Feliz dia chuvoso

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Chovia, e como chovia. O sábado era um dia abençoado, começava pelo fato de não existir despertadores e nem a obrigação de levantar as 6:00 da manhã. Mas era um sábado muito chuvoso, somado do frio trazia uma sensação de que era impossível levantar da cama. Olho meu celular, já são 9:00, preciso fazer alguma para aproveitar o final de semana, talvez assistir algum filme ou série. Ou dormir o dia todo. Decido me levantar e descer para ver como estão as coisas lá em baixo, já nas escadas posso sentir o cheiro de pão quente e o agradável aroma do café da mamãe, ela realmente faz de tudo por nossa família.

- cadê o papai? - pergunto

- foi trabalhar - responde enquanto tira o avental

- no sábado?

- horas extras querida, sabe que a situação esta meio apertada

- eu sei. Mas que azar, logo num dia chuvoso como esse - olho pela janela e observo as gotas apostando corrida ate o final do vidro

- a vida não é fácil meu bem, temos sorte de ter um homem tão esforçado, não é mesmo? - mamãe sorri e serve um pão e uma xicara de café

- com certeza, a senhora também é muito esforçada mamãe - pego o xicara e a agradeço

- obrigada xuxu

As vezes pensava que poderia morar com meus pais para sempre. Mas sabemos que não podemos.

Dou aquela boa e velha fuçada nas redes sociais. Ravi havia postado uma foto de uma bola de basquete nova, era de fato muito bonita. Resolvo vasculhar ou como os jovens usam hoje em dia: "stalkear". Não achei nada muito antigo do Ravi, nada mais que 2 anos atrás, tentei procurar algum perfil antigo mas também não obtive sucesso. E o aluno novo? Talvez pudesse descobrir alguma coisa dele. Parece coisa de gente enxerida, mas quem não nunca fez isso que atire a primeira pedra. Nada. Absolutamente nada sobre o Vincent na internet, o que de fato era bizarro. Mas só com o primeiro nome também não é tão fácil assim. E se ontem ele estivesse dando em cima de mim? Nunca passei por isso então não faço ideia de como saber, principalmente porque pessoas tendem a ser confusas boa parte do tempo. Mas por que ele se sentaria novamente na minha frente? Por que se levantaria logo depois como se nada tivesse acontecido? Talvez só devesse esquecer tudo isso, era algo ilusório demais. Afinal, por que alguém se apaixonaria por uma garota como eu? Eu sou tão... comum. 1,65cm, 66kg (talvez um pouco acima do peso) cabelos pretos e cacheados até a cintura, olhos castanhos claros, herdados da mamãe, cor de pele branca. Com certeza existe pessoas mais interessantes do que eu, com a tela do celular apagada fico olhando meu reflexo. As vezes não sei se gosto do que vejo. As vezes as outras pessoas parecem perfeitas, cheias de talento, elas são inalcançáveis. Chega de internet por hora. Passo algumas horar assistindo minha série favorita, era sobre investigação e tramas muito bem desenvolvidas, chegava dar um nó na nossa mente. Meu braço estava ficando dormente se segurar o celular na mesma posição

Ouço barulho de um carro chegando, é o papai, ele voltou para o almoço.

- olá querida - diz ele entrando apressadamente pela porta para se livrar da chuva

- oi papai, como foi o serviço? - pergunto

- bem querida, foi tudo bem - fala enquanto tira o casaco molhado

- olá querido, o almoço está quase pronto. Está com pressa? - mamãe fala da cozinha

- creio que não será necessário voltar ao escritório hoje - conclui ele ajeitando o óculos

Meu pai se senta no sofá e liga o noticiário, começo a me espreitar rumo ao meu quarto, mas antes disso ele me chama. Infelizmente não tem como fugir

As três faces do invisívelOnde histórias criam vida. Descubra agora