Reino Blue Sea

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BLUE SEA

A MENSAGEIRA DOS DEUSES


Os corredores gelados e escuros do castelo da família real de Blue Sea estavam silenciosos. A noite havia caído há pouco tempo e após o jantar ser servido no grande salão de banquetes, os criados haviam se retirado, deixando apenas a família real fora de seus aposentos.

Margot, atual rainha consorte do reino ainda estava bem acordada. Não conseguia dormir a algumas noites, desde que dera a luz ao príncipe herdeiro, Marvin. E depois que recebera a visita do Deus patrono do reino, sentia-se angustiada demais para fechar os olhos.

Nunca concordou com a decisão de seu marido, o rei Charles e da rainha viúva, Dianna, de casar Darya com o rei de Gold Moon. Em sua adolescência, Margot havia transitado diversas vezes entre os reinos, em especial, o que sua cunhada agora reinava.

Sabia que os rumores que haviam do rei era verdadeiros, já havia visto a falecida rainha de perto e não gostou de como se portava ao lado do marido. Alguns anos mais tarde, quando já estava casada com Charles, o rei viera para Blue Sea e só saiu quando casou-se com Darya.

— Querida? — Ouviu a voz rouca de sono de Charles soar pelo grande cômodo. — O que faz acordada? — O homem questionou.

— Não consigo dormir. — Disse, sem desviar os olhos do mar. — O mar está agitado. — Informou ao marido, que se levantou rapidamente da grande cama de casal e se aproximou da esposa na grande janela.

— Da ultima vez que o vi dessa forma, foi no casamento de Darya. — Charles murmurou, parando ao lado da esposa, os olhos fixos no mar.

Margot assentiu, sentindo seu coração acelerar. Sabia que era outro sinal dos Deuses, mais especificamente de Poseidon e queria alertar ao marido. Não aguentava mais os pesadelos, as noites sem dormir e principalmente a angustia que a atormentava dia e noite.

— Envie um mensageiro para Gold Moon. — Pediu ao marido. — Peça para que os guardas que acompanharam sua irmã a proteja e se for necessário, a tire de lá. — Virou a cabeça para poder olhar o marido.

— Margot, por que me pedes isso? — Charles franziu o cenho, confuso com o pedido da esposa.

Sabia que a mulher não tinha grande simpatia por Joshua, e nem mesmo ficara satisfeita com o casamento de Darya, mas Margot nunca havia se colocado contra o casamento abertamente.

— Você tem ignorado os sinais há muito tempo, Charles. — Margot informou ao homem. — Darya pediu para que você não a entregasse a Joshua, mas o fez mesmo assim. O próprio Poseidon o avisou de que não deveria abençoar o casamento, mas o fez mesmo assim. É sua ultima chance de finalmente fazer o certo. Tire Darya de Gold Moon, não é um pedido, é uma ordem. — A mulher disse por fim, afastando-se do marido.

Charles olhou a mulher se afastar, o choque enfeitando suas feições. Conhecia Margot desde que eram crianças, ela era filha de nobres que estavam constantemente no palácio. Não foi surpresa para ninguém quando anunciou que iria casar-se com ela, seus pais aprovaram o casamento. A esposa era uma pessoa calma, que raramente ia contra suas decisões em público ou que usava de seu poder real para ordenar alguma coisa. Voltou a olhar para o mar, que continuava agitado e engoliu em seco, decidindo que obedeceria a mulher.

Margot andava pelos corredores em passos apressados, o rosto com uma expressão em branco. Odiava falar de maneira tão dura com o marido, mas precisava fazê-lo ouvir. A família de seu marido era teimosa demais para verem as consequências dos próprios atos e por esse motivo, colocaram todos eles em um grande perigo.

Ao chegar na porta do quarto de seu filho, adentrou o mais devagar que pode, vendo apenas um candelabro acesso no cômodo. Durante a noite, Marvin ficava aos cuidados de sua ama de leite e de uma criada particular.

A rainha tentava ficar o máximo de tempo com seu filho, mas tinha algumas obrigações reais para cumprir. Após o anúncio de sua gravidez para toda a corte, a rainha viúva Dianna, avó de Charles, decidiu se afastar de suas funções reais para poder passar mais tempo ao lado da esposa de seu neto e mãe de seu bisneto. Com isso, Margot assumiu os deveres da rainha, que passava grande parte do dia tricotando ou lendo na praia.

Se aproximou do berço em silêncio e sorriu, ao olhar o pequeno bebê adormecido, coberto com um grosso lençol de lã. Durante a noite a temperatura caia, graças a proximidade com o mar.

— A mamãe vai proteger você, meu amor. — Sussurrou para o bebê adormecido, acariciando suavemente a bochecha dele.

Temia não por si, mas pelo filho que havia acabado de nascer. Gostava do dom que havia sido dada a si no dia de seu nascimento. Receber mensagens dos deuses através dos sonhos era um dom único, e lembrava-se de seus pais se gabarem de seu talento. Com o passar dos anos, aprendeu que fora abençoada pelos deuses e se sentia especial. Mas no momento, nunca desejou tanto não ter esse dom.

Ver as pessoas que amava morrerem despedaçou seu coração, e rezou para que tal visão não se cumprisse. Faria de tudo para salvar sua família, não importava o preço que precisasse pagar.

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⏰ Last updated: Jun 20, 2021 ⏰

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