Eu & Eles

I. Eles

ATENÇÃO

Essa história contém gatilhos de transtornos alimentares, depressão, ansiedade, problemas familiares e tentativa de suicídio. Caso se identifique com algum dos sintomas apresentados, por favor, procure ajuda profissional! E lembre-se: você não está sozinho nessa luta.

E um agradecimento mais que especial à Day. Por aguentar meus surtos e por criar a playlist perfeita antes mesmo dessa fic ser escrita. Essa história é pra você, pads.

Espero que gostem. Aproveitem:

1978

O barulho da descarga ecoava pelo banheiro do vestiário, vazio àquela hora da manhã.

Os azulejos que uma vez foram brancos, estavam meio amarelados e tornavam o ambiente mais frio ainda. Séculos de jogadores de quadribol faziam o ambiente ter um cheiro permanente de suor e couro amaciado dos protetores que usavam.

O dia nem havia amanhecido e James já tinha ido ao campo de Quadribol treinar até seu corpo chegar ao limite e ele mal conseguir chegar até a cabine, se ajoelhando para vomitar no vaso.

Sua mão estava um pouco trêmula enquanto limpava a baba e tentava se levantar. Aquilo era bom. Sinal que havia se exercitado direito, que havia forçado tanto seus músculos que agora eles tremiam e sentia aquela letargia característica fazendo seu corpo se curvar involuntariamente para frente.

Queria dizer que ele havia queimado cada maldita caloria consumida no jantar da noite anterior. Geralmente ele não precisava acordar tão cedo e treinar tão intensamente, meia hora antes do café bastava. Mas não aquele dia; naquele em específico precisava fazer seu corpo chegar ao limite para que sua mente o deixasse em

paz.

Era só despistar seus amigos depois do jantar e fugir para o banheiro abandonado do quinto andar. Ninguém gostava de ir lá, então era perfeito. Não era sempre que ele precisava, claro.

Não era todos os dias que ele se descontrolava, que a ansiedade falava mais alto, que o vazio dentro de si parecia tão grande e tão.... voraz.

Mas ontem..., ontem foi como um soco na sua cara, lembrando-o como era esquisito. Errado. Imoral.

Na aula de poções do dia anterior, a sala característica com a luz baixa e o calor latente vinda da evaporação dos líquidos dispersos nos caldeirões faziam o ar se tornar pesado e dava ao ambiente um aspecto pesado; os alunos se concentravam nas instruções do mestre de poções, mas claro que não eles; James, Sirius e Remus estavam implicando com o Snape Seboso como sempre. Remus estava sabotando os ingredientes dele, enquanto Sirius controlava o fogo do caldeirão de longe, para nunca estar na temperatura certa.

E James distraía o professor com dúvidas atrás de dúvidas, uma mais sem pé nem cabeça que a outra. A aula já estava no fim e Snape bufava de raiva, não entendia o que tinha de errado com a poção dele! Ele era a porcaria do Príncipe Mestiço, um verdadeiro prodígio em poções!

Os Marotos tentavam segurar o riso, manter a pose, mas com o sinal prestes a tocar, não conseguiram se conter. Não quando Six se descontrolou e fez o fogo ficar tão alto que o caldeirão explodiu, enchendo a aula com uma fumaça vermelha.

E entre a confusão dos alunos tentando sair, eles rindo e o professor tentando entender o que aconteceu, os três tropeçaram e acabaram embolados no chão.

E tinha sido aquilo que deixara James tão perturbado.

Ele olhou para um lado e tinha Sirius enterrado no seu pescoço, roxo de tanto rir. E do outro, ele conseguia encarar o pomo de adão de Remus, que gargalhava tanto. E ele ria junto com eles, e eles eram seus melhores amigos e—