Virei-me, totalmente desconfortável na minha própria cama. O meu colchão sempre foi o meu refúgio; usava-o para chorar, refletir e procrastinar. Porém, toda a relação de conforto que construímos durante anos foi abalada pelas palavras de Na Jaemin.
Porque eu gosto de você. Porque eu gosto de você. Porque eu gosto de você.
Chutei o ar, com raiva. Enfiei a cara no travesseiro e torci para morrer sufocado ali. Eu estava puto. Completamente puto.
Ok, essa não deve ser a reação esperada de alguém que acabou de receber uma declaração. Mas eu sequer sabia se era de amor ou não! Digo, depois que Jaemin falou a maldita frase, a professora Kim retornou à classe e deu uma bronca em nós dois — eu sequer havia feito algo! — por termos desobedecido as suas ordens. Ou seja, esse acontecimento impossibilitou que o Na me desse maiores esclarecimentos, então eu acabei tirando as minhas próprias conclusões: ele estava tirando sarro de mim.
Essa era a única explicação plausível! Para gostar de mim (romanticamente falando), ele deveria ao menos me conhecer, correto? E nós sequer éramos próximos, o que implicava que ele não sabia nada sobre mim, logo, não podia estar apaixonado. Ou, se fosse por causa da beleza — o que eu duvido, afinal, eu sou bem medíocre e ele com certeza conseguiria alguém mais bonito —, então não era paixão; tratava-se apenas de uma simples atração. Agora, se fosse no âmbito de amizade, ele era um masoquista sem amor próprio (essas características também são válidas se ele gostasse de mim romanticamente), porque o que eu mais fazia era tratá-lo com indiferença e descaso, ou seja, estávamos longe de sermos amigos.
Conclusão: o "gostar" não podia ser nenhuma dessas duas opções, então a única explicação aceitável era que ele estava me zoando.
Eu tinha que ser muito azarado para que a primeira confissão que recebia na vida fosse uma brincadeira de mau gosto... E ainda por cima vinda de Jaemin.
Por que o universo me odiava tanto?
Mantive a cara contra o travesseiro, já sem saber o rumo que a minha vida estava tomando. Tudo estava um completo caos.
Eu estava tão distraído na minha autotortura que sequer dei importância a um estalo que parecia vir da minha janela. Só fui ir atrás para descobrir do que se tratava quando já passava do quinto ruído seguido.
Assim que escancarei a janela, quase recebi uma pedrada na cara. Eu só me safei graças ao meu ótimo reflexo.
Olhei para baixo, completamente puto, tentando descobrir quem era o maluco que estava tacando coisas na minha janela e quase me apedrejou. E, claro, claro, que tinha que ser Na Jaemin.
Qual é o problema dele? E como ele sabe onde eu moro?
A minha primeira reação foi xingá-lo, em seguida mostrando o dedo do meio e tornando a fechar a janela, contudo, ele gritou um "Espera!". Fiquei com medo de minha mãe vir ao meu quarto, querendo saber o motivo da gritaria, afinal, já era tarde da noite; então retornei ao parapeito, apoiando os braços ali, na esperança de que ele dissesse o que quer que fosse e desse o fora logo.
— O que foi? Vai me pedir para jogar os meus cabelos para que você possa subir? — debochei, nada contente.
Jaemin, inusitadamente, achou graça.
— Desce aí.
Franzi a testa. Ele quase me apedrejou, eu o mandei ir para a puta que pariu e ainda debochei de sua cara, e ele simplesmente diz "desce aí"? Ok, Jaemin, além de idiota, era maluco.
— O quê? Claro que não! Vá embora logo! — mandei.
Como eu estava no segundo andar, nós precisávamos nos comunicar com um tom de voz um pouco elevado, o que me preocupava, já que a minha mãe podia aparecer ali a qualquer momento, querendo saber o que estava acontecendo, além da possibilidade dos vizinhos reclamarem. Como eu já disse, era bem tarde; por volta das 23h, quase meia-noite.
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Sobre Detenções, Campos de Futebol e Na Jaemin
RomanceViver em uma cidade pequena significa que, qualquer coisa que você fizer, literalmente todo mundo saberá e você acaba se tornando o centro das atenções. E comigo não seria diferente, afinal, não havia como a notícia da briga entre mim, um zé ninguém...