13

76 19 13
                                    

Capítulo Décimo Terceiro

      Quase não esteve com Fake naquele sábado.

     Saiu para comprar mais do material que precisava para seu trabalho de restaurador, precisava de mais papel japonês, percalux e percalina e acabou comendo mesmo pela rua. De modo que apenas voltou para casa quase no final da tarde.

    Estranhou quando entrou no apartamento e todas as persianas estavam abaixadas e as luzes apagadas, já ia acender a luz quando Fake chegou sorrateiro por trás e cobriu seus olhos com as mãos, os dedos compridos e macios.

_Fake... Para que isso dessa vez?

_Não reaja... Apenas seja bonzinho e me obedeça, amorzinho.

    Era para ser uma ordem, mas não soava bem assim... Na realidade havia uma certa fragilidade na voz de Fake, que junto ao cheiro gostoso que vinha de seu cabelo perfumado fazia Lian querer agarrá-lo, enchê-lo de beijos tenros e selvagens.

    Mas, Lian resolveu entrar no jogo, largou a sacola com o material que tinha comprado no chão como se desarmasse e riu.

_ O que eu vou ganhar se for bonzinho, hum?

_Por que não deixa eu te guiar?...__ Fake sussurrou. _ Talvez, descubra...

    "Tudo bem..."_ Lian concordou em pensamento, mais uma vez sentiu que estava sendo guiado para o quarto e não devia encontrar outra estante feita com tijolos como surpresa... Quase abriu os olhos quando Fake o empurrou para o futon dobrado em forma de sofá.

_ Abra os olhos apenas quando eu mandar... Entendeu?

    Aquela espera estava deixando Lian doido, não entendeu quando sentiu Fake colocar algo em seu pescoço, o que era aquilo? Um cordão?... Uma coleira de choque?  A excitação se transfigurava num nervosismo angustiante que deixava Lian zonzo diante da expectativa.    

_ Para com isso!... Já chega, Fake!

    Então ouviu acordes de piano vagando no quarto e abriu os olhos.
   Agarrou aquele negócio no seu pescoço movido por um impulso e percebeu que era um tipo de gargantilha punk de couro enquanto seus olhos estavam indubitavelmente presos em Fake.

   A música vinha de um estéreo portátil no cantinho do quarto, a persiana também estava abaixada e havia apenas a luz indireta de uma luminária presa na estante ao passo que a noite caía.

    Nunca tinha visto Fake com aquela roupa, uma blusa branca de manga longa com detalhes em renda nas mangas, caía perfeitamente nele. 

         Contrastando com o negrume de seu cabelo solto, longo e perfumado.   

    As pernas compridas dele envoltas num jeans trabalhado, onde se via um detalhe trançado nas laterais.

   O olhar dele era como uma peça teatral erótica, ele se movia conforme a música e a voz do intérprete preenchiam o quarto...

 ♫ "If you want me to listen whisper
     If you want me to run just walk 
     Wrap your name in lace and leather 
     I can hear you 
     You don't need to talk..." ♫ 

      Não teve dúvidas de que estava sendo agraciado com uma performance à lá Host Club, uma espécie de ensaio sensual apenas para os dois. 
    Os botões da blusa foram desabotoados... Um a um. 
         Até os dedos movendo os botões de suas casas o faziam sedutoramente.
 
                              ♫  "...Let us make thousand mistakes 
                                     Cause we will never learn..." ♫

           E a blusa foi descendo lentamente pelo corpo de Fake enquanto o refrão da canção enchia as paredes, cada cantinho do quarto com palavras que Fake também fazia suas...
  
                   ♫ "... You're my obsession
                     My fetish,my religion 
                     My confusion,my confession 
                    The one I want tonight 
                     You are my obsession 
                    The question and conclusion 
                    You are,you are,you are 
                    My fetish you are..." ♫
    
           A camisa branca com rendas caiu no chão, sua mão desceu por seu próprio ventre numa lenta carícia e desabotoou a própria calça ao passo que seus dedos deslizaram tocando a própria ereção que se insinuava em sua roupa íntima, o elástico de sua cueca se revelava sutilmente e a excitação de Lian atingiu um ponto alto e estridente quando Fake curvou seu corpo para trás caindo de joelhos e engatinhou em sua direção com aquele olhar dócil e excitado de quem pedia silenciosamente para ser tocado, dominado, deixar seu papel cativante para se tornar o cativo.

    O olhar de Lian estava inteiramente em Fake, a música os envolvia, tocou-lhe o cabelo que caía pelos ombros desnudos e Fake subiu por seus joelhos com a entrega evidente no olhar febril, nos lábios suavemente entreabertos que esperavam ser arrebatados sem mais por infindáveis beijos, pela boca atrevida e inquieta de Lian.

    Trocaram olhares confidentes na penumbra, o indicador de Fake correu entre o pescoço e a gargantilha de couro e Lian segurou dominador em sua nuca, antes mesmo de seus lábios se tocarem, suas línguas brincavam se embolando libertinas.

    Seus dedos afundaram no cabelo úmido e macio de Fake e suas bocas se perdiam uma na outra, trocando saliva morna, trocando afagos entre mordidas e estalidos...

   Havia uma declaração de amor em cada pequeno gemido, como se a cada três semanas um se apaixonasse pelo outro de diferentes maneiras.

     De novo e de novo.

             Indefinidamente.

Fake ~ Rainy Night StreetOnde histórias criam vida. Descubra agora