seu macarrão especial, que havia feito para jantar. Eu aceitei, ainda me sentindo confuso.

A partir daquele dia, Bora sempre estava lá em casa, o que significava que Jaehyun tinha muito menos tempo para mim. Quase não saíamos mais — ele me chamava às vezes para ir junto com a namorada, mas eu não queria ficar de vela e sentir que estava atrapalhando — e, quando conversávamos, era sempre sobre Bora. Bora, Bora, Bora.

Algo ruim foi se acumulando dentro de mim. Eu estava ficando com raiva. Sentia-me largado de lado, como um brinquedo velho e chato. Sabia que não deveria pensar nisso. Jaehyun ainda era o meu irmão e me amava mais que tudo, mas era inevitável. Ele sempre estava por aí com a namorada e esquecia que tinha um irmão mais novo. Nem mesmo Johnny aparecia muito lá em casa mais.

Eu comecei a evitar Jaehyun, principalmente quando Bora estava por lá. Trancava-me no quarto e tentava não sair enquanto ela não fosse embora. Ainda assim, eu não conseguia odiá-la. Ela estava deixando Jaehyun feliz de uma forma que nunca vi antes.

Eu estava dividido.

Porém, numa noite específica, Jaehyun e Bora estavam enfurnados no quarto do meu irmão, fazendo sabe-se lá o quê e que eu preferia me manter ignorante sobre, quando a campainha tocou. Nesse momento, eu estava na cozinha em busca de algo doce para comer e amenizar aquela irritação idiota e sem fundamento.

Decidi ir atender sem enrolar muito, meio frustrado pelo bolo de chocolate e coco ter acabado. Quando eu abri a porta, senti que o mundo parou e o tempo congelou. Algo no meu peito esquentou e tudo ficou uma bagunça caótica. Eu nem conseguia respirar direito e até mesmo senti as bochechas queimarem.

Sobre Detenções, Campos de Futebol e Na JaeminOnde histórias criam vida. Descubra agora