II. Sem Mim

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ATENÇÃO

Essa história contém gatilhos de transtornos alimentares, depressão, ansiedade, problemas familiares e tentativa de suicídio. Caso se identifique com algum dos sintomas apresentados, por favor, procure ajuda profissional! E lembre-se: você não está sozinho nessa luta.

1978

A segunda-feira pós jogo amanheceu com um céu sem nuvens, mas que iam chegando conforme James suava mais e mais em campo.

Vinte e cinco, vinte e seis, vinte e sete...

Era a terceira série de cinquenta flexões e seu suor já pingava no gramado, sua respiração saía como um vapor, quente contra o tempo ainda frio.

Ele estava forçando um pouco mais seu corpo que o de costume, para que seus músculos rasgassem e doessem e o fizessem esquecer. Para que a imagem de Sirius e Remus deitados juntos na cama do Black sumisse da sua mente.

Para que ele parasse de repassar o quanto eles pareciam tão tranquilos nos braços um do outro, como Remus apertava Pads tão protetoramente, o quanto aquela cena gritava, urrava e transpirava amor.

Amor esse que jamais seria direcionado a ele.

Claro, ele sabia que os amigos o amavam. A amizade deles era incontestável. Eles eram os Marotos e seriam até o fim.

Mas ele não podia deixar de querer mais.

Sábado, na festa de comemoração do jogo, ele bebeu até desmaiar no sofá da comunal, tendo o olhar doloroso de Lilly Evans sobre si antes de apagar completamente.

A ruiva — por Merlin ele lhe compraria todos os chocolates do mundo na próxima ida a Hogsmeade — tinha dito que precisava muito de ajuda em feitiços e o arrastou para a biblioteca praticamente o dia todo no domingo.

E ele ficou tão pateticamente agradecido. Por não precisar ficar muito tempo com Remus e Sirius, por poder ter um tempo para processar aquilo, para que pudesse juntar seu coração em pedaços e deixá-lo o mais apresentável possível.

Ele e Lilly de fato estudaram Feitiços por um tempo, mas depois ficaram apenas conversando sobre coisas aleatórias. E foi muito bom descobrir que tinham bastante coisa em comum, até.

Feitiços era a matéria preferida dos dois — o que só mostrava ainda mais a intenção dela de ajudá-lo—, eles amavam os docinhos de Menta da Dedos de Mel, iam ao mesmo café na Londres Trouxa, compartilham opiniões parecidas sobre a política do Mundo Bruxo...

James se perguntava como eles não tinham se aproximado antes.

Quarenta e oito, quarenta e nove, cinquenta.

O moreno levanta, jogando a cabeça para trás e respirando profundamente o ar frio da manhã. Sua visão estava borrada, pois ele não usava óculos enquanto praticava exercícios. Embaçava sempre, era uma porcaria. O irritava.

Pegando a varinha e fazendo um breve feitiço de tempo, ele vê que todos já deviam estar acordando.

Ele queria simplesmente ir tomar um banho demorado no vestiário, chegar apenas para o café da manhã, mas tinha prometido a eles.

Ah sim. Ele realmente conseguiu passar boa parte do dia anterior longe, mas eles ainda dividem dormitório, então quando chegou no quarto à noite, seus amigos o olharam ansiosos.

Eles não tinham conversado ainda. E pelo visto o tempo de James tinha acabado, não tinha muito para onde fugir.

— Então, vocês se resolveram. — ele tinha começado, indo até seu malão e fingindo que tinha algo muito interessante lá, apenas para não ter que encarar os dois.

Eu & ElesOnde histórias criam vida. Descubra agora