23 - Superficial

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Quando abri os olhos, o carro estava parado. Luzes brilhantes me fizeram piscar algumas vezes. Endireitei as costas e me espreguicei.

Sana pigarreou.

- Acordou.

- Cadê a Mina?

Ela apontou para a janela, e vi Mina e Momo em pé ao lado de uma bomba de combustível.

- Ah. Combustível. - Alcancei minha bolsa no chão para pegar a carteira. Tirei dela uma nota de vinte mil won e as enfiei no porta-copos no console.

Sana olhou para o dinheiro por um instante e disse: - Vou falar uma coisa, e só vou falar porque estou com pena de você depois do que aconteceu hoje, mas também porque é verdade.

- Tudo bem. - Eu disse e me coloquei em estado de alerta. Não era o tipo de declaração que resultava em algo bom de ouvir.

- Você disse que estava chateada porque era aquela pessoa, o tipo que seu irmão criticou naquele filme idiota.

- Sim.

- E é verdade. Você era aquela pessoa.

- Obrigada, Sana.

- Eu disse "era". Não é mais.

Entendi o que ela estava tentando dizer, e percebi que sua intenção era me animar, mas eu sabia que não era bem assim. Eu não era menos superficial hoje do que seis meses atrás, quando meu irmão me filmou.

Ela deve ter sentido que eu não acreditava nisso, porque continuou: - Ultimamente, você parece estar se esforçando para melhorar. Me cumprimentou no colégio na frente das suas amigas. Ajudou minha irmã com a Nayeon. E nós estamos juntas há oito horas e eu ainda não quis te estrangular. Isso deve significar alguma coisa.

Eu ri. A relação das minhas supostas boas ações era muito curta.

Mina se sentou diante do volante e os olhos dela encontraram os meus.

- Tudo bem?

- Sim. - Era a terceira vez que eu repetia isso, e a terceira vez que mentia. Apontei para o porta-copos. - Obrigada.

Ela olhou para o dinheiro.

- Pra que isso?

Forcei um sorriso.

- Pela diversão.

Momo e Mina sorriram, mas também parecia forçado.

Meu telefone tocou e eu me assustei, lembrando no mesmo instante que não tinha ligado para minha mãe quando entrei no carro, como prometi. Atendi imediatamente.

- Desculpa, mãe. Estou voltando pra casa. Falta uma hora de viagem, mais ou menos.

- Fiquei preocupada.

- Eu sei, desculpa. Esqueci de ligar.

- Pensei que tinha ido comemorar com o seu irmão depois da cerimônia. Como você não ligou, eu liguei para ele.

- Você ligou? - Eu gemi. - O que ele disse?

- Ele não atendeu, mas deixei um recado na caixa postal. Deve estar ocupado.

- É, deve ter saído com os amigos, alguma coisa assim. Que recado você deixou?

- Só perguntei se você estava com ele, porque não tinha telefonado, apesar de ter prometido que faria isso.

- Desculpa. - Repeti, mas só conseguia pensar que o meu irmão agora sabia que eu havia estado lá. Quanto tempo ele demoraria para ouvir o recado? E o que ele diria quando telefonasse para mim? - A gente se vê daqui a pouco.

Girlfriend • michaengOnde histórias criam vida. Descubra agora